Segundo uma apuração da CNN, uma porcentagem significativa de todos os ativos navais dos EUA implantados globalmente estava localizada no Comando Sul dos EUA Internacional, Caribe, Colômbia, Donald Trump, EUA, Maduro, Trump CNN Brasil
O exército dos EUA tem aumentado de forma constante o número de tropas e ativos navais e aéreos no Caribe nos últimos dois meses, realizando missões de treinamento na costa da Venezuela.
Na ofensiva aos cartéis de drogas da região, os EUA reabriram uma base militar em Porto Rico que havia sido fechada por décadas, além de atacar barcos que supostamente transportavam drogas da Venezuela e Colômbia.
Até terça-feira (21), uma porcentagem significativa de todos os ativos navais dos EUA implantados globalmente estava localizada no Comando Sul dos Estados Unidos.
Isso inclui o Grupo Anfíbio Iwo Jima e a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, totalizando mais de 4.500 fuzileiros e marinheiros, três destróieres lançadores de mísseis guiados, um submarino de ataque, um navio de operações especiais, um cruzador lançador de mísseis guiados e aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon.
Ao mesmo tempo, os EUA enviaram 10 caças F-35 para Porto Rico, que se tornou um centro de operações militares norte-americanas como parte do foco crescente no Caribe.
O exército americano também posicionou pelo menos três drones MQ-9 Reaper na ilha, de acordo com imagens captadas pela Reuters em Aguadilla, Porto Rico.
A Estação Naval Roosevelt Roads, em Porto Rico — uma instalação militar dos EUA que estava fechada desde 2004 — foi reativada, segundo imagens de satélite e fotos tiradas na base.
Pelo menos um AC-130J Ghostrider, um avião fortemente armado capaz de fornecer apoio aéreo a tropas terrestres, foi fotografado equipado com mísseis Hellfire no Aeroporto José Aponte de la Torre, em Porto Rico, usado pela instalação.
Outra imagem, capturada por um fotógrafo local, parece mostrar outro Ghostrider na mesma base. Esse aeroporto tem servido como ponto de apoio para operações militares dos EUA na região nos últimos meses.
Atividade aérea no Caribe
Em uma análise de dados de voos de fontes abertas, a CNN identificou mais de 200 voos militares realizados no Caribe no período de dois meses entre 15 de agosto e 15 de outubro.
As missões foram conduzidas por 83 aeronaves diferentes, incluindo aviões de coleta de inteligência e aviões-tanque usados para reabastecer caças em pleno voo.
Os dados de voo também sugerem que vários ativos de inteligência podem ter sido desviados de operações de vigilância no Leste Europeu para o Caribe.
Desde 22 de agosto, três aeronaves Boeing P-8 Poseidon usadas para coleta de sinais de inteligência cruzaram o Atlântico em direção ao teatro de operações caribenho.
No início de outubro, helicópteros leves de ataque “Little Bird”, identificados primeiro pelo Washington Post, e helicópteros MH-60M Black Hawk também foram vistos realizando operações de treinamento na costa de Trinidad e Tobago.
O Little Bird é um helicóptero altamente especializado, normalmente usado pelas Forças Especiais dos EUA em missões secretas.
Pressão sob o governo venezuelano
A ação levou questionamentos sobre as intenções do governo Trump na região.
A Casa Branca afirmou repetidamente que a presença militar faz parte de uma campanha contra o tráfico de drogas, mas o presidente Donald Trump também teria considerado ataques dentro da própria Venezuela como parte de uma estratégia mais ampla para enfraquecer o líder Nicolás Maduro, segundo informou a CNN.
Especialistas concordam, em geral, que neste momento os EUA não possuem recursos ou tropas suficientes posicionadas para lançar uma incursão capaz de controlar a Venezuela.
“A presença militar no Caribe é grande demais apenas para atingir algumas lanchas rápidas, mas não é grande o bastante para uma invasão da Venezuela”, disse Elliott Abrams, que atuou como enviado dos EUA para a Venezuela durante o primeiro mandato de Trump, à CNN na quinta-feira.
“O que está no meio, eu acho, é uma campanha de pressão, destinada a abalar a Venezuela.”
Os EUA, no entanto, têm agora a capacidade de realizar ataques dentro da Venezuela à distância.
Trump poderia, por exemplo, ordenar ataques com mísseis Tomahawk a partir dos destróieres, cruzador e submarino equipados com mísseis guiados estacionados no Caribe.
“É o suficiente para causar dor, mas não para conquistar território”, disse Peter Singer, estrategista e pesquisador sênior da New America, focado em questões de defesa, à CNN, referindo-se ao acúmulo militar.
“Não estamos falando de uma força de invasão e ocupação”, acrescentou Singer.
Demonstração de força dos EUA
A Venezuela não é uma potência militar, mas é um país vasto, com terreno difícil e variado. A temporada de furacões ainda não terminou, e os EUA não travam uma guerra tropical há duas gerações, observou um ex-funcionário norte-americano com grande experiência na região.
E, neste momento, os EUA não dominam o espaço aéreo venezuelano, acrescentou o ex-oficial. A Venezuela possui sistemas de mísseis antiaéreos S-300, canhões antiaéreos, sistemas portáteis de defesa aérea e caças F-16.
Assim como Abrams, Singer acredita que “neste estágio, trata-se muito mais de enviar sinais e exercer pressão” sobre a Venezuela.
Nesse sentido, os EUA voaram bombardeiros B-52 perto da costa venezuelana por quatro horas na quarta-feira, em uma aparente demonstração de força.
O exército dos EUA também conduziu várias missões de treinamento nessa área nas últimas semanas, incluindo exercícios de tiro real e operações de voo nas águas próximas à Venezuela no início deste mês, além de pelo menos cinco voos de um jato T-38 — usado para treinamento de pilotos — no Caribe desde 22 de setembro, segundo dados de voo de fonte aberta.

