A descoberta foi feita por cientistas do Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica Tecnologia, Fiocruz, Morcegos, Vida animal CNN Brasil
Uma nova espécie de morcego foi descoberta por pesquisadores brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Chamada Myotis guarani, o animal se alimenta de insetos e pesa cerca de seis gramas.
A descoberta foi feita por cientistas do Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica, em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), da Universidade do Porto (Portugal) e do Smithsonian Institution (Estados Unidos). A novidade foi registrada no Journal of Mammalogy, uma revista internacional de biologia e taxonomia de mamíferos.
“Essa descoberta teve início em análises genéticas. Fomos percebendo que as sequências de DNA já apontavam para uma nova espécie do gênero Myotis. A partir daí, começamos a investigar a morfologia de morcegos disponíveis em coleções biológicas centenárias e confirmamos se tratar de uma nova espécie”, destacou o pesquisador da Fiocruz Mata Atlântica, Roberto Novaes, primeiro autor e correspondente do artigo, em comunicado.
“Levamos esse pressuposto para investigar mais sobre a ocorrência e a história natural dessa nova espécie nas expedições que a Fiocruz Mata Atlântica realiza em diversos biomas do país. Especificamente na recente expedição ao Pantanal, que aconteceu em março de 2025, conseguimos obter muitos dados e amostras de Myotis guarani, o que vai permitir diversas pesquisas no futuro”, completa.
Segundo os pesquisadores, a nova espécie de morcego está presente, principalmente, no Pantanal, mas também nas bordas com o Cerrado e a Mata Atlântica. Além disso, ele é capaz de comer mais de 200 insetos, incluindo mariposas, mosquitos e besouros, por noite.
O estudo faz parte de uma expedição ao Pantanal do projeto de pesquisa intitulado Rede de prospecção e monitoramento de agentes zoonóticos associados a morcegos no Brasil, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Essa pesquisa possui grande importância quando consideramos os potenciais impactos das zoonoses de origem silvestre na saúde pública e economia, como foi evidenciado pela pandemia de Covid-19 e outros eventos anteriores, como epidemias de Nipah, na Ásia, e de Marburg na África”, afirma Ricardo Moratelli, coordenador da Fiocruz Mata Atlântica e líder do projeto.
“Se, por um lado, os morcegos possuem um papel importante como reservatórios de diversos microrganismos, por outro, eles são fundamentais para a manutenção de diversos serviços ecossistêmicos que beneficiam humanos. Isso enfatiza a necessidade de programas de conservação específicos para esses animais, assim como o manejo adequado de populações em contato com humanos”.
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