Eu tinha apenas meia hora para fazer tudo que eu precisava com o novo Rolls-Royce Cullinan. Não deu para usar copos e porta-garrafa sob o apoio de braço, tampouco o decanter e as taças de cristal alojados no refrigerador, entre os assentos individuais traseiros. Fica para uma próxima – uma próxima vida, talvez.
Este é o Rolls-Royce Cullinan Black Badge em sua versão reestilizada (chamada Series II). Pegaram o SUV mais caro do mundo e acrescentaram grade (iluminada), logotipos e até a estatueta preta do “Spirit of Ecstasy” retrátil sobre a grade. Sobram poucos cromados, mas pode-se eliminar todos os brilhos caso o cliente queira reforçar o caráter subversivo da versão.

Ok, muitos fabricantes oferecem pacotes com tudo preto, mas é tudo feito à moda da Rolls-Royce: cada elementos preto tem produção artesanal e as peças recebem material abrasivo, seguido por um primer e quatro camadas de tinta antes de serem polidos à mão para obter o acabamento cromado preto bem reluzente.
A cabine também recebe um carinho sobrenatural. O painel é tem 23 placas de fibra de carbono entrelaçada de forma a criar um efeito tridimensional diferente, todas revestidas com seis camadas de laca e polidas a mão em um processo que leva 21 dias.

Os elementos internos também têm acabamento em cromo preto, mas é normal que os clientes escolham cores bem contrastantes para os bancos e detalhes do painel. Telas do quadro de instrumentos e multimídia seguem a mesma combinação de cores e o teto tem mais de 1.200 pontos de luz, de fibra ótica.

A Rolls-Royce só não inventou, ainda, um tapete vermelho que se estenda automáticamente ao motorista e passageiro. Mas tem assistência elétrica para aliviar o peso das portas e as traseiras, com abertura oposta, ainda tem fechamento automático.

Sim, há um V12 6,75L biturbo com 600 cv e 91,8 kgfm entregando sua força nas quatro rodas, mas o que realmente faz o Cullinan se destacar é a suavidade, tanto do motor quanto da suspensão e da direção, bem leve. Como tem 5,34 m de comprimento e 3,30 m de entre-eixos, o amplo esterçamento traseiro ajuda a ficar despreocupado nas esquinas.

A aceleração não é tão surpreendente: faz o 0 a 100 kmh em 4,8 s e só não afundando mais a traseira na arrancada porque os mesmos sistemas da suspensão ativa que filtram imperfeições também controlam os movimentos da carroceria.

Como um bom Rolls-Royce, a sensação é de estar navegando. Para aproveitar ao máximo o pouco tempo com o carro, passei o posto de capitão para o colega Leonardo Fortunatti, do Motor 1, e fui ter a experiência como passageiro lá no banco traseiro, onde o conforto é ainda maior.

Os passageiros de trás também podem esfriar ou aquecer as poltronas traseiras e os botões no console permite controlar o banco do carona para liberar espaço. Um botão abre uma mesinha e revela uma tela, onde controla-se a multimídia, iluminação e até uma massagem – que não pode ser finalizada a tempo. Também há cortinas de privacidade para esconder quem pagou mais de R$ 8,3 milhões neste carro.
