No remake, além da personalidade, a imagem poderosa da matriarca também chamou a atenção do público Lifestyle, #CNNPop, Moda, Novelas, Vale Tudo CNN Brasil
A empresária Odete Roitman, uma das personagens mais icônicas de “Vale Tudo”, teve o fim decretado na noite da última segunda-feira (6). No capítulo, a vilã foi assassinada após colecionar uma série de desafetos em sua passagem pelo Brasil. Na versão original do folhetim, exibido em 1988, a poderosa foi imortalizada por Beatriz Segall.
Mais de três décadas depois, o suspense diante de quem foi responsável por matar a mulher fria, dona de um dos principais impérios de aviação do país, ainda se mantém vivo. Além disso, outro enredo igualmente fascinante também chama atenção do público: a imagem de poder da matriarca.
Mais que vilã, Odete é um estudo sobre poder
Ao longo da trama, Odete construiu a própria presença com uma precisão quase matemática, combinando símbolos e signos visuais que traduzem status, controle e sofisticação. “Odete é o exemplo perfeito de como a moda pode ser usada como ferramenta narrativa, e, sobretudo, como instrumento de autoridade”, conta Janaina Souza, estrategista de imagem, à CNN.
“A personagem domina a arte de vestir-se com propósito, equilibrando sensualidade e imponência sem jamais recorrer à extravagância. Alfaiataria impecável, cores sóbrias, tecidos de qualidade, joias clássicas, bolsas icônicas e combinações assertivas são seus principais aliados”, acrescenta.

Segundo a estrategista, cada detalhe é calculado: o corte, o caimento, o gesto. “A força da sua imagem está justamente na discrição. Ela é o tipo de mulher que não precisa de logotipos para ser notada. Odete é, em essência, o retrato do rico brasileiro tradicional: aquele que tem, mas não ostenta; que prefere o luxo silencioso ao brilho das aparências”, diz.
“Sua estética é marcada por linhas retas, cortes clássicos e uma elegância atemporal. O resultado é uma figura imponente, que se impõe pelo bom gosto e pela sutileza”, detalha.

Carminha e Odete Roitman, o que separa as duas vilãs?
Enquanto Carminha, personagem de Adriana Esteves, em “Avenida Brasil” (2012), usava tons claros e suaves, uma espécie de ironia visual que tentava “neutralizar” a própria maldade, Odete segue o caminho oposto. “Ela transita entre tons escuros, intensos e dramáticos, que reforçam sua força e frieza”, diz Janaina.

“E quando surge em tons claros, o contraste é proposital: sempre acompanhado de maxi óculos escuros, como quem diz que o poder também pode sorrir, mas jamais se revela por completo”, adiciona.
Ainda nesta nova releitura do folhetim, a personagem de Debora Bloch aparece com uma personalidade mais ousada e até levemente sexy. “É curioso notar que, mesmo nesses momentos, os tons escuros continuam predominando, como se lembrassem ao público que elegância e mistério, quando bem dosados, são mais sedutores do que qualquer transparência literal”, comenta.

“Odete Roitman entende, como poucas, que a roupa não é um acessório da narrativa. Ela é a narrativa. Cada look, cada textura, cada escolha estética reforça a sua história e a sua posição no jogo do poder. E é justamente por isso que sua imagem permanece tão icônica, décadas depois da primeira versão”, entrega.
“Para quem observa com olhar atento, Vale Tudo oferece muito mais do que drama e intriga: é também um verdadeiro desfile de construções visuais cuidadosamente pensadas para dar corpo às personagens”, continua.
A sofisticação silenciosa de Odete, a elegância solar de Raquel, a fluidez artística e colorida de Tia Celina, a criatividade de Solange e a ambição de Fátima; todas comunicam, pela roupa, o que talvez não digam em palavras.
“Marie Salles, responsável pelo figurino, e sua equipe traduziram com maestria a relação entre estilo, status e narrativa. Odete nos lembra que elegância não é sobre parecer rica, mas sobre parecer no controle. E poder, afinal, nunca foi apenas o que se tem; é o que se veste e como se veste”, conclui a profissional.
Relembre a história original de “Vale Tudo“, exibida em 1988 | CNN Brasil

