Político chegou a ser preso pela Polícia Federal no ano passado no âmbito de investigação sobre desvio de R$ 36 milhões do fundo partidário Política CNN Brasil
O Ministério Público Eleitoral no Distrito Federal ofereceu denúncia contra Eurípedes Júnior, ex-presidente do Solidariedade e do PROS, por lavagem de dinheiro com base em suposto desvio de R$ 36 milhões do fundo partidário.
“Concluída a fase inquisitorial, ofereceu denúncia em desfavor de 19 (dezenove) pessoas, imputando-lhes a prática de crimes diversos, conforme tipificação individualizada a seguir: Eurípedes Gomes de Macedo Júnior”, aponta o documento sob sigilo enviado à Justiça Eleitoral do DF.
O promotor responsável pela denúncia, Paulo Binicheski, aponta que a investigação da PF (Polícia Federal) relata que o grupo investigado operava mediante três núcleos distintos: familiar, operacional e empresarial de fachada, sendo “todos organizados com funções específicas e permanência temporal”.
Na denúncia de 74 páginas, a promotoria reúne notas fiscais, pagamentos de planos de saúde e endereços de empresas de fachada que teriam sido usadas para lavagem de dinheiro.
“Constatou-se um padrão sistemático de desvio de verbas públicas mediante candidaturas fictícias e prestações de contas eleitorais fraudulentas, com movimentações bancárias incompatíveis com os dados declarados, além da contratação de empresas sem efetiva capacidade operacional, cujos recursos financeiros retornavam, de forma indireta, ao líder da organização”, detalha o documento.
O Ministério Público Eleitoral reforça que os elementos levantados durante a fase investigativa apontam para a possível existência de uma organização criminosa com estrutura hierarquizada e divisão de tarefas, supostamente liderada por Eurípedes Gomes de Macedo Júnior.
“O propósito seria o desvio e a apropriação indevida de recursos públicos oriundos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC)”, diz o MP.
“Para isso, teriam sido utilizadas empresas de fachada, emissão de notas fiscais inidôneas, saques fracionados e movimentações financeiras por meio de pessoas físicas e jurídicas interpostas, seguidas da posterior lavagem dos ativos ilícitos”, ressalta a denúncia.
Essa é a segunda denúncia do MPE-DF contra Eurípedes Júnior. Em junho do ano passado, ele foi denunciado pelos crimes de organização criminosa, apropriação indébita, furto qualificado mediante fraude de recursos do fundo partidário, falsidade ideológica eleitoral, peculato eleitoral por meio de desvio e apropriação de recursos.
Os apontamentos ocorreram na investigação sobre suposto desvio de R$ 36 milhões do fundo partidário para fins pessoais.
Além do político, outras nove pessoas ligadas ao dirigente partidário também foram denunciadas no episódio.
Duas semanas antes, a PF foi às ruas com mandado de prisão contra Eurípedes Júnior e mais seis pessoas. Ele não foi encontrado e ficou considerado foragido por três dias, até que se entregou à PF, em um sábado, acompanhado do advogado.
A PF conseguiu apreender um helicóptero atribuído ao presidente do partido avaliado em R$ 5 milhões. Segundo a investigação, a aeronave foi comprada com dinheiro público do fundo eleitoral.
Após a operação, ele deixou a presidência do partido.
A CNN tenta localizar a defesa do político. O espaço está aberto para manifestações.