Viagem de Narendra Modi acontece após Trump impor tarifa de 50% aos indianos e retoma com Xi Jinping uma parceria congelada há anos Macroeconomia, China, CNN Brasil Money, Índia, Tarifaço EUA CNN Brasil
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em visita à China neste domingo (31), reforçou a parceria comercial entre os países e colocou ambos os líderes em concordância sobre Índia e China serem parceiras de desenvolvimento, e não rivais.
Segundo Modi, a Índia e a China buscam autonomia estratégica e seus laços não devem ser vistos pela lente de um terceiro país, informou o Ministério das Relações Exteriores indiano.
Modi também enfatizou a redução do déficit comercial da Índia com a China e a expansão da cooperação em questões regionais e globais, incluindo práticas de comércio justo, acrescentou o ministério.
A reunião acontece dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor tarifas de 50% sobre produtos indianos em resposta à compra de petróleo russo por Nova Déli. Segundo analistas, a medida tarifária levou Modi e Xi a se alinharem contra as pressões ocidentais.
“Estamos comprometidos em progredir em nossas relações com base no respeito mútuo, confiança e sensibilidade”, disse Modi a Xi durante a reunião à margem da cúpula, de acordo com um vídeo postado em sua conta oficial no X.
A China se opõe às tarifas de Washington sobre a Índia e “apoiará firmemente a Índia”, disse o embaixador chinês na Índia, Xu Feihong, neste mês.
Reaproximação entre Índia e China
A pressão econômica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece estar reaproximando a relação entre a Índia e a China, que estava congelada há mais de cinco anos.
É a primeira vez desde 2018 que o primeiro-ministro indiano viaja à China para participar de uma cúpula organizada pelo líder chinês Xi Jinping.
A China é o maior parceiro comercial bilateral da Índia, mas o déficit comercial de longa data — uma fonte persistente de frustração para as autoridades indianas — atingiu o recorde de US$ 99,2 bilhões neste ano.
Em um momento de tensão geopolítica, os líderes dos países – que travaram um combate brutal na fronteira disputada em 2020 – agora podem priorizar a estabilidade econômica em detrimento da rivalidade.
A presença da Índia no evento é um exemplo do estreitamento dos laços entre as duas potências asiáticas, o que ameaça desfazer anos de esforços dos EUA para manter Nova Déli como contrapeso à China na região.
Embora a relação entre a Índia e a China já estivesse se estreitando nos últimos tempos, analistas afirmam que as políticas “América Primeiro” de Trump estão levando os dois líderes, que construíram suas marcas políticas sobre uma base sólida de nacionalismo, a explorar uma parceria necessária.
Tarifas de Trump sobre a Índia
As tarifas de Trump sobre Índia como forma de punição pela compra de petróleo russo tem sido especialmente difícil para Modi, que tinha uma relação de amizade com Trump durante o primeiro mandato do presidente americano.
A ameaça das taxas “gerou um certo grau de urgência” em Nova Déli para estabilizar orelacionamento com Pequim, disse Manoj Kewalramani, que lidera os estudos Indo-Pacífico da Instituição Takshashila, na cidade indiana de Bengaluru.
No entanto, ele afirmou que este não é o “principal impulsionador” para uma reconfiguração do relacionamento, já que Nova Déli e Pequim também buscam estabilizar os laços em prol dos próprios interesses nacionais.
Vários governos da Casa Branca têm trabalhado para fortalecer os laços estratégicos com a Índia por meio de transferências de tecnologia e exercícios militares conjuntos, com o objetivo de combater a China, que tem sido cada vez mais assertiva na região do Indo-Pacífico.
(Publicado por Gisele Farias e Gustavo Zanfer, com informações de Rhea Mogul, da CNN, e da Reuters)
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