Integrantes do governo Lula acusam Bolsonaro de sabotagem; oposição culpa o Brics Política, Donald Trump, Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), tarifaço Trump CNN Brasil
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto gerou forte repercussão entre lideranças políticas brasileiras nas redes sociais. Enquanto aliados do governo apontam interferência da família Bolsonaro, a oposição culpa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela deterioração nas relações com os EUA.
Para parlamentares governistas, a escalada nas tensões comerciais tem origem em articulações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), junto ao governo norte-americano. Em publicação nas redes sociais, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) classificou os Bolsonaro como “traidores da pátria”.
“Sim, Bolsonaro é corresponsável pela incerteza econômica que pode atingir famílias brasileiras. […] Tudo com apoio de Eduardo Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas”, escreveu. Ela afirmou ainda que o presidente Lula seguirá negociando com os EUA e lembrou que o Congresso brasileiro já aprovou uma lei que autoriza retaliações comerciais, inclusive contra big techs norte-americanas.
RESPEITA O BRASIL!
Após uma campanha de Jair Bolsonaro e sua família, Trump anunciou tarifas de 50% na compra de produtos brasileiros por estadunidenses a partir de 1° de agosto.
Sim, Bolsonaro é corresponsável pela incerteza econômica que pode atingir famílias brasileiras.…
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) July 9, 2025
Renan Calheiros (MDB-AL), que já foi presidente da Comissão de Relações Exteriores no Senado, defende que existe um meio legal para responder “proporcionalmente” às ameaças de Trump.
“A CAE do Senado puxou o tema e deu ao país, em apenas 48 horas, o meio legal para responder proporcionalmente às ameaças externas. Soberania não se negocia”, escreveu Calheiros no X (antigo Twitter).
O Brasil já dispõe de uma lei para retaliar protecionismos e terrorismos comerciais. A CAE do Senado puxou o tema e deu ao país, em apenas 48 horas, o meio legal para responder proporcionalmente às ameaças externas. Soberania não se negocia.
— Renan Calheiros (@renancalheiros) July 9, 2025
No mesmo tom, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT-SP), também responsabilizou Bolsonaro pelas sanções. Em sua conta oficial, declarou: “Jair Bolsonaro não tem limites quando se trata de defender os próprios interesses. Ele e Eduardo estão atiçando Trump contra o Brasil para tentar se livrar da cadeia.”
Já a oposição ao governo Lula adotou discurso de crítica à atuação diplomática brasileira.
O inelegível @JairBolsonaro não tem limites quando se trata de defender os próprios interesses, inclusive jogar contra o Brasil. É isso que ele e o Eduardo @BolsonaroSP estão fazendo agora, atiçando o @realDonaldTrump contra o Brasil pra tentar se livrar da cadeia. Ninguém leva a…
— Paulo Teixeira (@pauloteixeira13) July 9, 2025
Para o deputado Eduardo Bolsonaro, o alinhamento do atual governo com os países do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — contribuiu para o agravamento da situação. “A brincadeira de Lula nos Brics vai sair caro para todos os brasileiros. Algum empresário nacional ainda apoia Lula?”, questionou Eduardo, em referência à recente cúpula do grupo.
O inelegível @JairBolsonaro não tem limites quando se trata de defender os próprios interesses, inclusive jogar contra o Brasil. É isso que ele e o Eduardo @BolsonaroSP estão fazendo agora, atiçando o @realDonaldTrump contra o Brasil pra tentar se livrar da cadeia. Ninguém leva a…
— Paulo Teixeira (@pauloteixeira13) July 9, 2025
A decisão de Trump de taxar produtos brasileiros ocorre numa esteira de declarações polêmicas e medidas protecionistas do republicano. O ex-presidente norte-americano tem intensificado críticas a países do Brics e retomado o discurso de que o Brasil adota práticas comerciais desleais, em um movimento que visa agradar sua base eleitoral e setores da indústria norte-americana.
Embora o governo brasileiro ainda não tenha divulgado um posicionamento oficial, fontes indicam que há expectativa de negociação até a entrada em vigor das tarifas. A possibilidade de uma possível retaliação pode ser avaliada pelo Palácio do Planalto.