Entre os detidos estão Alessandra Moja, irmã de “Leo do Moinho”; sua filha, Yasmin Moja; e “Carlinhos”, apontado como o sucessor do tráfico de drogas na comunidade após a prisão de Leo São Paulo, -agencia-cnn-, Operação, PCC (Primeiro Comando da Capital), São Paulo (geral) CNN Brasil
Sete pessoas foram presas, na manhã desta segunda-feira (8), durante uma operação do MPSP (Ministério Público de São Paulo) com apoio da Polícia Militar e da Polícia Civil, contra a atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital) dentro da Favela do Moinho, no Centro da capital paulista.
A ação, batizada de Operação Sharpe, tem como objetivo cumprir dez mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão contra membros do grupo.
Entre os detidos estão Alessandra Moja e Yasmin Moja — irmã e sobrinha de Leo do Moinho, preso em operação do ano passado; o marido de Alessandra, preso em flagrante; José Carlos da Silva, conhecido como “Carlinhos”; Jorge de Santana; Cláudio dos Santos Celestino, conhecido como “Xocolate”; e um homem ainda não identificado.
Entenda abaixo quem são os presos:
- Alessandra Moja é irmã de Leonardo Moja, conhecido como Leo do Moinho, que chefiava o tráfico no local e foi preso no ano passado. Segundo o MP, ela é líder comunitária da “Associação dos Moradores da Favela do Moinho” e exerce importante papel na mobilização e organização das manifestações públicas que blindam a comunidade de intervenções policiais, além de auxiliar o irmão nas “empreitadas criminosas”.
- Yasmin Moja, também presa na operação, é filha de Alessandra Moja e sobrinha de Leo do Moinho.
- José Carlos da Silva, vulgo “Carlinhos”, mora em uma habitação coletiva nas proximidades da comunidade e, segundo o MPSP, é integrante do PCC. Ele teria sido nomeado por Leo do Moinho para assumir o comando do tráfico de drogas no local após sua prisão. O homem também é apontado como um dos principais responsáveis pela cobrança de proprina na desocupação coordenada pela CDHU.
- Jorge de Santana foi identificado como um dos responsáveis pelo armazenamento de drogas e armas no interior da “Favela do Moinho”. Ele é apontado como proprietário de um bar, onde foi visto por diversas vezes, ao trabalhar, na presença de lideranças do tráfico e de “olheiros”.
- Cláudio dos Santos Celestino, vulgo “Xocolate” ou “MC Xocolate”, é o antigo proprietário dos estabelecimentos “Moinho Burguer”, “Moinho Lounge” e “Xocolounge”, que estariam situados em uma edificação pertencente a Leo do Moinho, na qual o homem também teria cômodos dedicados à habitação. De acordo com o MP, além de sediar eventos musicais, o local também é um ponto de venda de drogas. Além disso, os cômodos estariam sendo usados para armazenamento de drogas, armas, preparo dos entorpecentes e controle contábil das atividades ilegais. “Xocolate” também estaria diretamente envolvido na lavagem de dinheiro da organização controlada por Leo do Moinho, sendo responsável por processar movimentações financeiras com comerciantes que atuam no Centro de São Paulo.
- Durante o cumprimento dos mandados, um homem identificado como Roberto, que seria marido de Alessandra, também foi preso. Segundo a polícia, drogas teriam sido encontradas na casa dele. “Não tinha nada na minha casa, eles colocaram”, afirmou Alessandra enquanto chegava ao Dope (Divisão de Capturas, do Departamento de Operações Especiais).
- Um outro homem, também preso na operação, ainda não foi identificado.
A Polícia ainda busca prender outros quatro alvos da operação. A CNN tenta localizar a defesa dos citados.
Operação Sharpe no Moinho
A operação desta segunda é um desdobramento da Operação Salus et Dignitas, deflagrada no dia 6 de agosto do ano passado com o objetivo de desarticular ações do crime organizado na região da Cracolândia. Leo do Moinho foi preso na ocasião.
Segundo investigação do Gaeco, mesmo preso, Leo continuava a emitir ordens de dentro do presídio com a finalidade de intimidar funcionários da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), impedindo que famílias aceitassem indenização pelas suas moradias e deixassem o local.
Em abril deste ano, o governo de São Paulo iniciou um plano de reassentamento voluntário na região, já que a Favela do Moinho é a única favela localizada no centro da capital paulista. A CDHU planeja reestruturar a área, com a implantação do Parque do Moinho para impedir novas ocupações.
“As autoridades desferem novo golpe no grupo criminoso, que tentava se reorganizar por meio do tráfico de entorpecentes e que permanecia coagindo moradores e agentes públicos que trabalham na reurbanização da “Favela do Moinho”, cuja área será transformada em um parque público, assim como as famílias serão realocadas e devidamente indenizadas pelas suas moradias”, diz o MPSP.
De acordo com o MPSP, a Operação Salus et Dignitas teve como resultado a quase total eliminação das cenas abertas de uso de drogas na região da Cracolândia, já que o tráfico de drogas era, segundo o levantamento feito por um ano, apenas uma das vertentes dos crimes cometidos em um ambiente transformado em um verdadeiro “ecossistema para o cometimento de ilícitos” do PCC.
*Sob supervisão de Carolina Figueiredo