Ao menos 19 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas em meio a violência nas manifestações Internacional, Ásia, China, Coreia do Sul, Exército, Himalaia, Índia, Malásia, Manifestações, Nepal, Oriente Médio, parlamento, Primeiro-ministro, Protestos CNN Brasil
Soldados fazem a guarda do Parlamento do Nepal e patrulham ruas desertas nesta quarta-feira (10), em meio ao toque de recolher na capital, Catmandu, após dois dias de protestos anticorrupção fatais que forçaram a renúncia do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli.
A revolta no país do Himalaia foi desencadeada por uma proibição de mídias sociais anunciada na semana passada, mas revogada após 19 pessoas serem mortas na segunda-feira (8), quando a polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha para controlar a multidão.
Veículos queimados e pedaços de metal retorcidos cobriam a área ao redor do Parlamento, onde bombeiros do Exército lutavam para apagar um incêndio no salão principal, enquanto o exterior do prédio ficou carbonizado após manifestantes o incendiarem na terça-feira (9).
“Fui informado pelo chefe de segurança (do Parlamento) que o incêndio destruiu toda a infraestrutura. Não sobrou nada”, disse Ekram Giri, porta-voz da câmara baixa do Parlamento, à agência de notícias Reuters.
Vários outros prédios governamentais, da Suprema Corte às casas de ministros, incluindo a residência particular de Oli, também foram incendiados nos protestos de terça-feira, com a agitação diminuindo somente após a renúncia.
Voos foram interrompidos, com o principal aeroporto da capital fechado até as 18h (horário local), afirmou um porta-voz do aeroporto.
Veículos blindados mantinham vigília nas ruas, que estavam em grande parte desertas, com lojas e mercados fechados.
Bombeiros estavam mobilizados em diferentes locais, enquanto o processo de limpeza das ruas também estava em andamento, declarou o porta-voz do exército, Raja Ram Basnet.
“Estamos tentando normalizar a situação primeiro. Estamos comprometidos em proteger a vida e a propriedade das pessoas”, disse Basnet, acrescentando que prisioneiros incendiaram a Prisão de Dilli Bazar, em Catmandu, antes que o exército controlasse a situação.
Negociações para acabar com a crise
Em um apelo na rede social X, o Exército afirmou que as ordens proibitivas permaneceriam em vigor até a manhã de quinta-feira (11), acrescentando que as partes relevantes estavam se coordenando para lidar com a situação após os protestos e resolver a questão.
A mídia também informou que estavam sendo feitos preparativos para que autoridades e manifestantes se reunissem, sem fornecer detalhes. A Reuters não pôde confirmar a informação de forma independente.
O ex-juiz da Suprema Corte, Balaram K.C., instou os manifestantes a formarem uma equipe de negociação, com o Exército ajudando a manter a lei e a ordem, e pediu novas eleições.
“O Parlamento deve ser dissolvido e novas eleições realizadas”, disse o especialista constitucional à Reuters. “Eles devem discutir a formação do próximo governo interino.”

A maioria dos manifestantes era de jovens que expressavam frustração com a suposta incapacidade do governo de combater a corrupção e impulsionar as oportunidades econômicas.
Durante anos, a falta de empregos levou milhões de pessoas a buscar trabalho em países como Malásia, Oriente Médio e Coreia do Sul, principalmente em canteiros de obras, para enviar dinheiro para casa.
“Se derramar sangue é bom para o nosso futuro, então foi justo da minha parte participar dos protestos”, disse Suman Rai, de 20 anos, que sofreu ferimentos durante as manifestações, enquanto estava deitado em uma cama de hospital com a cabeça e o pulso esquerdo fortemente enfaixados.
Encravado entre a Índia e a China, o Nepal tem lutado contra a instabilidade política e econômica desde que os protestos levaram à abolição de sua monarquia em 2008.
O gabinete de segurança da Índia também se reuniu na noite de terça-feira (9) para discutir a situação.
“A estabilidade, a paz e a prosperidade do Nepal são de extrema importância”, disse o primeiro-ministro Narendra Modi em uma publicação no X posteriormente. “Apelo humildemente a todos os meus irmãos e irmãs no Nepal para que mantenham a paz e a ordem.”
On my return from Himachal Pradesh and Punjab today, a meeting of the Cabinet Committee on Security discussed the developments in Nepal. The violence in Nepal is heart-rending. I am anguished that many young people have lost their lives. The stability, peace and prosperity of…
— Narendra Modi (@narendramodi) September 9, 2025
Pequim também espera que a ordem social e a estabilidade nacional do país sejam restauradas o mais breve possível, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da China.