Região é “ponto principal” na linha de frente do conflito; objetivo de Vladimir Putin é tomar todas as regiões orientais do país Internacional, Rússia, Rússia x Ucrânia, Ucrânia CNN Brasil
A Rússia reuniu 110 mil soldados nas proximidades de Pokrovsk para tentar assumir o controle da cidade do leste da Ucrânia, disse Oleksandr Syrskyi, chefe militar ucraniano, nesta sexta-feira (27).
Syrskyi afirmou que a área ao redor de Pokrovsk era o “ponto principal” ao longo da linha de frente de 1.200 quilômetros que atravessa o leste.
As forças russas tentam tomar a cidade há quase um ano, realizando uma ofensiva após a outra. Mas, apesar de ter uma vantagem clara em termos do número de soldados e armas disponíveis, a Rússia ainda não conseguiu tomar a área.
Pokrovsk é um alvo estratégico para o Exército russo. O presidente Vladimir Putin deixou claro que o seu objetivo é tomar todas as regiões ucranianas orientais de Donetsk e Luhansk, áreas que suas forças já ocupam parcialmente.
A Ucrânia e seus aliados acusam Putin de atrasar os esforços de paz para que as suas forças possam tomar mais territórios ucranianos.
Pokrovsk abrigava mina de carvão e população de 60 mil habitantes
Pokrovsk fica em uma área com estrada de abastecimento e uma ferrovia que a conecta a outros centros militares.
Juntamente com Kostiantynivka, Kramatorsk e Sloviansk, essa cidade constitui a espinha dorsal das defesas ucranianas na parte da região de Donetsk que ainda está sob o controle de Kiev.
Cerca de 60 mil pessoas viviam em Pokrovsk antes da guerra, mas a maioria fugiu da área nos três anos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022.
A última mina de carvão coqueificável da Ucrânia em funcionamento estava em Pokrovsk, e muitos dos funcionários permaneciam na área para mantê-la em funcionamento.
Depois que a mina precisou fechar no início deste ano, os funcionários também começaram a sair da cidade.
Planos de defesa da Ucrânia
O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um monitor de conflitos com sede nos EUA, disse no final do ano passado que as operações defensivas ucranianas em Pokrovsk forçaram a Rússia a abandonar o seu plano original de assumir o território num ataque frontal.
O ISW explicou que isto ocorreu porque as tropas ucranianas começaram a usar drones como parte integrante da sua estratégia defensiva, integrando com sucesso os operadores desses dispositivos com as forças terrestres.
Ao mesmo tempo, a Rússia não conseguiu aumentar muito o número de tropas na área, porque estava tentando conter a invasão surpresa no seu próprio território, na região sul de Kursk.
O chefe militar da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, pontuou aos repórteres na semana passada que, a certa altura, a operação em Kursk retirou quase 63 mil soldados russos e cerca de 7 mil soldados norte-coreanos.
“Isto nos permitiu enfraquecer a pressão do inimigo nas principais frentes e reagrupar as nossas tropas. E a tomada de Pokrovsk pelo inimigo, anunciada em setembro de 2024, ainda não ocorreu, graças em parte à nossa operação em Kursk”, destacou.
Em vez de continuar atacando a cidade diretamente, as tropas russas começaram a cercar o município pelo sul e nordeste.
O ISW disse na sua avaliação mais recente nesta sexta-feira (27) que as forças russas continuavam os ataques com pequenos esquadrões de um a dois soldados, às vezes em motocicletas e em buggies.
Em comunicado divulgado também nesta sexta-feira (27), Syrksky ressaltou que a Rússia continua tentando romper a fronteira administrativa da região de Donetsk.
“Eles querem fazer isso não apenas para alcançar alguns resultados operacionais, mas principalmente para fins demonstrativos. Para conseguir um efeito psicológico: colocar ali o infame ‘pé do soldado russo’, fincar uma bandeira e alardear outra pseudo-‘vitória’”, afirmou.

