Movimento raro do CEO surpreende mercado e é visto como voto de confiança na empresa, impulsionando ações da montadora Negócios, -traducao-ia-, CNN Brasil Money, Elon Musk, estilo-cnn-money, Tesla, Wall Street CNN Brasil
Elon Musk acaba de gastar US$ 1 bilhão de seu próprio bolso para comprar ações adicionais da Tesla, dando às ações, antes arrasadas, o voto de confiança necessário para completar a recuperação e retornar ao campo positivo neste ano.
A compra, realizada na sexta-feira (12) e divulgada em um documento nesta segunda (15) representa uma ação rara — por parte de Musk ou de qualquer outro CEO. Poucos líderes empresariais usam seu próprio dinheiro para comprar ações de suas empresas sem exercer opções, o que lhes permite comprar ações por uma fração do preço de mercado.
A notícia elevou as ações da Tesla (TSLA) em 7% na abertura do mercado na segunda-feira. Embora não tenha sustentado os ganhos iniciais, fechou o dia com alta de quase 4%. Isso foi suficiente para compensar as perdas restantes das ações da Tesla no ano, que chegaram a cair 42% em relação ao final de 2024.
“É um enorme voto de confiança de Musk e os otimistas adoram ver isso”, disse Dan Ives, analista de tecnologia da Wedbush Securities e um dos maiores fãs da Tesla em Wall Street. “Isso envia um sinal positivo após um ano muito tumultuado para Musk e os acionistas da Tesla.”
O fato de Musk ter conseguido comprar US$ 1 bilhão em ações, principalmente como um gesto simbólico, é mais um indicativo de sua enorme riqueza.
O custo é acessível para a pessoa mais rica do planeta. De fato, a valorização das ações na segunda-feira adicionou cerca de US$ 5,8 bilhões ao seu patrimônio líquido, mais do que cobrindo o custo.
Um ano de montanha-russa para as ações da Tesla
As ações da Tesla quase dobraram após a eleição de Donald Trump, em 2024, com os investidores apostando que os laços estreitos de Musk com o então presidente eleito ajudariam as perspectivas financeiras da empresa, particularmente seus planos de se concentrar em carros autônomos e desenvolver uma frota de robotaxis.
Mas, após atingir um recorde em meados de dezembro, as ações começaram a cair acentuadamente.
À medida que Musk se tornava ativo na gestão do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) do governo Trump, a empresa começou a enfrentar reações contrárias daqueles que se opunham a Trump e sua agenda.
A Tesla registrou as maiores quedas de vendas da história no primeiro e segundo trimestres, e os lucros despencaram junto com isso.
Além de qualquer reação política que prejudique as vendas, a empresa também enfrenta uma concorrência cada vez maior com os veículos elétricos de outras montadoras, especialmente na China. A montadora chinesa BYD deve eclipsar a Tesla como a maior fabricante mundial de veículos elétricos, apesar de seus carros não estarem disponíveis no mercado americano.
A Tesla e outras montadoras enfrentam o fim de um crédito tributário de US$ 7,5 mil para compradores de veículos elétricos nos EUA no final deste mês. Embora se espere que isso impulsione as vendas da Tesla no terceiro trimestre, a empresa de veículos elétricos provavelmente verá uma queda acentuada no restante do ano.
E Musk teve um desentendimento com Trump quando ele deixou seu cargo no governo e retornou à Tesla.
No entanto, as ações da Tesla subiram desde as mínimas do início deste ano. Musk e os fãs da Tesla em Wall Street enfatizam que o valor futuro da empresa está atrelado à sua tecnologia de direção autônoma e aos planos de robotáxi.
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Pacote salarial pode valer US$ 1 trilhão
Na semana passada, a Tesla propôs um novo pacote salarial para Musk, que poderia lhe conceder opções de ações adicionais que poderiam valer US$ 1 trilhão caso a Tesla atingisse determinados marcos de vendas e avaliação.
No entanto, Musk não receberá ações adicionais nem renda da Tesla, a menos que suas ações aumentem em mais de 50%, atingindo um valor de mercado de US$ 2 trilhões.
Atualmente, o valor de mercado é de US$ 1,3 trilhão. Na semana passada, as ações da Tesla subiram 13% após a divulgação do pacote salarial.
O conselho da Tesla, em sua declaração de procuração na semana passada, falou sobre a importância de manter Musk focado na Tesla no futuro.
Ele também é CEO de várias outras empresas, incluindo a empresa de foguetes SpaceX e a empresa de inteligência artificial xAI, dona da plataforma de mídia social X, que ele comprou por US$ 44 bilhões em 2022.
Além de seus muitos interesses comerciais, Musk continua ativo na política, apesar de sua desavença com Trump. Ele anunciou planos para formar um terceiro partido político, mas os detalhes permanecem obscuros.
Musk continua a ser alvo de muitas críticas não apenas por suas posições políticas e postagens polêmicas nas redes sociais, mas também por sua enorme riqueza e pela influência que ela lhe trouxe.
O Papa Leão XIV, em sua primeira entrevista extensa desde que se tornou o primeiro pontífice americano, citou a alta remuneração dos CEOs, especialmente de Musk e seu pacote salarial proposto, como um sinal da desigualdade de renda que, segundo ele, está por trás da polarização da sociedade.
“O que isso significa e do que se trata? Se essa é a única coisa que ainda tem valor, então estamos em apuros”, disse ele em entrevista no domingo a Elise Allen, correspondente sênior do site de notícias católico Crux.
A compra de ações na segunda-feira trouxe mais 2,6 milhões de papéis da Tesla para o portfólio de Musk. Mas isso mal aumentou sua participação na empresa — suas ações aumentaram menos de 1%.
Musk já comprou blocos de papéis da Tesla no mercado aberto no passado, mas a maior parte veio do exercício de suas opções de ações que recebeu como compensação. Os 413 milhões de ações da Tesla que ele agora possui representam 12,8% do total da empresa.
Mas Musk disse que quer controlar pelo menos 25% da empresa. Ele ameaçou transferir alguns de seus esforços de IA da Tesla para a xAI sem maior controle.
“Não me sinto confortável em transformar a Tesla em líder em IA e robótica sem ter cerca de 25% do controle acionário. O suficiente para ser influente, mas não tanto que não possa ser derrubado”, escreveu Musk em uma publicação no X em janeiro de 2024. “A menos que seja esse o caso, eu preferiria desenvolver produtos fora da Tesla.”
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