Ana Lúcia Ferreira, presa em Taubaté (SP), operava como intermediária e negociadora de esquema que conectava PCC e CV; veja rede de contatos de ex-esposa de “Galã” Rio de Janeiro, -agencia-cnn-, Comando Vermelho, PCC, São Paulo (geral) CNN Brasil
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta terça-feira (2), Ana Lúcia Ferreira, suspeita de integrar um esquema criminoso que abastecia o Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, com armas e drogas.
Segundo as investigações, ela era responsável por intermediar e negociar a compra de drogas e armas com fornecedores baseados em Ponta Porã (MS). Com uma ampla rede de contatos no crime organizado, a mulher acumulou experiência nas tratativas por meio de antigos relacionamentos com figuras ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Entenda a rede de contatos abaixo:
- Ana Lúcia Ferreira é ex-esposa de Elton Leonel da Silva, conhecido como “Galã”, um dos chefes do PCC e, até a sua prisão em 2018, principal fornecedor de drogas e armas na América Latina;
- A mulher é também é nora do falecido empresário pecuarista Carlos Augusto Flores, o “Carlinhos Flores”. O homem foi alvo da Operação Omertà da Polícia Federal, uma das maiores ofensivas contra o crime organizado no Mato Grosso do Sul;
- Além disso, Ana Lúcia possui uma filha com Rodrigo Antunes Flores, preso em 2024 com Édson Salinas, após serem responsabilizados pela fuga de presos ligados ao crime organizado no Paraguai;
- Édson é apontado como “sucessor” de Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, vulgo “Minotauro”. O homem foi preso em 2019 e segundo a polícia, era o chefe do PCC na fronteira do Brasil com o Paraguai após o assassinato de Jorge Rafaat.
De acordo com a corporação, Ana Lúcia gerencia a logística de forma interestadual, ao se deslocar com frequência, entre São Paulo, Mato Grosso do Sul e o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Ela também ostenta imóveis, joias e veículos em nome de terceiros, que seguem um padrão de ocultação.
Ana Lúcia Ferreira foi presa em Taubaté, em São Paulo, durante a Operação Bella Ciao, coordenada pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD). A ação mira um consórcio formado por integrantes das facções Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC).
Entenda esquema que ligava PCC ao CV
De acordo com as investigações, o grupo que Ana integra movimentou mais de R$250 milhões com a venda de armas de grosso calibre e carregamentos de entorpecentes. A quadrilha atuava de forma estruturada, utilizando empresas de fachada, contas bancárias de laranjas e uma logística interestadual que conectava Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
Gustavo Miranda de Jesus, detido na Pavuna (RJ), é suspeito de cuidar da movimentação financeira do esquema. Ele seria o responsável por lavar o dinheiro do tráfico em empresas de fachada e eventos para encobrir fluxos de capitais ilícitos.
As investigações também apontam que Fhillip da Silva Gregório, o “Professor”, morto no início de junho, coordenava toda a logística. Ex-chefe da Comunidade da Fazendinha, no Complexo do Alemão, ele articulava compras em larga escala de drogas e armamentos, e controlava o tráfico na região.
Além das prisões, a operação cumpre 57 mandados de busca e apreensão em endereços nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Outro alvo da operação, Luiz Eduardo Grego, conhecido como “Cocão”, está foragido. Ele seria o representante comercial do grupo e estava sendo treinado por Ana para substituí-la em algumas reuniões. Ele atuava também como segurança pessoal do “Professor”.
Os envolvidos foram indiciados por tráfico interestadual de drogas, comércio ilegal de armas, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

