Todos os dias, às 5h da manhã, um grupo de 15 pessoas se reúne na Estação Pirajá para embarcar no metrô. As viagens diárias aproximaram os passageiros, que começaram a trocar conversas durante o trajeto. Com o tempo, essa convivência deu origem a uma amizade que ultrapassou os vagões e ganhou espaço no WhatsApp, com a criação do grupo “Resenha do Metrô”.
Nesta terça-feira (22), os integrantes organizaram um café da manhã especial no metrô. Sandra Noel dos Santos, auxiliar de serviços gerais de 37 anos, participou do encontro e explicou que o grupo começou há três anos. A ideia de criar o chat no aplicativo surgiu há cerca de cinco meses, por sugestão de uma das participantes.
“A amizade foi crescendo e decidimos trocar contatos. Conversamos sobre o dia a dia, marcamos encontros e confraternizações no metrô. Quando alguém não aparece, precisa avisar para não ficarmos preocupados. Já fomos até 30 pessoas no grupo, mas, com a inauguração da Estação Águas Claras no final de 2023, ficou mais difícil manter o mesmo trajeto e horários”, contou Sandra.
Carlos da Conceição Santos, auxiliar de almoxarifado, compartilhou como a amizade começou. “No início, eu tinha um pequeno conflito com a Sandra porque queríamos ficar no mesmo espaço no metrô, e quem não conseguia acabava em outro vagão. Isso acabou nos aproximando e hoje somos grandes amigos”, lembrou.
Confraternização no café da manhã
O café reuniu cerca de 10 participantes e celebrou a amizade construída ao longo dos anos. A ideia inicial era organizar uma despedida para um colega do grupo que está se mudando para Belo Horizonte, mas, devido a imprevistos, ele não pôde participar. Ainda assim, os integrantes seguiram com a celebração.
“O horário dele mudou, e ele avisou que não poderia ir pela manhã. Decidimos fazer um café, cada um levou algo, e até convidamos outros passageiros para participar da resenha. Foi maravilhoso, todos se divertiram muito”, relatou Sandra. Ela também lembrou que, no Natal passado, o grupo organizou um amigo secreto, inicialmente planejado para acontecer na estação, mas que acabou sendo transferido para um shopping por conta do tempo curto das viagens.
Uma amizade que vai além
A rotina de Sandra começa cedo: ela acorda às 3h30, sai de sua casa em Jardim Cajazeiras e pega um ônibus até a Estação Pirajá. De lá, faz o trajeto até a Estação da Lapa e segue para o trabalho na Federação.
“Antes, eu usava o metrô para dormir, mas acabava roncando, e o pessoal ria disso. Foi assim que começamos a interagir e nos identificar. Hoje, quando tiro férias, faço chamadas de vídeo com eles, e todo mundo pede para eu voltar porque sentem saudade. É uma amizade tão forte que parece de irmãos”, contou Sandra.
Histórias como essa não são raras no metrô de Salvador. Um exemplo conhecido é o dos participantes do Big Brother Brasil 25, Aline Patriarca e Vinícius Nascimento, que se conheceram em uma das estações e construíram uma amizade que os levou a competir juntos no programa.
Para Sidmar Copque, supervisor de estações da CCR Metrô Bahia, essas experiências mostram que o metrô é mais do que um meio de transporte. “O metrô de Salvador é um espaço democrático, onde pessoas de diferentes origens se encontram e criam laços. Além de conectar lugares, ele conecta pessoas”, destacou.
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