Áreas urbanas de Seul foram invadidas por espécie predominante em zonas subtropicais Internacional, Coreia do Sul, Insetos, Percevejos, Seul CNN Brasil
A Coreia do Sul foi recentemente atingida por uma onda de insetos de uma espécie peculiar: os chamados percevejos-do-amor.
Mas o romance certamente não está no ar para os moradores de Seul e da cidade vizinha de Incheon, que têm sido atormentados por esses insetos incômodos nas últimas semanas, já que o aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas impulsiona a disseminação.
Na sexta-feira (4), dezenas de funcionários do governo foram enviados a Gyeyangsan, uma montanha a oeste da capital, para lidar com um “surto extremamente grave”, informou o Ministério do Meio Ambiente do país em um comunicado.
Vídeos publicados nas redes sociais no início desta semana mostraram trilhas ao longo do pico transformadas em corredores movimentados de caos. Imagens mostram pessoas se debatendo em meio a enxames de percevejos-do-amor do tamanho de dedos polegares.
La Corée du Sud connaît une invasion de « lovebugs » ! Ces insectes, qui ne sont pas dangereux pour l’Homme, envahissent Séoul et la région d’Incheon. Leur présence est notamment liée au dérèglement climatique.
@lenoblevincent pic.twitter.com/YjJIGaMSUY
— M6 Info (@m6info) June 30, 2025
Em um vídeo do YouTube, um homem coletou milhares de insetos e os levou para casa para transformá-los em hambúrgueres, que ele então aparentemente comia.
De onde vêm os percevejos-do-amor?
Os percevejos-do-amor, conhecidos cientificamente como Plecia longiforceps, recebem esse apelido devido ao comportamento de acasalamento, quando se chocam uns contra os outros durante o voo.
Eles são encontrados em zonas subtropicais, incluindo no sudeste da China, Taiwan e as Ilhas Ryukyu, no Japão. Também ocorrem em partes da América Central e do sul dos Estados Unidos, incluindo Texas e Flórida.
Detectados pela primeira vez na Coreia do Sul em 2015, acredita-se que tenham chegado do sul da China, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Desde 2022, eles têm aparecido em Seul e arredores, principalmente nas áreas portuárias, entre junho e julho.
Por que eles estão se espalhando?
Especialistas afirmam que as mudanças climáticas e o aumento das temperaturas estão ajudando a empurrar os percevejos-do-amor para o norte, em áreas como Seul e Incheon.
Embora o aquecimento global seja um problema que afeta o mundo inteiro, cientistas identificaram Seul como uma área onde as temperaturas estão subindo em um ritmo mais acelerado do que em outras partes do mundo.
Isso é agravado pelo efeito de ilha de calor na cidade, onde as temperaturas são muito mais altas do que nas áreas rurais próximas devido às estruturas artificiais que absorvem e retêm mais calor.
“Com as mudanças climáticas aumentando a instabilidade ecológica, devemos permanecer vigilantes durante todo o verão”, disse Kim Tae-o, diretor do Ministério do Meio Ambiente.
Eles são prejudiciais?
Os percevejos-do-amor não transmitem doenças nem picam humanos. No entanto, tem havido cada vez mais reclamações públicas sobre eles grudarem em janelas de carros e paredes de casas, restaurantes e em vagões do metrô.
Até agora, as autoridades têm aconselhado trabalhadores e moradores locais a combater os enxames borrifando água ou usando compressas adesivas em vez de pesticidas químicos.
Para onde eles poderiam se espalhar?
Os enxames de insetos estão se expandindo no noroeste da Coreia do Sul, porém, qualquer potencial de disseminação adicional permanece desconhecido.
“Em comparação com os últimos dois anos, o número de percevejos-do-amor aumentou acentuadamente no último fim de semana na montanha”, disse Wang Hyeon-jeong, autoridade do distrito de Gyeyang, na terça-feira (1°).
Áreas com clima quente e úmido podem atraí-los, oferecendo condições favoráveis à sobrevivência e reprodução.
Quais as soluções para a Coreia do Sul?
A prefeitura de Seul considera os percevejos-do-amor “ecologicamente benéficos”, não representando riscos à saúde humana e ajudando a polinizar flores, já que as larvas convertem materiais vegetais em componentes orgânicos.
No entanto, a mídia sul-coreana relata que as reclamações à cidade já ultrapassaram o dobro, aumentando de 4.418 em 2023 para 9.296 no ano passado, de acordo com o Governo Metropolitano de Seul.
Na sexta-feira (4), os ministros do Meio Ambiente concordaram em fortalecer e investir mais em procedimentos de resposta após o último surto, que descreveram como “extremamente grave”.
“Monitoraremos a situação de perto e trabalharemos com as autoridades locais desde os estágios iniciais de qualquer surto”, disse Kim.
Mas o controle populacional natural está sendo estabelecido, à medida que pássaros como pardais e pegas aprendem a comer os percevejos, causando a queda em seus números.