Ao reconhecer que viajar a Belém apresenta desafios logísticos, a Presidência da COP30 reforçou o apelo por forte participação da iniciativa privada. Segundo a sétima carta divulgada nesta sexta-feira (29/8), o setor empresarial é peça-chave para fechar as contas e destravar a agenda trilionária de implementação de ações de combate à mudança do clima.
“Essas conversas cruciais devem acontecer não apenas onde é fácil, mas onde é mais importante”, diz o documento, que também destaca o “contexto de incerteza sistêmica, em que a urgência climática interage com desafios geopolíticos e socioeconômicos agravados”, certamente complicado dada a atuação dos Estados Unidos.
Informações direto ao ponto sobre o que realmente importa: assine gratuitamente a JOTA Principal, a nova newsletter do JOTA
O embaixador André Corrêa do Lago, presidente-designado da COP30, afirmou que, apesar do desengajamento do governo dos Estados Unidos, “o setor privado americano poderá ter participação muito maior do que o setor público americano jamais teve”.
Segundo ele, as contribuições públicas dos EUA aos fundos climáticos estão muito aquém do peso e da relevância do país. “Mesmo durante este governo, se houver projetos vantajosos para suas instituições, não haverá uma batalha ideológica em relação a isso”, afirmou.
Ao apresentar a nova carta, Corrêa do Lago reconheceu que o momento atual é muito distinto daquele em que se realizou a Rio-92, quando se achava que os recursos tinham de ser públicos e vir dos país desenvolvidos. Hoje, o financiamento é um dos maiores desafios da COP30.
“Não só os países desenvolvidos fugiram clarissimamente da responsabilidade dos recursos públicos, como a escala do que é necessário se tornou infinitamente maior do que todo mundo achava em 1992. Então, o setor privado vai, sim, ter papel na maioria das opções que a gente deve mostrar que são possíveis para aumentar os recursos para US$ 1,3 trilhão”, afirmou.
Conheça o JOTA PRO Poder, plataforma de monitoramento que oferece transparência e previsibilidade para empresas
Ele pediu coragem das empresas em Belém e, ao falar sobre energias renováveis, observou que os Estados Unidos já passaram da fase de retirar incentivos para adotar medidas restritivas. “Os mais otimistas dirão que as renováveis estão tão fortes que o governo Trump está tendo que criar legislação contra. Esse argumento é perfeitamente aceitável”, afirmou.
A CEO da COP30, Ana Toni, confirmou que o presidente Lula enviou ao americano Donald Trump uma carta convidando-o para a cúpula em Belém, mas ainda não houve resposta. Os EUA não participaram das reuniões ministeriais de preparação nem enviaram representantes ao encontro de Bonn, a última grande etapa técnica antes da conferência.