Secretário de Estado da Santa Sé criticou sofrimento causado ao povo palestino e lamentou impotência da ajuda da comunidade internacional no conflito Internacional, Faixa de Gaza, Hamas, Igreja Católica, Israel, Vaticano CNN Brasil
O principal diplomata do Vaticano afirmou que o Exército de Israel está realizando um “massacre contínuo” na Faixa de Gaza, em uma das condenações mais veementes da Igreja Católica à guerra entre Israel e o Hamas até o momento.
O Cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, fez as declarações em uma entrevista ao jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, na véspera do segundo aniversário dos ataques do Hamas contra comunidades israelenses.
Parolin classificou esses ataques como um “massacre desumano”, alertou contra o “câncer” do crescente antissemitismo e disse que o “mal” que levou ao Holocausto não deve ressurgir”.
Mas o cardeal pontuou que o Exército de Israel, ao tentar eliminar os integrantes do Hamas, está “visando uma população em grande parte indefesa, já levada ao limite”.
Ele também lamentou que “a comunidade internacional esteja, infelizmente, impotente e que os países verdadeiramente capazes de exercer influência não tenham até agora agido para impedir o massacre em curso”.
O cardeal destacou, por fim, que muitas vozes no mundo judaico discordam veementemente de “como o atual governo israelense operou e continua a operar em Gaza e no resto da Palestina”.
Entenda a guerra na Faixa de Gaza
A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 outubro de 2023, depois que o Hamas lançou um ataque terrorista contra Israel. Combatentes do grupo radical palestino mataram 1.200 pessoas e sequestraram 251 reféns naquele dia.
Então, tropas israelenses deram início a uma grande ofensiva com bombardeios e por terra para tentar recuperar os reféns e acabar com o comando do Hamas.
Os combates resultaram na devastação do território palestino e no deslocamento de cerca de 1,9 milhão de pessoas, o equivalente a mais de 80% da população total da Faixa de Gaza, segundo a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos).
Desde o início da guerra, pelo menos 65 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
O ministério, controlado pelo Hamas, não distingue entre civis e combatentes do grupo na contagem, mas afirma que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. Israel diz que pelo menos 20 mil são combatentes do grupo radical.
Parte dos reféns foi recuperada por meio de dois acordos de cessar-fogo, enquanto uma minoria foi recuperada por meio das ações militares.
Autoridades acreditam que cerca de 50 reféns ainda estejam em Gaza, sendo que cerca de 20 deles estariam vivos.
Enquanto a guerra avança, a situação humanitária se agrava a cada dia no território palestino. Com a fome generalizada pela falta da entrada de assistência na Faixa de Gaza, os relatos de pessoas morrendo por inanição são diários.
Israel afirma que a guerra pode parar assim que o Hamas se render, e o grupo radical demanda melhora na situação em Gaza para que o diálogo seja retomado.

