Benjamin Netanyahu deve se encontrar com o presidente americano na segunda (29) para discutir plano. Hamas diz que não recebeu a proposta até o momento Internacional, Benjamin Netanyahu, Donald Trump, Estados Unidos, Faixa de Gaza, Gaza, Israel CNN Brasil
O governo Trump propôs um plano de paz para Gaza com 21 pontos, que exige a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas dentro de 48 horas após um acordo e estabelece um roteiro para Gaza após o fim da guerra, segundo uma fonte familiarizada com a proposta.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demonstrou otimismo em relação à resolução do conflito, dizendo na sexta-feira (26) que estão “muito perto” de um acordo, poucos dias depois de seu enviado especial afirmar que um “avanço” era possível.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no entanto, prometeu na sexta-feira continuar a guerra até que o Hamas seja destruído.
O plano pode ser problemático para Netanyahu, já que reconhece aspirações por um Estado palestino — algo firmemente rejeitado por membros importantes de seu governo.
A libertação dos reféns — cerca de 20 deles ainda estariam vivos — ocorreria em troca de uma retirada gradual das tropas israelenses de Gaza, segundo a fonte.
O plano excluiria o Hamas de qualquer papel futuro na administração de Gaza, afirmou a mesma fonte. Em vez disso, prevê dois níveis de governança interina no território — um órgão internacional de supervisão e um comitê palestino.
A proposta não estabelece um cronograma para que esse órgão internacional transfira o controle de Gaza à Autoridade Palestina (AP), que exerce autogoverno nominal em partes da Cisjordânia ocupada, mas enfrenta fortes restrições impostas por Israel.
O governo israelense tem rejeitado consistentemente qualquer envolvimento da AP na administração de Gaza.
O plano não indica que os Estados Unidos apoiariam a criação de um Estado palestino, mas reconhece isso como uma aspiração dos palestinos.
A administração Trump tem sido fortemente crítica em relação às iniciativas de outros governos — incluindo Reino Unido, França e Canadá — de reconhecer um Estado palestino. O secretário de Estado, Marco Rubio, classificou essas ações como irresponsáveis. No entanto, o plano dos EUA pode, potencialmente, abrir caminho para alguma forma de autogoverno palestino.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou sua oposição a um Estado palestino durante discurso na Assembleia Geral da ONU na sexta-feira, dizendo que “dar aos palestinos um Estado a um quilômetro de Jerusalém é como dar à Al-Qaeda um Estado a um quilômetro de Nova York após o 11 de Setembro.”
O plano dos EUA também afirma que não pode haver deslocamento forçado da população de Gaza, segundo a fonte. No início deste ano, Trump chegou a mencionar a possibilidade de os Estados Unidos assumirem o controle de Gaza, reconstruí-la e realocar toda a sua população de dois milhões de pessoas. Desde então, o governo israelense tem apoiado a ideia de esvaziar Gaza de palestinos, embora declare que não forçaria os residentes a deixar o território.
Acordo apresentado aos países árabes
Trump se reuniu com vários líderes de nações muçulmanas — incluindo Catar, Arábia Saudita, Egito, Indonésia, Turquia e Paquistão — à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas na terça-feira (23), chamando esse encontro de sua “reunião mais importante” do dia.
O plano dos EUA foi apresentado aos Estados árabes na ONU, disse o enviado especial americano Steve Witkoff na quarta-feira. “Estamos esperançosos e, posso dizer, até confiantes de que, nos próximos dias, poderemos anunciar algum tipo de avanço”, afirmou Witkoff.
A fonte familiarizada com o plano disse à CNN que o documento afirma especificamente que Israel não atacará o Catar novamente. No início deste mês, Israel realizou uma série de ataques aéreos contra líderes do Hamas em Doha, poucos dias depois de o grupo ter declarado que estava considerando uma proposta diferente dos Estados Unidos.
O presidente Donald Trump também demonstrou otimismo quanto à resolução do conflito, afirmando que um acordo está “muito próximo”.
Em uma postagem nas redes sociais na sexta-feira, Trump celebrou o que chamou de “discussões inspiradoras e produtivas” com parceiros do Oriente Médio para encerrar a guerra em Gaza.
“Negociações intensas estão ocorrendo há quatro dias e continuarão pelo tempo que for necessário para alcançar um Acordo Completado com Sucesso”, escreveu Trump.
Ele acrescentou que “todos os países da região estão envolvidos, o Hamas está muito ciente dessas discussões, e Israel foi informado em todos os níveis, incluindo o primeiro-ministro Bibi (Benjamin) Netanyahu.”
Não está claro se o Hamas já foi apresentado à proposta, que pode ter passado por revisões nos últimos dias e ainda estar sujeita a ajustes. É provável que a proposta seja transmitida pelos catarianos ao que resta da equipe de negociação do Hamas em Doha.
Um alto oficial do Hamas disse à CNN no sábado (27) que o grupo não recebeu nenhuma nova oferta de cessar-fogo em Gaza. Netanyahu deve se reunir com Trump na Casa Branca na segunda-feira (29).
Trump enfatizou que o objetivo das negociações é conseguir a libertação dos reféns e estabelecer uma “Paz permanente e duradoura.”
Não está claro como o plano será recebido em Israel, onde membros da coalizão de extrema-direita de Netanyahu ameaçam derrubar o governo caso a guerra termine antes da erradicação do Hamas. Ministros de extrema-direita pressionam por uma tomada total de Gaza, além de estender a soberania israelense sobre grande parte ou toda a Cisjordânia ocupada.
Por enquanto, a campanha militar israelense em Gaza continua sem interrupções. O exército israelense informa que 700 mil pessoas deixaram a cidade de Gaza desde que receberam ordem para evacuar no início deste mês, enquanto três divisões israelenses expandem seu controle sobre a maior área urbana do território na tentativa de eliminar os redutos do Hamas.