By using this site, you agree to the Privacy Policy and Terms of Use.
Aceitar
Portal Nação®Portal Nação®Portal Nação®
Notification Mostrar mais
Font ResizerAa
  • Início
Lendo: O ponto cego do debate: por que os Brics não nos salvam
Compartilhe
Font ResizerAa
Portal Nação®Portal Nação®
  • Notícias
  • Esporte
  • TV Nação
  • Entretenimento
  • Ciência
  • Tecnologia
  • Acesso
Search
  • Início
Siga nas redes
Portal Nação® > Noticias > outros > O ponto cego do debate: por que os Brics não nos salvam
outros

O ponto cego do debate: por que os Brics não nos salvam

Última atualização: 28 de julho de 2025 12:15
Published 28 de julho de 2025
Compartilhe
Compartilhe

O anúncio da imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros por parte do governo Trump deflagrou, como era de se esperar, uma reação imediata de autoridades e comentaristas. A ideia de que o Brasil deveria acelerar sua reorientação comercial em direção a mercados como China, Rússia, Índia ou Irã voltou à tona com força.

Contents
Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresasInformações direto ao ponto sobre o que realmente importa: assine gratuitamente a JOTA Principal, a nova newsletter do JOTA

Trata-se, em tese, de uma resposta racional. Diante de uma sanção tarifária norte-americana, a alternativa natural seria aprofundar o comércio com outros polos de poder. A narrativa tem apelo e respaldo histórico. Mas ela está, neste momento, negligenciando os riscos estratégicos envolvidos.

Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresas

O que quase ninguém está percebendo é que o problema enfrentado pelo Brasil não se limita às tarifas. Elas são, na verdade, apenas o sintoma mais visível de uma malha regulatória muito mais profunda e muito menos discutida, que opera por mecanismos técnicos, listas confidenciais e cláusulas em contratos de financiamento, transporte e seguro. O nome dessa malha é controle de exportações. E a ponta mais agressiva de sua aplicação global atende por uma sigla: OFAC.

Pouco conhecida fora dos círculos especializados, a OFAC (Office of Foreign Assets Control) é uma agência do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos responsável por administrar sanções econômicas. Seu poder deriva não de tarifas oficiais, mas de sua capacidade de bloquear ativos, cortar relações bancárias e excluir empresas e pessoas do sistema financeiro internacional.

Basta uma única conexão com os Estados Unidos, como o uso do dólar em uma transação comercial, um componente de origem americana, o trânsito por um servidor baseado em território americano ou mesmo um pagamento processado por banco correspondente em Nova York para que sua jurisdição seja acionada. E, uma vez acionada, ela pode esmagar empresas inteiras e impor prejuízos bilionários, inclusive fora dos EUA, já que essas normas têm alcance extraterritorial.

Esse aparato não opera sozinho. Ele se integra ao sistema de regras conhecido como Export Administration Regulations, que impõe controles a qualquer exportação, reexportação ou transferência de bens e tecnologias sensíveis. A lista de bens controlados é ampla. Não se restringe a armamentos ou equipamentos de segurança, mas também alcança softwares de navegação, sensores industriais, semicondutores, drones, peças de aeronaves e dispositivos que fazem parte da cadeia produtiva de inúmeros setores civis.

É aí que reside o verdadeiro impasse brasileiro. Quando se afirma que o Brasil pode substituir os EUA por mercados como o chinês ou o russo, esquece-se que esses mercados estão, eles próprios, profundamente entrelaçados com o regime de sanções e controles extraterritoriais norte-americanos.

Exportar para uma empresa estatal chinesa que conste de alguma lista restritiva do governo americano pode ser tão perigoso quanto exportar diretamente para o Irã. Realizar uma transação de carne bovina para um comprador russo pode ser inviabilizado se o financiamento passar por banco que opere sob jurisdição americana, o que, na prática, significa quase todos os grandes bancos do mundo. A operação não precisa ser ilícita. Basta que ela seja vista como arriscada. E o risco, nesse universo, é definido por Washington.

No setor de aviação, a situação é ainda mais delicada. Empresas como a Embraer utilizam motores, softwares e sistemas de navegação fabricados por companhias norte-americanas. Cada venda para mercados classificados como sensíveis exige não apenas o mapeamento de componentes, mas também a solicitação formal de licenças, cuja concessão está sujeita a vetos unilaterais.

Isso significa que o governo americano pode bloquear a exportação de um jato brasileiro a um país terceiro com base no simples fato de que parte de sua tecnologia é de origem americana. E pode fazê-lo sem anúncio, sem aviso e sem direito de resposta.

No agronegócio, onde se imagina maior liberdade, os riscos tampouco são desprezíveis. A cadeia de exportação de grãos, carnes e fertilizantes depende de uma infraestrutura tecnológica que inclui desde softwares de rastreabilidade e sistemas de armazenamento até equipamentos agrícolas dotados de sensores que podem estar sujeitos a controle.

Além disso, os contratos são lastreados em dólares, os pagamentos passam por bancos internacionais e os seguros marítimos são emitidos por grandes conglomerados ocidentais que seguem, rigorosamente, as diretrizes impostas pelas listas de sanção.

Informações direto ao ponto sobre o que realmente importa: assine gratuitamente a JOTA Principal, a nova newsletter do JOTA

O que se tem, portanto, é um quadro em que o Brasil não está apenas cercado por tarifas. Está cercado por normas que regulam, de forma indireta e quase invisível para muitos, a sua capacidade de acessar mercados alternativos. E é justamente aí que o dilema se torna mais agudo: quanto mais o país tenta fugir da penalização imposta pelo mercado americano, mais se enreda nas teias que esse mesmo sistema lançou sobre os mercados não alinhados.

O resultado é a configuração de um verdadeiro nó górdio, no qual toda saída aparentemente simples está, na realidade, amarrada a múltiplos riscos nem sempre evidentes mas interconectados. Cortá-lo exigiria uma lucidez estratégica que, até agora, está ausente no debate público.

A reação brasileira à escalada tarifária de Trump precisa, portanto, ser mais sofisticada. Não se pode responder a uma ação política com uma estratégia ingênua nem com discursos patrióticos. Se queremos diversificar destinos, precisamos antes compreender as limitações reais que pesam sobre esses mercados. Isso exige conhecimento técnico, coordenação institucional e capacidade de negociação internacional em um nível muito mais elevado do que aquele que temos demonstrado até aqui.

O que está em jogo não é só a perda de um mercado. É a perda do direito de escolher com quem negociar. É a constatação de que, mesmo fora do alcance visível das tarifas, as amarras continuam. Invisíveis, mas eficazes. E, neste momento, perigosamente negligenciadas.

You Might Also Like

Prefeito toma medida drástica após secretário e superintendente protagonizarem confusão em festa

Entrevista de Marcinho VP à Record é barrada por Dino; saiba detalhes

Lucas Arcanjo passa por cirurgia após grave lesão: “tudo está nas mãos de Deus”

Castro diz ao STF que operação mais letal do RJ seguiu as determinações da Corte

STF “afrouxa” condenação de Mauro Cid por tentativa de golpe de Estado

Compartilhe esse artigo
Facebook Twitter Email Print
Deixe um comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Siga o Portal Nação

Nas redes Sociais
FacebookLike
TwitterSiga nas redes
YoutubeSubscribe
TelegramSiga nas redes

Newsletter semanal

Assine nossa newsletter para receber nossos artigos mais recentes instantaneamente!

Notícias populares
outros

Vídeo: Dezenas de refugiados da Síria começam a voltar para casa 

9 de dezembro de 2024
Megaoperação no Rio: Alexandre de Moraes determina preservação integral de todas as provas da operação policial
Veja quem o Vasco enfrenta na terceira fase da Copa do Brasil 
Deputado quer abrir CPI para investigar CBF
Veja premiação do Chelsea com título do Mundial de Clubes 
- Publicidade -
Ad imageAd image
  • Avisos legais
  • Política de privacidade
  • Gerenciamento de Cookies
  • Termos e condições
  • Parceiros

Todas as últimas notícias do Portal Nação direto na sua caixa de entrada

Aqui no Portal Nação, acreditamos em criar os melhores produtos para a indústria que cruzam o melhor design de software, experiência do usuário e funcionalidade.

Nosso site armazena cookies no seu computador. Eles nos permitem lembrar de você e ajudam a personalizar sua experiência em nosso site.
Leia nossa política de privacidade para maiores infromações.

Copyright © 2023-2024 Portal Nação | Todos os Direitos Reservados

Orgulhosamente ❤️ por HubCloud © 2024. Todos os Direitos Reservados
Welcome Back!

Sign in to your account

Lost your password?