Nos últimos dez anos, mais de 1.200 ocorrências foram registradas no Brasil; país tem cerca de 8,5 mil km de oleodutos Brasil, -agencia-cnn-, Combustíveis, Metanol, Petrobras, Petróleo CNN Brasil
Para que o combustível produzido no Brasil possa ser transportado, o país construiu uma malha de oleodutos de cerca de 8,5 mil quilômetros. Nos últimos dez anos, mais de 1.200 ocorrências que envolveram a chamada “derivação clandestina”, que nada mais é do que o roubo do produto que passa pelos dutos.
O pico desse tipo de crime aconteceu em 2018, com 261 ocorrências. Em 2024, a Transpetro, subsidiária da Petrobras, responsável pela logística, afirma registrar apenas 25 casos.
Os dutos são uma espécie de canos especiais enterrados, que suportam a pressão para transportar tanto o petróleo quanto o combustível já refinado, conectando a produção aos terminais de refinaria da Petrobras.
O segundo ano com mais casos foi 2017 (227). A maioria destes furtos acontece no estado de São Paulo, mas considerando toda estrutura de distribuição, a Transpetro atua em 17 estados no Brasil.
A primeira faixa de oleoduto brasileira foi construída em 1953, num trecho que ligava a cidade de Candeia até a atual refinaria de Mataripe, na Bahia. Atualmente não existem obras de expansão.
Em 2025, foram 18 situações até o momento, considerando a tentativa de furto desta quinta-feira (24), no interior de São Paulo. A empresa vem registrando ocorrências somente desde 2011. De acordo com a estatal, a queda do ano passado foi de 90%, se comprada a 2020, quando foram observados 201 furtos.
Segundo apuração da CNN Brasil, aconteceram pelo menos duas mortes em razão dos furtos. No México, país com mais furto de combustível do mundo, anualmente acontecem pelo menos dez mil casos. Recentemente em uma dessas ocorrências, mais de 70 pessoas morreram, durante explosão num vazamento causado por ladrões.
Modus Operandi
Os criminosos geralmente atuam durante a noite, utilizando conexões improvisadas para perfurar e furtar os dutos de combustíveis. Os casos acontecem tanto em áreas rurais quanto urbanas, além de montarem galpões falsos, para cavar túneis e alcançar a tubulação, “desviando” a gasolina.
A estrutura ilícita conta com caminhões pipas ou tanques. Os dutos podem transportar tanto a gasolina quanto o petróleo antes de ser refinado. Os assaltantes utilizam também o óleo cru para revender a indústrias ilegais que vão usar o produto como combustível para processos fabris, como por exemplo, em cimenteiras fraudulentas.
Projetos em tramitação
Cerca de cinco Projetos de Lei estão em andamento no congresso, incluindo a inclusão do furto de combustíveis na tipificação de crimes hediondos (PL 131/2021), aumentando a pena para quem cometer essa infração, o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), aliado do ex-presidente Bolsonaro, é autor do projeto.
Canal de denúncia
A Transpetro disponibiliza um canal direto de denúncia: basta ligar 168 caso veja alguma situação de perigo, furto ou vazamento. Segundo a empresa, a central funciona 24 horas por dia. Além disso, é possível enviar fotos e vídeos da situação pelo número (21) 99992-0168.
Em nota enviada à CNN Brasil, a Transpetro afirma que “investe, em média, cerca de R$ 100 milhões por ano para garantir a segurança de sua faixa de 8,5 mil quilômetros de dutos. As ações incluem o uso de tecnologias para monitoramento ostensivo, aplicação de soluções de detecção avançada e equipes de campo especializadas, supervisionadas continuamente por um centro de controle dedicado à proteção de dutos”.

