Ex-ajudante de ordens teria usado o Instagram para desabafar durante investigações da PF, período em que estava proibido de usar as redes sociais Política, -agencia-cnn- CNN Brasil
O tenente-coronel Mauro Cid, réu da ação penal do plano de golpe, teria afirmado não ter “apoio nenhum” no âmbito das investigações que apuram uma tentativa de golpe de Estado no país, após as eleições de 2022.
As declarações constam em áudios divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (16), dias após a revista Veja publicar capturas de tela das mensagens trocadas pelo perfil @gabrielar702 no Instagram com um interlocutor não identificado.
O advogado Eduardo Kuntz, que atua na defesa de um dos réus da ação penal do plano de golpe, informou a Moraes ter mantido conversas com Cid pelo Instagram nos primeiros meses de 2024.
As conversas teriam acontecido durante o período em que as investigações conduzidas pela Polícia Federal ainda estavam em curso e em que Cid estava proibido de manter contato ou utilizar as redes sociais para se comunicar.
Em um dos áudios, Cid alega não ter apoio político de parlamentares da direita e cita o senador Rogério Marinho (PL-RN).
“Ah, é porque não tem apoio nenhum, zero, quem vai me apoiar? Rogério Marinho? Não vai. Os deputados e senadores de direita? Não vão me apoiar. E quem vai me apoiar, o povo?”.
O tenente-coronel também citou o projeto de lei da anistia para condenados pelos atos criminosos do 8 de janeiro de 2023.
“Para pra pensar um pouquinho, o presidente [Jair Bolsonaro] colocou mais de um milhão de pessoas na Paulista, o que mudou? Nada, zero. Os ministros falaram que não vai ter anistia, o próprio Rodrigo Pacheco falou que não vai ter anistia, e aí? Nada”.
A defesa de Mauro Cid, delator na ação penal do plano de golpe, alega que as mensagens reveladas pela revista e atribuídas ao militar não são verdadeiras.
No interrogatório a que foi submetido na semana passada no STF, o ex-ajudante de ordens afirmou que não usou redes sociais no período em que estava sob medidas restritivas.
Ao ser questionado pelo advogado Celso Vilardi, que representa Bolsonaro, se fez uso de um perfil no Instagram que não está no nome dele, Cid respondeu desconcertado que “não”. “Todos os meus celulares foram apreendidos”, completou.
Vilardi então pergunta se Cid “conhece um perfil chamado @gabrielar702?”. Cid responde: “Esse perfil, eu não sei se é da minha esposa”.