O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou nesta quarta-feira (15/10) pela realização de mais diligências da Polícia Federal no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga as declarações de Sérgio Moro sobre suposta tentativa de interferência política na PF pelo o ex-presidente da República Jair Bolsonaro. Na época, o atual senador era ministro da Justiça e Segurança Pública.
No retorno dos autos à PF, Gonet indica que as novas diligências devem ser realizadas com elementos da investigação sobre a Abin Paralela, que também ocorrem na Suprema Corte. A Abin Paralela investiga o uso da estrutura da instituição para ataques sistemáticos a autoridades, ao sistema eleitoral e a instituições públicas, por meio de obtenção clandestina de dados sensíveis, propagação de notícias falsas (fake news).
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“Imprescindível, portanto, que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”, escreveu Gonet no documento apresentado nos autos do Inquérito 4831, no STF.
Investigação
Segundo Moro, Bolsonaro tentou interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal e em inquéritos relacionados a familiares. O procedimento foi aberto pelo então ministro do STF Celso de Mello em abril de 2020. Com a aposentadoria de Mello, o ministro Alexandre de Moraes assumiu a investigação.
O inquérito foi aberto no dia 27 de abril, e tanto Bolsonaro como Moro são investigados. A abertura foi feita após declarações feitas por Moro ao deixar o cargo, em 24 de abril, sobre o presidente Jair Bolsonaro. O STF atendeu a um pedido do procurador-geral da República Augusto Aras.
O inquérito apura a suposta ocorrência dos crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra.
O pedido de abertura de inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no STF ocorreu poucas horas após a coletiva de Moro, na qual ele disse que Bolsonaro queria obter relatórios de investigações da Polícia Federal, e que demonstrou preocupação com inquéritos que tramitam no STF.