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O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, afirmou nesta terça-feira (12) que o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, estava “em negação” sobre a situação humanitária em Gaza, um dia após anunciar que a Austrália reconheceria um Estado palestino pela primeira vez.
A Austrália reconhecerá a Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas no próximo mês, disse Albanese na segunda-feira (11), uma medida que aumenta a pressão internacional sobre Israel após anúncios semelhantes da França, Grã-Bretanha e Canadá.
Albanese afirmou nesta terça-feira que a relutância do governo Netanyahu em ouvir seus aliados contribuiu para a decisão da Austrália de reconhecer um Estado palestino.
“Ele reiterou para mim o que já havia dito publicamente, que é negar as consequências que estão ocorrendo para pessoas inocentes”, disse Albanese em entrevista à emissora estatal ABC, relatando um telefonema de quinta-feira (7) com Netanyahu discutindo o assunto.
A decisão da Austrália de reconhecer um Estado palestino está condicionada aos compromissos assumidos pela Autoridade Palestina, incluindo o de que o grupo islâmico Hamas não teria envolvimento em nenhum Estado futuro.
A líder da oposição de direita, Sussan Ley, declarou que a medida, que rompe com a política bipartidária de longa data em relação a Israel e aos territórios palestinos, arrisca comprometer o relacionamento da Austrália com os Estados Unidos.
Mudança de sentimento
Albanese afirmou há apenas duas semanas que não se comprometeria com um cronograma para o reconhecimento do Estado palestino.
Seu atual Partido Trabalhista, de centro-esquerda, que conquistou uma maioria ampliada nas eleições gerais de maio, temia dividir a opinião pública na Austrália, que possui minorias significativas de judeus e muçulmanos.
Mas o sentimento público mudou drasticamente depois que Israel anunciou que planejava assumir o controle militar de Gaza, em meio a crescentes relatos de fome e desnutrição entre sua população.
Dezenas de milhares de manifestantes marcharam pela Ponte da Baía de Sydney neste mês, pedindo entregas de ajuda humanitária em Gaza, enquanto a crise humanitária se agravava.
“Esta decisão é motivada pelo sentimento popular na Austrália, que mudou nos últimos meses, com a maioria dos australianos desejando o fim iminente da crise humanitária em Gaza”, expressou Jessica Genauer, professora sênior de relações internacionais na Universidade Flinders.
A líder da oposição, Ley, disse que a decisão foi “desrespeitosa” com os Estados Unidos, um importante aliado que se opõe à criação de um Estado palestino.
“Jamais teríamos tomado essa medida porque isso vai completamente contra os nossos princípios, que são o de que o reconhecimento, a solução de dois Estados, ocorre ao final do processo de paz, não antes”, declarou ela em entrevista à rádio 2GB.
A vizinha Nova Zelândia afirmou que continua considerando se reconhece um Estado palestino, decisão que recebeu críticas da ex-primeira-ministra Helen Clark nesta terça-feira (12).
“Esta é uma situação catastrófica, e aqui estamos nós na Nova Zelândia, de alguma forma, discutindo um ponto delicado sobre se devemos reconhecer que precisamos somar nossa voz à necessidade de acabar com esta catástrofe”, disse ela em entrevista à emissora estatal RNZ. “Esta não é a Nova Zelândia que eu conheço.”