Premiê é alvo de pressão internacional pelo fim da guerra e interna para a tomada total do território palestino Internacional, Benjamin Netanyahu, Conflito Oriente Médio, Faixa de Gaza, Israel, Palestinos CNN Brasil
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve se reunir com um pequeno grupo de ministros nesta quinta-feira (7) para discutir planos para que os militares assumam o controle de mais território em Gaza, apesar das crescentes críticas internas e externas sobre a guerra de quase dois anos na região.
Netanyahu convocará o gabinete de segurança após uma reunião de três horas esta semana com o chefe das Forças Armadas, que autoridades israelenses descreveram como tensa, afirmando que o chefe militar havia se recusado a expandir a campanha.
Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos israelenses quer que a guerra termine com um acordo que preveja a libertação dos reféns restantes. O governo de Netanyahu insiste na vitória total sobre o grupo militante palestino Hamas, que iniciou a guerra com seu ataque mortal contra Israel em outubro de 2023.
A ideia de forças israelenses invadirem áreas que ainda não controlam no território palestino destruído gerou alarme em Israel. A mãe de um dos reféns pediu nesta quinta-feira que as pessoas fossem às ruas para expressar sua oposição à expansão da campanha.
“Alguém que fala em um acordo abrangente não conquista a Faixa de Gaza e coloca reféns e soldados em perigo”, escreveu Einav Zangauker no X em comentários direcionados a Netanyahu.
O Fórum de Famílias de Reféns, que representa os reféns mantidos em Gaza, instou o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Eyal Zamir, a se opor à expansão da guerra e pediu ao governo que aceite um acordo que ponha fim à guerra e liberte os reféns restantes.
Planos israelenses
O Ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou na quarta-feira (6) que os militares executariam as decisões do governo até que todos os objetivos de guerra fossem alcançados.
Líderes israelenses há muito insistem que o Hamas seja desarmado e não tenha nenhum papel futuro em uma Gaza desmilitarizada, além de que os reféns sejam libertados.
A ONU classificou os relatos sobre uma possível expansão das operações militares israelenses em Gaza como “profundamente alarmantes”, se verdadeiros.
Ainda há 50 reféns presos em Gaza, dos quais autoridades israelenses acreditam que 20 estejam vivos. A maioria dos libertados até o momento ocorreu em decorrência de negociações diplomáticas.
As negociações para um cessar-fogo, que poderiam ter resultado na libertação de alguns reféns, fracassaram em julho.
Um alto funcionário palestino afirmou que o Hamas havia informado a mediadores árabes que um aumento na entrada de ajuda humanitária em Gaza levaria à retomada das negociações de cessar-fogo.
Autoridades israelenses acusam o Hamas de confiscar ajuda para distribuir aos seus combatentes e vendê-la nos mercados de Gaza para financiar suas operações, acusações que o grupo nega.
Vídeos divulgados na semana passada de dois reféns vivos os mostraram extremamente magros e frágeis, gerando condenação internacional.
O Hamas, que governa Gaza há quase duas décadas, mas agora controla apenas partes dela, insiste que qualquer acordo deve levar ao fim permanente da guerra. Israel afirma que o grupo não tem intenção de cumprir as promessas de entregar o poder posteriormente.
Palestinos deslocados
O exército israelense afirma controlar cerca de 75% de Gaza. A maior parte da população de Gaza, de cerca de 2 milhões de habitantes, foi deslocada diversas vezes nos últimos 22 meses, e grupos de ajuda humanitária alertam que os moradores do território estão à beira da fome.
“Para onde devemos ir? Já fomos deslocados e humilhados o suficiente”, disse Aya Mohammad, de 30 anos, que, após repetidos deslocamentos, retornou com a família para sua comunidade na Cidade de Gaza.
“Você sabe o que é deslocamento? O mundo sabe? Significa que sua dignidade é destruída, você se torna um mendigo sem-teto, em busca de comida, água e remédios”, contou ela à agência de notícias Reuters.
Cerca de 200 palestinos morreram de fome em Gaza desde o início da guerra, quase metade deles crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Rabeeha Jamal, de 65 anos, mãe de seis filhos, permaneceu em sua casa em Gaza, apesar dos avisos anteriores do exército israelense para sair. Por enquanto, ela disse que pretende ficar.
“Só quando nos forçarem, se os tanques chegarem. Caso contrário, não sairei correndo pelas ruas para ser morta depois”, disse ela, pedindo o fim da guerra. “Não temos para onde ir.”
Netanyahu está sob intensa pressão internacional para chegar a um acordo de cessar-fogo, mas também enfrenta pressão interna de sua coalizão para continuar a guerra.
Alguns aliados de extrema-direita em seu governo têm pressionado pela ocupação total de Gaza e pelo restabelecimento dos assentamentos israelenses, duas décadas após sua retirada.
O ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, disse a repórteres na quarta-feira (6) que esperava que o governo aprovasse a tomada do controle militar sobre o restante de Gaza.
Cerca de 1.200 pessoas foram mortas e 251 reféns foram levados para Gaza no ataque do Hamas contra comunidades no sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
Mais de 61 mil palestinos foram mortos pelo ataque israelense a Gaza, conforme o Ministério da Saúde de Gaza, que afirmou que 98 palestinos foram mortos por disparos israelenses no território nas últimas 24 horas.

