Departamento de Comércio dos EUA destaca déficit comercial em alguns setores, apesar de superávit no geral, e tarifas brasileiras que consideram “injustas” Macroeconomia, CNN Brasil Money, Donald Trump, PIX, Regulação da Mídia, Tarifas CNN Brasil
Os Estados Unidos iniciaram uma investigação contra o Brasil pelo que consideram “práticas comerciais desleais”, com o objetivo de avaliar o impacto de ações e políticas brasileiras na economia americana.
A divulgação de um documento nesta terça-feira (15) de anúncio da investigação se dá após questionamentos, inclusive da imprensa americana, sobre os motivos que levaram o presidente Donald Trump a taxar o Brasil em 50% – a maior tarifa anunciada até o momento.
No entanto, diferentemente do argumento usado por Trump para taxar outros países que têm superávit comercial com os americanos, o Brasil importou mais do que exportou dos EUA, ou seja, é um bom parceiro comercial.
Ao anunciar a taxação de 50% sobre produtos brasileiros, inicialmente não houve justificativa econômica pública por parte da Casa Branca. Agora, o governo americano traz argumentos setoriais sobre os motivos de insatisfação dos EUA com o Brasil.
Déficit comercial
Apesar de os Estados Unidos terem superávit comercial com o Brasil, o Departamento de Comércio americano disse que essa realidade não recai sobre o mercado agrícola.
O órgão destacou que o país é um grande concorrente nas vendas globais de carne bovina, milho e soja e que, quando a China exerce “coerção econômica” e restringe ou proíbe as exportações desses produtos dos EUA, o Brasil reabastece o mercado chinês no lugar.
“Embora os Estados Unidos tenham um superávit comercial geral com o Brasil em bens e serviços, o déficit comercial dos EUA com o Brasil em produtos agrícolas aumentou acentuadamente nos últimos anos, de aproximadamente US$ 3 bilhões em 2020 para US$ 7 bilhões em 2024”, destacou.
A insatisfação é acentuada pois os americanos acreditam que o desmatamento ilegal no Brasil favorece a produção agrícola em áreas que deveriam ser preservadas, e produtos produzidos ilegalmente acabam entrando nos EUA e em outros países com preços mais baixos por isso.
Tarifas “injustas”
Os Estados Unidos também acusam o Brasil de impor tarifas injustas em alguns mercados, como no caso do etanol, em que os dois países dominam cerca de 80% da produção.
A partir de 1º de janeiro de 2024, o Brasil fixou sua alíquota tarifária sobre etanol em 18%, valor que permanece. “Essas tarifas tiveram impactos demonstráveis nas exportações de etanol dos EUA para o Brasil”, disse o órgão.
Entre 2010 a 2017 havia um acordo de praticamente isenção entre as duas nações, mas os americanos consideram que houve um rompimento de iniciativa brasileira ao adotar uma taxa por montante exportado.
Depois de idas e vindas na cobrança, a partir de 1º de janeiro de 2024 o Brasil a sua alíquota tarifária sobre etanol em 18%, valor que permanece. “Essas tarifas tiveram impactos demonstráveis nas exportações de etanol dos EUA para o Brasil”, disse o órgão.
Pix e regulamentação da mídia
Também houve a sinalização de que o sistema de pagamentos do Brasil é um implicador às empresas americanas no país. A sinalização é de que o Pix, ferramenta de pagamento instantâneo do Banco Central, não permite a concorrência de produtos semelhantes.
“O Brasil também parece se engajar em uma série de práticas desleais com relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, cita o documento.
Um dos casos mais emblemáticos dessa concorrência entre sistemas de pagamento aconteceu com o serviço WhatsApp Pay, controlado pela big tech Meta.
Como a economia brasileira deve ser afetada com o tarifaço de Trump?