Na JOTA Principal de hoje, aprofundamos a discussão sobre as alternativas para as medidas do IOF, que devem ser apresentadas já nesta terça-feira.
No cenário internacional, Elon Musk se despede no Salão Oval.
Boa leitura!
1. O ponto central: o IOF e as ‘reformas estruturantes’
A reunião para decidir alternativas ao aumento do IOF seguiu noite adentro, e uma solução parcial de curto prazo deve sair ainda nesta terça-feira (3), antes de Lula embarcar à França.
Já as “reformas estruturantes” que Haddad citou pela manhã são problema para um segundo momento.
Pela frente: Além das fontes de receita mais imediatas, como os royalties do petróleo e a taxação de casas de apostas que citamos na edição de segunda-feira (2), a fala do ministro aponta para temas que dormitam no Legislativo.
- “Distorções do sistema financeiro”: discussões sobre a CSLL e o JCP estão no escopo da reforma do Imposto de Renda.
- Revisão de benefícios tributários: Haddad defende a pauta desde o início do governo, e Hugo Motta já demonstrou disposição de avançá-la.
- Reforma administrativa e pisos constitucionais: também temas que dependem do Congresso, com a comissão especial que discute a carreira pública e a necessidade de uma PEC para mudar os gastos com saúde e educação.
🗣️ O que estão dizendo:
- “As conversas todas evoluíram e nos deixaram — a nós, da Fazenda — muito confortáveis. Para nós, esse é o jogo que interessa ao país: não simplesmente uma situação paliativa, para resolver um problema de cumprimento de meta do ano, mas voltar a questões estruturais, para dar conforto a qualquer governante, ao presidente Lula no ano que vem, a quem for eleito no ano que vem” — Haddad, em entrevista coletiva.
- “Nós abrimos uma excelente oportunidade de voltar a falar do que importa.”
- Assista à íntegra no YouTube da CNN Brasil.
Sim, mas… Há pressão de deputados do Centrão para que Motta rompa o acordo que fez com o governo para dar a relatoria do projeto da LDO 2026 ao petista Carlos Zarattini, segundo a Folha de S.Paulo (link sem paywall).
2. Poços para que te quero

Em meio à crise do IOF, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, emergiu como um solucionador de problemas para Lula, Marlla Sabino e Larissa Fafá contam no JOTA Pro Energia.
Por que importa: Lula gosta da dedicação de Silveira. Não apenas no trabalho à frente de Minas e Energia, que foca neste ano na redução de tarifa de energia elétrica e em programas sociais de gás, mas também como peça do xadrez político com lealdade ao Planalto.
⚡ Choque de realidade:
- Fontes do governo estimam as soluções que o ministro levou ao presidente com potencial de arrecadação de cerca de R$ 35 bilhões em 2025 e 2026. Mas há divergência sobre esses valores.
- Enquanto interlocutores do Planalto calculam cifras ainda maiores, integrantes da equipe econômica colocam em dúvida a viabilidade de concluir tudo até o fim do ano e não gostariam de vincular essa discussão com a solução para resolver a crise do IOF.
👀 Nos bastidores:
- Em Brasília, se sabe que a relação entre eles é muito forte — e avança as pretensões políticas do ministro. Silveira já disse estar “à disposição” para disputar o governo de Minas Gerais em 2026.
- No Congresso, há quem diga que a fidelidade a Lula se faz necessária porque o ministro não teria mais interlocução ou apoio entre parlamentares. Se existe ainda uma intenção de Davi Alcolumbre em derrubar o ministro, esse trabalho, talvez, tenha ficado um pouco mais difícil.
3. Um banco para chamar de seu

Lideranças do Congresso demonstram interesse em avançar nas indicações a cargos na diretoria executiva do Banco do Brasil, cujos mandatos atuais entram no último mês de vigência, Naira Trindade e Fabio Graner informam no JOTA Pro Poder.
Por que importa: Em janeiro, o Centrão enviou recados a Lula sinalizando o interesse em indicações na cúpula do Banco do Brasil para atender ao Senado. A iniciativa visaria reciprocidade de tratamento nas indicações, já que a Câmara é responsável por apadrinhados na Caixa.
⚡ Choque de realidade: Lula já mostrou resistência de trocar o comando do BB.
Panorama: Até 2 de julho, o comando do banco deve decidir se vai renovar os mandatos por mais um biênio ou se trocará os indicados pela presidente Tarciana Medeiros em 2023 — cujo cargo também é alvo de cobiça, apesar de chances remotas de mudança.
4. 🧟♂️ Solução ‘Frankenstein’

Os votos até agora na ação sobre o Marco Civil da Internet, no STF, apresentam três soluções diferentes. Na volta do pedido de vista, André Mendonça deve apresentar uma quarta alternativa.
Com tantas cartas na mesa, há o perigo de surgir uma solução “Frankenstein” a partir de alterações pontuais pegando trechos de um voto ou outro, mudando uma ou outra interpretação, Flávia Maia analisa no JOTA.
Por que importa: Barroso vai tentar emplacar o seu voto médio — mantendo o artigo 19 e acrescentando responsabilidades às plataformas. Porém, diante de tantos cenários, um novo pedido de vista de algum dos ministros não surpreenderia, o que atrapalharia os planos do ministro para julgar o tema ainda em sua presidência.
Pela frente: Um estudo do think tank Reglab analisa quatro cenários possíveis de aumento da litigância pós-julgamento do Marco Civil, a partir da combinação entre o grau de responsabilização a ser fixado e a velocidade de propagação dos efeitos da decisão. Caso o STF institua um regime de responsabilidade objetiva, algo defendido no voto de Dias Toffoli, o impacto pode ser de até 754 mil novas ações judiciais até 2029.
🗣️ O que estão dizendo:
- “Parece haver uma confusão entre moderação de conteúdo e responsabilidade das plataformas. O julgamento é sobre responsabilidade, mas os votos têm falado muito mais sobre o que vai ser moderado do que sobre como as plataformas serão responsabilizadas.” — Pedro Ramos, diretor do Reglab, em entrevista ao JOTA.
- “Nós apoiamos melhoramentos do artigo 19 com exceções para remoções extrajudiciais em crimes graves como exploração de crianças, terrorismo. Mas não pode ser algo sem ter uma estrutura claramente definida.” — Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, em entrevista ao UOL (link com paywall).
5. Musk de saída

Elon Musk voltou a dar expediente em suas empresas, após uma despedida no Salão Oval e uma entrevista em que admitiu divergências com Donald Trump em temas como vistos a estudantes estrangeiros e a guerra tarifária.
- O empresário apareceu no Salão Oval, nesta segunda (2), com o olho roxo — que, segundo ele, foi resultado de um soco que levou de um de seus filhos.
- No domingo (1º), em entrevista ao CBS Sunday Morning (assista no YouTube), Musk se recusou a responder todas as perguntas sobre o que acha do governo.
O contexto: Na sexta-feira (30), reportagem do New York Times revelou que o uso de drogas por Musk durante a campanha eleitoral foi maior do que se sabia até então (link sem paywall).
O abuso de maconha, cetamina, psilocibina e outras substâncias já havia vindo à tona em outras reportagens e na biografia lançada no ano passado. Desde então, é um tema que retorna como questionamento à capacidade de Musk de gerir suas empresas.
Por que importa: Enquanto o empresário se dedicava ao serviço público, sua relação com Trump foi criticada pelos inúmeros conflitos de interesse, já que Musk mantém contratos com o governo dos Estados Unidos e tem interesses também em outros países.
Sim, mas… A crítica pelo uso de substâncias vai além. O jornal levanta reflexões sobre a capacidade de Musk em focar, de fato, no trabalho como CEO de suas empresas.
- Um bom exemplo é a Tesla, que vem perdendo espaço para a BYD, empresa chinesa já bem conhecida dos brasileiros.
- Em seu nono teste para chegar à Lua de forma tripulada até 2027, a Starship, da SpaceX, falhou novamente.
⚡ Choque de realidade: Funcionários e ex-funcionários criticam a ausência de Musk e questionam se a proximidade com o governo americano trouxe alguma vantagem no longo prazo aos negócios.
6. Jotinhas: Bolsonaro no STF e mais
- Alexandre de Moraes agendou para a próxima segunda-feira (9) o interrogatório de Jair Bolsonaro e mais sete réus acusados por tentativa de golpe de Estado.
- A Petrobras reduziu o preço da gasolina em 5,6%, ou R$ 0,17 por litro para as distribuidoras. O preço médio passa a ser, então, R$ 2,85 por litro a partir desta terça-feira (3).
- Em entrevista ao JOTA, o desembargador Amarildo Carlos de Lima, presidente do TRT12, defende “legislações mais específicas” para novos tipos de trabalho.
7. É o Brasil na Libertadores

Com o Brasileirão pausado para a Copa do Mundo de Clubes, a maioria dos times brasileiros vai ter tempo de se preparar para o apertado calendário do segundo semestre. Nesta segunda (2), ocorreram os sorteios das oitavas da Libertadores e da Copa do Brasil.
Libertadores:
- Atlético Nacional-COL x São Paulo
- Fortaleza x Vélez-ARG
- Flamengo x Internacional
- Universitario-PER x Palmeiras
- Libertad-PAR x River Plate-ARG
- Cerro Porteño-PAR x Estudiantes-ARG
- Peñarol-URU x Racing-ARG
- LDU-EQU x Botafogo
Copa do Brasil:
- Athletico-PR x São Paulo
- Atlético-MG x Flamengo
- Retrô-PE x Bahia
- Fluminense x Internacional
- CRB x Cruzeiro
- Vasco x CSA
- Palmeiras x Corinthians
- Bragantino x Botafogo
Pela frente: Nas quartas da Libertadores, poderemos assistir a um novo confronto entre brasileiros, caso São Paulo e Botafogo avancem. Flamengo ou Inter só voltam a enfrentar um brasileiro nas semifinais caso o Fortaleza chegue até lá. Já o Palmeiras pode enfrentar o River Plate na próxima rodada. Tudo isso só em agosto.
8. 📸 Despedida: morre Francisco Galeno, 68
Morreu nesta segunda (2) Francisco Galeno, artista piauiense, radicado no Distrito Federal desde os anos 60, um dos mais representativos artistas da nova capital. Foi ele, por exemplo, que pintou o painel da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima (foto), responsável por ocupar um espaço onde antes estavam os afrescos de Alfredo Volpi.