Cientistas registram o blazar “Olho de Sauron” com dados coletados ao longo de 15 anos; confira Tecnologia, Astronomia, Ciência, Espaço CNN Brasil
Os telescópios espaciais atuais permitem observar regiões cada vez mais distantes do universo; não é à toa que o telescópio James Webb (JWST) conseguiu registrar o ponto mais distante já observado. Em uma nova investigação, pesquisadores observaram um blazar apelidado de “Olho de Sauron”.
Em um estudo publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics, os cientistas explicam que o objeto celeste, nomeado oficialmente PKS 1424+240, já era conhecido pela comunidade científica.
Contudo, eles conseguiram obter uma imagem detalhada dele a partir de 15 anos de observações de rádio realizadas pelo sistema de radiotelescópios Very Long Baseline Array (VLBA).
“Quando reconstruímos a imagem, ela parecia absolutamente deslumbrante. Nunca vimos nada parecido — um campo magnético toroidal quase perfeito com um jato apontando diretamente para nós”, disse o principal autor do estudo, Yuri Kovalev, em comunicado oficial.
Senhor dos Anéis e “Olho de Sauron”
Como já mencionado, o nome oficial do blazar é PKS 1424+240, mas os cientistas o apelidaram a imagem de “Olho de Sauron” devido à semelhança com o símbolo da icônica franquia “O Senhor dos Anéis”, criada pelo escritor inglês J. R. R. Tolkien.
Na trama, Sauron é o principal vilão, e seu Olho simboliza sua onipresença e a obsessão pelo Um Anel.
Segundo eles, o objeto celeste lembra especificamente a versão ilustrada pelo artista Alan Lee, também representada na adaptação cinematográfica dirigida por Peter Jackson.
Blazar e rádiotelescópio
Apesar de ser um objeto conhecido há bastante tempo, ele ainda não havia sido observado tão profundamente, devido à sua distância de bilhões de anos-luz. Felizmente, dados coletados ao longo desses 15 anos pela VLBA permitiram que os cientistas “costurassem” uma imagem do blazar apelidado de “Olho de Sauron”.
Um blazar é um objeto celeste formado por um buraco negro supermassivo no centro de uma galáxia ativa. Por isso, são regiões do espaço que emitem um brilho muito intenso, e é o que podemos observar na imagem divulgada pelos cientistas.
Inclusive, os pesquisadores destacam que o PKS 1424+240 é considerado o blazar emissor de neutrinos mais brilhante observado no espaço.

Isso ocorre porque os jatos de plasma emitidos estão quase totalmente alinhados com a direção da Terra, o que faz com que mesmo se movendo lentamente, o brilho aparente aumente em 30 vezes ou mais. Trata-se de um efeito da relatividade especial.
Por causa desse alinhamento, os dados coletados possibilitaram a observação do coração das emissões de jatos do blazar. A luminosidade extrema é causada pelo plasma que cai no buraco negro e desse alinhamento.
Os dados também confirmaram que os núcleos galácticos ativos funcionam como aceleradores de partículas; um processo que já havia sido teorizado.
A observação não apenas confirmou teorias científicas, como também pode oferecer resultados para conectar diferentes aspectos da astronomia, como o papel dos campos magnéticos no funcionamento dos núcleos galácticos ativos.
“A solução desse quebra-cabeça confirma que núcleos galácticos ativos com buracos negros supermassivos não são apenas poderosos aceleradores de elétrons, mas também de prótons — a origem dos neutrinos de alta energia observados”, acrescenta Kovalev.
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