Milhares de pessoas se reuniram para rezar em data que marca tragédia no Japão Internacional, Bomba Nuclear, EUA, Hiroshima e Nagasaki, Japão, Segunda Guerra Mundial CNN Brasil
Milhares de pessoas se reuniram para uma oração em Nagasaki neste sábado (9), dia que marca o 80º aniversário do bombardeio atômico da cidade japonesa, enquanto o prefeito alertava que os atuais conflitos globais poderiam levar o mundo novamente à guerra nuclear.
Após um momento de silêncio às 11h02 (horário local), marcando o momento exato da explosão, o prefeito Shiro Suzuki pediu aos líderes que retornassem aos princípios da Carta da ONU e mostrassem um caminho concreto para a abolição das armas nucleares, alertando que qualquer adiamento “não era mais permitido”.
“Esta é uma crise de sobrevivência humana que está se aproximando de cada um de nós”, falou Suzuki à multidão, estimada pela mídia japonesa em 2.700 pessoas.
Ele citou o depoimento de um sobrevivente para ilustrar a realidade de um ataque nuclear: “Ao meu redor, havia pessoas cujos globos oculares haviam saltado… Corpos estavam espalhados como pedras.”
“Não é essa perspectiva de ‘cidadão global’ que servirá como a força motriz para costurar novamente nosso mundo fragmentado?”, perguntou Suzuki, pedindo uma solução baseada na compreensão mútua e na solidariedade.
A cidade ocidental japonesa foi arrasada em 9 de agosto de 1945, quando os Estados Unidos lançaram uma bomba de plutônio-239 de 4.500 kg, apelidada de “Fat Man”, matando instantaneamente cerca de 27 mil dos cerca de 200 mil habitantes da cidade.
No final de 1945, o número de mortes por exposição aguda à radiação havia chegado a cerca de 70 mil.
A destruição de Nagasaki ocorreu três dias depois que uma bomba americana de urânio-235 destruiu Hiroshima. O Japão se rendeu em 15 de agosto, encerrando a Segunda Guerra Mundial.
Acredita-se que os militares dos EUA tenham escolhido Nagasaki como alvo devido à sua importância como uma grande cidade industrial e portuária.
Muitos acreditam também que as características geográficas da cidade, incluindo o relevo acidentado, tenham concentrado a explosão.
Representantes de 95 países e territórios, incluindo a superpotência nuclear Estados Unidos, e Israel – que não confirma nem nega possuir armas nucleares – compareceram à cerimônia anual no Parque Memorial da Paz de Nagasaki para celebrar o ano marcante.
A Rússia, que possui o maior arsenal nuclear do mundo, também esteve representada.
Daiji Kawanaka, um turista de 14 anos de Osaka, concordou com os sentimentos do prefeito.
“Eu realmente acredito que uma tragédia como esta nunca deve se repetir”, disse ele à agência de notícias Reuters, afirmando que o aniversário estimula conversas sobre paz até mesmo entre seus jovens colegas.
“Tudo que podemos fazer é nos comprometer a tomar a iniciativa de dar um passo em direção à paz”, acrescentou.
A principal organização japonesa de sobreviventes da bomba atômica, Nihon Hidankyo, ganhou o Prêmio Nobel da Paz no ano passado pela campanha por um mundo sem armas nucleares.
Os sobreviventes, conhecidos como “hibakusha”, continuam sofrendo os efeitos da radiação e da discriminação social.
Com o número de pessoas que sobreviveram às bombas caindo para menos de 100 mil pela primeira vez neste ano, as histórias alimentam os esforços contínuos para defender um mundo sem armas nucleares.
O Japão, o único país a ter sofrido ataques nucleares, declarou seu compromisso com o desarmamento nuclear, mas não é signatário nem observador do tratado da ONU para proibir armas nucleares.