Governo israelense enfrenta crescente pressão internacional e oposição interna sem precedentes, até mesmo dos próprios líderes de segurança do país Internacional, Benjamin Netanyahu, Cessar-fogo, Faixa de Gaza, Gaza, Hamas, Israel CNN Brasil
O gabinete de segurança de Israel deve se reunir, neste domingo (31), para revisar os planos de tomada do controle da Cidade de Gaza, enquanto o governo enfrenta crescente pressão internacional e oposição interna sem precedentes, até mesmo das próprias autoridades de segurança israelenses.
A revisão é apenas uma atualização formal para todo o gabinete de segurança, visto que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Israel Katz, já aprovaram os planos das FDI (Forças de Defesa de Israel) no início deste mês.
Mas ela ocorre em um momento em que Israel enfrenta algumas semanas cruciais em casa e no exterior.
Junto com a escalada militar planejada, Netanyahu e o gabinete — composto por altos funcionários, incluindo Katz e o ministro da Segurança Nacional de ultradireita, Itamar Ben-Gvir — devem discutir uma ofensiva diplomática em resposta à esperada onda de reconhecimento do Estado palestino na Assembleia Geral da ONU no mês que vem.
Netanyahu está considerando medidas que vão desde a anexação total da Cisjordânia até a anexação parcial de assentamentos selecionados e sanções à Autoridade Palestina, de acordo com duas autoridades israelenses.
Anexar qualquer parte da Cisjordânia ocupada, aplicando a soberania israelense, violaria diversas resoluções do Conselho de Segurança da ONU e provocaria uma enorme reação diplomática. Mas é exatamente o que os parceiros de coalizão de ultradireita de Netanyahu estão exigindo.
Enquanto considera quais medidas tomar na Cisjordânia, o governo israelense está prosseguindo com o ataque militar à Cidade de Gaza, apesar da crescente pressão para seguir uma rota diplomática que encerraria a guerra de quase dois anos.
O Exército israelense realizou ataques intensos dentro e ao redor da Cidade de Gaza nos últimos dias, enquanto se prepara para tomar e ocupar a cidade.
Pelo menos 47 pessoas foram mortas somente na Cidade de Gaza no sábado (30), de acordo com dados de hospitais de Gaza.
O Hamas continua presente em Gaza, apesar de quase dois anos de combates, e um dos últimos ataques de Israel matou o porta-voz do Hamas, Abu Obaida, disse Katz.
“Em breve, à medida que a campanha em Gaza se intensifica, muitos outros de seus parceiros no crime — os assassinos e estupradores do Hamas — se juntarão a ele lá”, acrescentou.
Os ataques também ocorrem em meio a uma crise humanitária cada vez pior no enclave devastado, já que o Ministério da Saúde palestino informou no domingo que mais sete pessoas morreram de desnutrição, elevando o total de mortes por desnutrição para 339.
Cessar-fogo é uma das prioridades de Netanyahu
A oposição mais significativa à tomada da Cidade de Gaza por Israel é o setor de segurança do país, liderado pelo chefe do Estado-Maior das FDI, Eyal Zamir, que alertou Netanyahu e seu gabinete de que a ofensiva na Cidade de Gaza colocará em risco os reféns restantes, arriscará a vida dos soldados e aprofundará a crise humanitária no enclave.
Duas fontes israelenses disseram à CNN que a principal preocupação e foco de Zamir é o destino dos reféns, e espera-se que ele inste o gabinete a discutir as negociações sobre a mais recente proposta de cessar-fogo antes de intensificar a guerra.
As fontes disseram que essa posição também é endossada pela maioria dos chefes de outras agências de segurança.
No início deste mês, o Hamas aceitou a oferta mais recente dos mediadores do Catar e do Egito para um cessar-fogo temporário de 60 dias, durante o qual 10 dos reféns vivos seriam devolvidos em troca da libertação em massa de prisioneiros palestinos.
A oferta se baseia em uma proposta semelhante apresentada pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, em julho, originalmente elaborada em coordenação com Israel.
No entanto, Netanyahu, em coordenação com a Casa Branca, mudou recentemente de estratégia.
Após meses insistindo em negociar apenas estruturas parciais e em fases, ele agora afirma estar disposto a discutir apenas um acordo abrangente que libertaria todos os reféns e encerraria a guerra nos termos e condições israelenses.
Como resultado, Israel ainda não respondeu à aceitação do Hamas da proposta do Catar e do Egito em 18 de agosto.
Segundo duas autoridades israelenses de alto escalão, Netanyahu não pretende abordar as negociações também na reunião de gabinete de hoje, embora a questão possa surgir durante a apresentação sobre a Cidade de Gaza.
O fato de o acordo não estar formalmente na pauta indica a posição que a proposta ocupa na lista de prioridades de Netanyahu.