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Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump conversaram por videoconferência na segunda-feira (6), marcando um importante passo para retomada do diálogo entre Brasil e Estados Unidos em meio ao tarifaço.
A chamada durou 30 minutos, teve “tom amigável” e foi positiva, segundo integrantes do governo. O vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad e Sidônio Palmeira, além do assessor especial Celso Amorim, estavam com Lula durante a conversa.
Marco Rubio, chefe da diplomacia americana, foi designado por Trump para continuar as negociações com as autoridades brasileiras — medida que recebeu reações mistas.
Além disso, os presidentes combinaram de se encontrar pessoalmente. Veja abaixo o que se sabe sobre a ligação e quais são os próximos passos.
Bolsonaro “de fora”, Trump cordial: como foi a conversa
Segundo apurou a CNN, a ligação entre Donald Trump e Lula foi marcada no fim da semana passada e teve participação direta do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).
Celso Amorim, assessor especial da Presidência, que estava com o petista durante a chamada, afirmou que a conversa entre os líderes foi positiva. Ele afirmou à CNN que a postura de Trump foi “bastante cordial e receptiva”.
Fontes do governo brasileiro também disseram a Clarissa Oliveira, analista de Política da CNN, que a videoconferência foi amigável, em tom descontraído e traça uma perspectiva positiva para o diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos.
Ainda assim, em certo momento, Lula disse a Trump que não tem inimigos. Já o americano disse que tem, sim, inimigos, ainda de acordo com Oliveira.
Notavelmente, Jair Bolsonaro (PL) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, não foram citados na ligação. Anteriormente, Trump justificou a imposição de sobretaxa de 40% contra produtos brasileiros citando o julgamento contra o ex-presidente.
Além disso, os Estados Unidos afirmam que Moraes faz “caça às bruxas” e o acusam de ferir direitos humanos. Ele foi uma das autoridades brasileiras que sofreram sanções do governo americano.
Lula pediu para Trump retirar tarifa
Na conversa de segunda-feira, Lula pediu a Donald Trump a retirada da sobretaxa de 40% aos produtos brasileiros, bem como das medidas restritivas a autoridades brasileiras.
Questionado por repórteres na Casa Branca mais tarde, o presidente dos Estados Unidos não respondeu se diminuirá a taxa contra o Brasil, mas ressaltou que teve uma “ótima conversa” com Lula.
Lula trocou telefones com Trump
Em publicação no X, Lula afirmou que trocou telefones com Trump para estabelecer uma “via direta” de comunicação.
Além disso, ele avaliou que o contato com o americano é uma oportunidade “para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”.
Trump gostou da conversa e quer “fazer negócios” com Lula
Em publicação na Truth Social na tarde de segunda-feira, Donald Trump pontuou que gostou da videoconferência com Lula, pontuando que focaram em economia e comércio.
Ele reforçou que ambos vão se encontrar e avaliou que os dois países vão “se dar bem juntos”.
Horas mais tarde, durante evento na Casa Branca, o republicano disse que vai “começar a fazer negócios” com o presidente brasileiro. Questionado se considera ir ao Brasil, Trump comentou que, “em algum momento, faria isso”.
Quais são os próximos passos após ligação Lula-Trump?
Lula e Trump concordaram em se encontrar pessoalmente “em breve”. Entretanto, tanto a data quanto o local onde isso pode ocorrer ainda devem ser negociados.
Segundo apuração de Teo Cury, analista de Política da CNN, o chefe de Estado brasileiro se dispõe a viajar aos Estados Unidos para viabilizar esse encontro.
De toda forma, ele sugeriu que a reunião seja realizada na Cúpula da Asean, na Malásia, e reiterou convite ao americano para participar da COP30, que acontece em Belém, no Pará, em novembro.
Outro ponto é a negociação envolvendo as tarifas contra produtos brasileiros e as sanções contra autoridades do país.
De acordo com o presidente Lula, Donald Trump designou Marco Rubio, chefe da diplomacia dos EUA, para negociar com Geraldo Alckmin, Mauro Vieira e Fernando Haddad.
Rubio chegou a ser cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa de Trump e é a primeira pessoa de origem hispânica a ocupar o cargo de secretário de Estado dos EUA.
Segundo apuração de Jussara Soares, analista de Política da CNN, a direita brasileira admitiu um revés após o telefonema entre Lula e Trump. Entretanto, o entorno do ex-presidente Bolsonaro se diz otimista com a escolha de Rubio como interlocutor.
Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, foi às redes para chamar de “golaço” a escolha.
Ainda assim, fontes do governo Lula entenderam como natural a indicação do secretário de Estado e que há construção de confiança entre os dois presidentes, informou Caio Junqueira, analista de Política da CNN.
