Os Estados Unidos enviaram Kilmar Abrego Garcia para uma prisão salvadorenha sob alegação de envolvimento com gangues; família nega
Este conteúdo foi originalmente publicado em Presidente de El Salvador diz que não devolverá homem deportado por engano no site CNN Brasil. Internacional, Deportação, Donald Trump, El Salvador, Estados Unidos, Imigrantes CNN Brasil
O presidente de salvadorenho, Nayib Bukele, disse nesta segunda-feira (14), que não tem planos de devolver Kilmar Abrego Garcia aos Estados Unidos, após ter sido deportado por engano para uma prisão em El Salvador. A declaração ocorreu durante um encontro com presidente americano Donald Trump, na Casa Branca.
Em uma reunião no Salão Oval, Trump elogiou Bukele por abrir o sistema prisional de seu país para abrigar deportados dos Estados Unidos, considerados imigrantes de gangues.
Durante a reunião, o líder americano prometeu deportar o maior número de imigrantes irregulares possível e afirmou que os EUA ajudariam El Salvador a construir novas prisões.
O governo Trump deportou centenas de pessoas, principalmente venezuelanos, para El Salvador sob a Lei dos Inimigos Estrangeiros de 1798, incluindo um residente de Maryland que foi deportado por engano.
Bukele disse que não tinha poder para devolver o salvadorenho Kilmar Abrego Garcia aos Estados Unidos.
“A pergunta é absurda. Como posso contrabandear um terrorista para os Estados Unidos?” disse Bukele, ecoando a afirmação do governo Trump de que Garcia é um imigrante da gangue MS-13.
Trump, que assumiu o cargo em janeiro prometendo reformar a política de imigração dos EUA, encontrou um espírito semelhante para esse esforço em Bukele. Os migrantes que El Salvador aceita estão alojados em uma prisão de alta segurança. Críticos dizem que a medida é uma violação dos direitos humanos.
Trump se encontrou com Bukele na Casa Branca para discutir mais cooperação sobre segurança e migração, além das políticas salvadorenhas de Bitcoin e tarifas.
Grupos de direitos humanos dizem que Bukele prendeu milhares de pessoas sem o devido processo em uma repressão generalizada às gangues; Bukele rejeita.
O líder de El Salvador disse a Trump que ele é acusado de aprisionar “milhares” de pessoas. “Gosto de dizer que nós realmente libertamos milhões”, disse.
“É um pecado o que eles fizeram, e você está nos ajudando. Agradecemos”, disse Trump.
Na semana passada, o Departamento de Estado americano elevou o aviso para os viajantes americanos a El Salvador para o nível um, o nível mais seguro, creditando Bukele por reduzir a atividade de gangues e crimes violentos.
Os EUA deportaram para El Salvador mais 10 pessoas no sábado que eles alegam serem integrantes de gangues. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, chamou a aliança entre Trump e Bukele de “um exemplo de segurança e prosperidade em nosso hemisfério.”
Advogados e parentes dos migrantes detidos em El Salvador dizem que eles não são imigrantes de gangues e não tiveram oportunidade de contestar as acusações do governo americano. A administração Trump diz que verificou o histórico das pessoas deportadas para garantir que eles pertenciam a grupos criminosos, incluindo Tren de Aragua e MS-13, que os EUA classificam como organizações terroristas.
No mês passado, depois que um juiz disse que voos transportando migrantes processados sob a Lei de Inimigos Alienígenas deveriam retornar aos EUA, Bukele escreveu “Oopsie… Tarde demais” nas redes sociais, juntamente com imagens de homens sendo empurrados para fora de um avião.
Homem deportado por engano
Kilmar Abrego Garcia foi enviado para o Centro de Confinamento Terrorista em El Salvador no dia 15 de março, apesar de uma ordem protegendo-o da deportação. O caso chamou atenção especial.
A Suprema Corte dos EUA confirmou uma ordem da juíza Paula Xinis exigindo que a administração americana “facilite e efetive” o retorno de Garcia.
Trump disse a repórteres na sexta-feira que sua administração traria o homem de volta se o alto tribunal ordenasse. No entanto, em uma ação judicial no domingo, a administração americana disse que não era obrigada a ajudar Garcia a sair da prisão em El Salvador.
O vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, insistiu que a deportação do homem era legal, apesar da ordem judicial. “Seu status era que ele é um estrangeiro ilegal que foi ordenado deportado, o que significa que ele pode ser detido indefinidamente e removido para qualquer outro país do mundo”, disse Miller.
Um juiz de imigração já havia concedido a Garcia proteção contra sua deportação para El Salvador, uma vez que havia o risco do homem sofrer violência de gangues no país. Garcia tinha permissão para trabalhar nos Estados Unidos.
Manifestantes, incluindo a esposa de Garcia, reuniram-se fora da Casa Branca antes do encontro de Trump com Bukele.
“Presidente Trump, traga Kilmar para casa agora!” disse o grupo.
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