Apesar de tamanho do congelamento surpreender, estimativas e aumento de impostos reforçam preocupações
Este conteúdo foi originalmente publicado em Por que o mercado reagiu de forma negativa ao anúncio fiscal do governo? no site CNN Brasil. Mercado, Cenário fiscal, CNN Brasil Money CNN Brasil
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro reagiram negativamente ao anúncio do congelamento de R$ 31,3 bilhões no orçamento e o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Em um primeiro momento, o anúncio causou uma onda positiva, com alta do Ibovespa e o dólar caindo abaixo de R$ 5,60.
Para analistas ouvidos pela CNN, a mudança de humor veio pela percepção de que o governo mira o teto da banda da meta do déficit primário perseguida pelo governo — ou seja, a tolerância máxima de um resultado negativo de R$ 31 bilhões ou 0,25% do PIB –, além de adiar resoluções e manter o temor com as contas públicas.
“Do lado positivo do anúncio, as projeções macro são próximas do que é apontado pelo mercado no Focus e o congelamento maior que a expectativa do mercado (entre R$ 10 a 15 bilhões). Do lado negativo do anúncio, as medidas estão mirando o teto da banda da meta primária”, afirma Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital.
Neste ano, o governo trabalha com a meta de zerar o déficit primário. Até o momento, as estimativas são de que o resultado ficará próximo do teto de 0,25% do PIB.
Em paralelo ao congelamento de gastos, o governo anunciou um reajuste no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Executivo diz buscar corrigir distorções com a medida que projeta uma elevação na arrecadação de mais de R$ 60 bilhões entre os próximos dois anos.
“As reações negativas são exatamente isso, uma reação a essa tributação. Aumenta a preocupação com o cenário fiscal. O governo trava de um lado e aumenta imposto para arrecadar mais. É um sinal claro de que sem intervenção não está conseguindo controlar as contas públicas”, avalia Daniel Teles, especialista da Valor Investimentos.
Ao olhar para este cenário, Pablo Spyer, economista e conselheiro da Ancord, vê um gesto errático por parte do governo.
“Isso gera desconfiança, porque não se trata de um ajuste fiscal estrutural e sustentável, mas sim de um remendo temporário. O investidor busca sinais de responsabilidade fiscal de longo prazo, e não soluções de curto prazo que posterguem o problema”, pontua.
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