A acareação entre o general Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid no Supremo Tribunal Federal (STF) terminou no fim da manhã desta terça-feira (24/6) após uma hora e meia de embate. No término da audiência, os advogados dos réus apresentaram versões diferentes dos fatos à imprensa. O advogado de Braga Netto, José Oliveira Lima, informou que o colaborador trouxe mais um local da suposta entrega de dinheiro ao general para o suposto financiamento do golpe de estado em 2022. Segundo o advogado, Cid não soube precisar se a entrega ocorreu na sala de ajudância de ordens ou em outras duas possíveis garagens, no Palácio da Alvorada.
A advogada de Mauro Cid, Vânia Bitencourt, negou a afirmação do advogado do general. Segundo ela, o militar manteve a versão já apresentada de que ele não se lembra se a entrega foi em uma garagem onde as autoridades chegam ou se foi dentro da sala, no Alvorada. “Ele não sabe precisar o local, ele sempre disse isso”, afirmou a advogada.
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Oliveira Lima também informou que Cid confirmou que a sacola entregue estava lacrada. “Eu perguntei para ele: a suposta sacola estava lacrada? E ele disse que estava lacrada”, afirmou o advogado. “Ele não abriu, não viu. Ele mente”, complementou.
A defesa de Cid refutou a afirmação. “Ele não confirmou que estava lacrada. Ele disse que não olhou dentro. A pergunta do advogado foi nesse sentido: ‘a sacola estava lacrada? O senhor olhou dentro?’ e ele disse que não olhou dentro e não viu a quantia”, afirmou Vânia Bitencourt. A advogada informou que na sequência perguntou se, na entrega do pacote, o general Braga Netto tinha dito que era dinheiro. “Aí o Cid disse que sim”, afirmou. Depois, Vânia perguntou para que o dinheiro serviria e Cid respondeu que Braga Netto informou que o montante era para fins do pedido feito anteriormente.
Oliveira também informou que Braga Netto chamou Mauro Cid de mentiroso em duas oportunidades e ele não retrucou. “Passou todo o ato com a cabeça baixa e não retrucou quando teve oportunidade de falar”, contou aos jornalistas. A advogada de Cid informou que o militar foi preparado pela defesa para não responder a nenhuma provocação. “E esclarecendo, ele [Braga Netto] não chamou Cid de mentiroso”, acrescentou.
A acareação está sendo conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, com participação do procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, e do ministro Luiz Fux. Os advogados de outros réus, como Celso Vilardi, do ex-presidente Jair Bolsonaro, também estão presentes. A sessão está fechada a jornalistas.