Divisão reforça papel crucial das lideranças e do desenho organizacional em promover ambientes mais saudáveis e inclusivos Negócios, CNN Brasil Money, Mercado de Trabalho, Saúde mental CNN Brasil
A relação entre o ambiente de trabalho e a saúde mental dos funcionários está mais evidente do que nunca.
Um levantamento recente da Inmar Intelligence, empresa de tecnologia e dados, entrevistou mil trabalhadores nos Estados Unidos e revelou o seguinte: 34% afirmam que o trabalho impacta positivamente sua saúde mental, enquanto 33% relatam efeitos negativos.
A conclusão dos pesquisadores é de que essa disparidade de percepções reforça o papel crucial das lideranças e do desenho organizacional em promover ambientes mais saudáveis e inclusivos.
“Os dados confirmam que saúde mental e condições de trabalho estão profundamente interligados”, destacou a Inmar, que recomenda que as companhias melhorem a comunicação e a clareza nas funções. Além disso, o suporte da liderança é um dos caminhos para mudanças efetivas em ambientes de trabalho.
A pesquisa apontou que os principais fatores positivos no ambiente de trabalho são: segurança no emprego (45%), carga de trabalho razoável (40%), gestão acolhedora (40%), opções de trabalho flexível (39%) e cultura organizacional saudável (38%).
Em contrapartida, os principais fatores negativos incluem: comunicação ineficaz (32%), excesso de trabalho ou demandas pouco claras (30%), cultura tóxica ou estressante (29%), falta de reconhecimento (25%) e gestão não solidária (24%).
Ambientes de apoio aumentam produtividade
Na mesma linha, um estudo da Simon Fraser University mostrou que funcionários têm 55% mais probabilidade de compartilhar problemas de saúde mental quando percebem um ambiente acolhedor.
Já a falta de abertura sobre esses temas está relacionada a maiores níveis de ansiedade, absenteísmo e queda de desempenho.
“Ambientes com apoio emocional não só promovem bem-estar, mas também garantem maior engajamento e retenção de talentos”, destaca o relatório.
Corroborando essa tendência, a Universidade de Iowa encontrou indícios de que licenças remuneradas podem reduzir taxas de suicídio, quando implementadas de forma estruturada.
Empresas começam a agir globalmente
Apesar dos desafios econômicos, muitas organizações já dão passos concretos para o fim de uma cultura tóxica.
Um levantamento do Business Group on Health revelou que 93% dos 131 empregadores globais entrevistados pretendem manter ou ampliar suas ofertas de bem-estar em 2025, com quase metade dando prioridade absoluta à saúde mental.
Entre as iniciativas mais frequentes estão programas de assistência aos funcionários, gestão de stress, treinamentos em resiliência e práticas de mindfulness.
No Brasil
Nos últimos tempos, a discussão sobre o bem-estar no ambiente corporativo ganhou destaque também no Brasil, impulsionada por mudanças importantes na legislação trabalhista.
Um dos marcos é o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, iniciativa do governo federal que reconhece organizações comprometidas com práticas voltadas à saúde mental dos seus colaboradores.
Para obter o selo, as empresas precisam cumprir uma série de exigências, como oferecer apoio psicológico e psiquiátrico, promover campanhas de conscientização e garantir transparência nas suas ações internas.
Outra medida relevante é a revisão da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A partir de 2026, a norma passará a incluir os riscos psicossociais no escopo do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, o que representa um avanço significativo na proteção da saúde mental dos trabalhadores.
Originalmente prevista para entrar em vigor em 2025, essa atualização foi adiada para dar mais tempo às empresas se adaptarem aos novos requisitos. Ainda assim, o primeiro ano de vigência terá caráter educativo, com foco em esclarecimento e orientação, em vez de de punição.
Para Alex Araújo, CEO da 4LifePrime, empresa especializada em saúde ocupacional, para que essas ações realmente gerem impactos positivos e sustentáveis, ”é fundamental que as empresas comecem pelo mapeamento dos riscos psicossociais”.
“Esse diagnóstico permite identificar as principais carências internas e, a partir disso, desenvolver estratégias eficazes e personalizadas para transformar o ambiente organizacional e promover o bem-estar dos colaboradores”, explica.
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