Fabricante de chips americana apresentou resultados trimestrais em meio a restrições de exportação e negociações com a China, após acordo com governo Trump Negócios, Balanços financeiros, CNN Brasil Money, Guerra comercial, guerra comercial EUA China, Inteligência Artificial, Nvidia, resultados corporativos CNN Brasil
Após uma sequência impressionante em que a Nvidia superou as projeções de Wall Street trimestre após trimestre, a fabricante de chips divulgou na quarta-feira (27) uma receita para o trimestre de julho que ficou essencialmente em linha com as expectativas.
Os investidores não gostaram muito disso — as ações da empresa caíram até 3% no pregão após o fechamento da bolsa, imediatamente após a divulgação do relatório.
O relatório divulgado representou a mais recente oportunidade para a Nvidia dar uma ideia de como seus negócios foram afetados pelas mudanças nas políticas comerciais do presidente Donald Trump, já que a gigante americana de tecnologia se tornou moeda de troca na guerra comercial entre os EUA e a China.
Em maio, a empresa alertou que esperava um impacto de US$ 8 bilhões em sua receita devido aos controles de exportação sobre remessas para a China.
A Nvidia obteve uma receita de US$ 46,7 bilhões no trimestre, um aumento de 56% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior e um pouco acima dos US$ 46 bilhões esperados pelos analistas.
O lucro líquido atingiu US$ 26,4 bilhões, um aumento de 59% em relação ao ano anterior e um pouco acima dos US$ 24,7 bilhões projetados por Wall Street.
A maioria dos executivos comemoraria taxas de crescimento ano a ano como essas. Mas os resultados também marcam uma desaceleração em relação ao crescimento de 122% na receita e 168% no lucro ano a ano que a empresa registrou no mesmo período do ano passado.
Como termômetro do ecossistema de IA, a desaceleração da Nvidia pode alimentar preocupações sobre uma possível correção no mercado.
No início deste mês, o CEO da OpenAI, Sam Altman, alertou para uma “bolha da IA”, e pesquisadores do MIT descobriram que a maioria das empresas não está realmente lucrando com a implementação da IA.
Ainda assim, Wall Street estava otimista antes do relatório de quarta-feira (27). O CEO da Nvidia, Jensen Huang, tem uma relação próxima com Trump, e o presidente mudou recentemente sua posição sobre as vendas de chips avançados para a China.
Também há relatos de que a companhia está desenvolvendo um novo chip específico para a China.
“Acreditamos que os lucros da Nvidia são outro catalisador positivo para as ações de tecnologia, que lembrarão ainda mais aos investidores que este ainda é apenas o início do segundo tempo” no jogo que é a revolução da IA, disse o analista da Wedbush, Dan Ives, em um e-mail na segunda-feira (25).
As ações da Nvidia subiram mais de 30% desde o início deste ano. Em julho, tornou-se a primeira empresa de capital aberto do mundo avaliada em US$ 4 trilhões.
Reviravolta da China
No início deste ano, o governo Trump interrompeu as vendas do chip H20 AI da Nvidia para a China.
Isso efetivamente cortou os negócios da fabricante de chips com o país, que no ano passado representou cerca de 13% das vendas da empresa, depois que ela desenvolveu o produto especificamente para cumprir as restrições comerciais anteriores.
No primeiro trimestre, a Nvidia disse que as restrições custaram cerca de US$ 7 bilhões em encargos por vendas não realizadas e receita perdida. A companhia disse em seu comunicado de imprensa sobre os resultados financeiros que não houve vendas de chips H20 para clientes na China durante o trimestre de julho.
No mês passado, a fabricante de chips disse que reiniciaria as vendas do H20 após receber a aprovação da Casa Branca.
E semanas depois, a Nvidia, juntamente com a fabricante de chips AMD, concordou em pagar ao governo dos EUA 15% de suas vendas de chips para a China em troca de uma licença de exportação, uma contrapartida sem precedentes que surgiu após uma reunião entre Huang e Trump.
Huang argumentou que, se as empresas de tecnologia americanas forem impedidas de vender para a China, os desenvolvedores chineses simplesmente criarão suas próprias alternativas, o que poderia prejudicar os EUA na corrida pela IA.
O acordo está prestes a restaurar o acesso da companhia ao mercado chinês.
Mas, no início deste mês, uma conta nas redes sociais ligada à mídia estatal chinesa questionou se Pequim permitirá a venda dos chips devido a preocupações com riscos de segurança. A Nvidia negou repetidamente que seus produtos tenham backdoors ou spyware.
Agora, a fabricante estaria trabalhando em um novo chip de IA mais potente para a China, que se acredita ser chamado de B30, e espera que ele seja aprovado por Pequim, mantendo a conformidade com as restrições de exportação dos EUA, de acordo com reportagens da Reuters e do Wall Street Journal.
“Avaliamos uma variedade de produtos para nosso roteiro, para que possamos estar preparados para competir na medida em que os governos permitirem”, disse um porta-voz da Nvidia à CNN Internacional quando questionado sobre os relatos.
“Tudo o que oferecemos tem a aprovação total das autoridades competentes e é projetado exclusivamente para uso comercial benéfico.”
Os investidores esperam obter algumas informações de Huang sobre o andamento do projeto na teleconferência sobre os resultados financeiros da empresa, na quarta-feira (27).
Paul Meeks, diretor-gerente da empresa de investimentos Freedom Capital Markets, disse que as ações da Nvidia “podem ficar prejudicadas devido às medidas de controle de exportação intermitentes de Trump” no curto prazo.
“Apostaria que haverá uma queda nas ações, não necessariamente após a divulgação dos resultados, mas mais cedo ou mais tarde, e provavelmente será resultado das negociações comerciais com a China e não dos fundamentos da empresa”, disse ele em comentário enviado por e-mail na terça-feira (26).
No entanto, dado que a demanda pelos produtos da Nvidia em todo o setor de tecnologia continua alta, Meeks disse antes dos resultados financeiros da empresa que acreditava que ela “superaria modestamente as estimativas dos analistas e daria uma orientação otimista para o futuro a longo prazo” na quarta-feira (27).
Traduzido por André Vasconcelos
