Segundo a PF, o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (MDB), fugiu de casa na noite anterior à operação, mas acabou preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca Nacional, -agencia-cnn-, PF (Polícia Federal), Rio de Janeiro (capital), Rio de Janeiro (estado) CNN Brasil
A Polícia Federal vai instaurar um inquérito para apurar o possível vazamento de informações sobre uma megaoperação deflagrada nesta quarta-feira (3), no Rio de Janeiro, contra uma organização criminosa que se infiltrou na política para beneficiar o Comando Vermelho, maior facção do estado.
Entre os presos na ação está o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias (MDB). De acordo com a PF, os agentes foram até a mansão do parlamentar, na Barra da Tijuca, mas o político havia fugido de casa na noite anterior. Após buscas, os policiais encontraram o deputado em outro condomínio, também na Zona Oeste do Rio.
“Ocorreu sim um vazamento, a gente vai instaurar um inquérito policial hoje para tentar detectar e possivelmente vamos chegar ao vazador”, afirmou o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Fábio Galvão.
De acordo com a denúncia, os acusados mantinham vínculos estáveis com o Comando Vermelho, atuando nos complexos da Maré e do Alemão e na comunidade de Parada de Lucas. O grupo é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones usados para dificultar operações policiais nos territórios ocupados pela facção, além de movimentar grandes somas em espécie para financiar suas atividades.
Até o começo da tarde, a PF contabilizou 14 presos. Além de TH Joias, foram detidos Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, conhecido como Dudu — assessor nomeado por TH na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) —, Gabriel Dias de Oliveira, traficante do Comando Vermelho conhecido como “Índio do Lixão”, Alessandro Pitombeira Carracena, que já ocupou os cargos de secretário de Estado de Esporte e Lazer e de secretário Municipal de Ordem Pública do Rio, além de três PMs e um delegado da Polícia Federal, preso no Aeroporto Internacional do Galeão, na Ilha do Governador.
“A investigação apontou que quando ocupava o cargo de secretário de Ordem Pública, ele (Carracena) recebeu uma ligação do TH Joias para tentar articular a retirada de uma unidade do Batalhão de Choque da PM, na Gardênia, porque estava atrapalhando os interesses do Comando Vermelho”, explicou Galvão.
Segundo as investigações, TH Joias utilizou o mandato para favorecer a organização criminosa, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj, entre eles a esposa do traficante Índio do Lixão. Ainda segundo a denúncia, o deputado é acusado de intermediar diretamente a compra e a venda de drogas, armas de fogo, aparelhos antidrones e de realizar pagamentos a integrantes do Comando Vermelho.
Além da PF, as investigações contam com a participação da Polícia Civil do Rio de Janeiro e dos Ministérios Públicos Federal e Estadual. A força-tarefa aponta que, nos últimos cinco anos, o grupo criminoso comandado por Índio do Lixão, com o apoio do parlamentar, teria movimentado R$ 120 milhões.
“Em 2017, eu estava como delegado titular da nossa Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e presidi diretamente uma investigação na qual ele (TH Joias) foi alvo e condenado no final dessa investigação a 14 anos de prisão, chegou a ficar quase um ano preso e estava recorrendo em liberdade. Então, isso mostra também uma outra face que a gente precisa resolver, que é a questão da nossa legislação branda e leniente que permite que esse tipo de coisa aconteça”, destacou Felipe Curi, secretário de Polícia Civil.
A Alerj informou que tomou conhecimento do cumprimento de mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado TH. As diligências foram acompanhadas pela Procuradoria da Casa, que prestou apoio às autoridades competentes. A Assembleia Legislativa afirmou que segue acompanhando o caso.
Em nota, o MDB afirmou que decidiu expulsar o parlamentar. “TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros”.
A CNN tenta contato com a defesa dos citados.