Ex-assessor do TSE foi ouvido na CCJ da Câmara nesta quarta-feira (17); durante audiência, ele disse que “existia um claro trabalho direcionado a perfis de direita, nunca perfis de esquerda” Política, -agencia-cnn-, Alexandre de Moraes, Carla Zambelli, TSE (Tribunal Superior Eleitoral) CNN Brasil
Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), disse, durante sessão na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara desta quarta-feira (17), que o ministro Alexandre de Moraes, quando era presidente da Corte Eleitoral, pedia relatórios sobre as publicações da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP).
“O nome da Carla Zambelli era um dos principais nomes solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes para que tudo que ela postasse fosse monitorado, feito relatório, e ele tomasse providências. Ela e mais quatro pessoas, entre parlamentares e influencers, era preciso fazer um pente fino, que ficasse sempre alguém a disposição pra ficar de olho nas redes dela”, disse Tagliaferro durante a sessão.
O ex-assessor foi ouvido pela CCJ como testemunha no processo que analisa a cassação do mandato de Zambelli. Segundo ele, outros nomes como “Allan dos Santos, Constantino, Figueiredo, eram alvos do ministro Alexandre de Moraes”, mas destacou que “a deputada era um dos principais pedidos do ministro”.
“A intenção era pegar toda e qualquer coisa dela [Zambelli] para prejudicá-la”, disse o ex-assessor.
“Eram pedidos relatórios constantes de Carla Zambelli. Praticamente semanalmente, duas, três, quatro vezes por semana, eu recebia pedidos para que monitorasse, para que olhasse”, continuou.
Tagliaferro pontuou ainda que “existia um claro trabalho direcionado a perfis de direita, nunca perfis de esquerda”.
“Tenho várias conversas de WhatsApp entre eu e Airton Vieira, entre eu e Marco Martins Vargas [juízes auxiliares de Moraes], e entre eu e um grupo do próprio TSE (sic), no qual claramente se vê que Carla Zambelli era de fato um alvo e tinha uma intenção com cunho persecutório. Inclusive diziam, em algumas palavras: ‘Vamos pegar ela’. O teor da conversa mostrava uma perseguição”, afirmou.
Acervo contra Moraes
Perito digital, Eduardo Tagliaferro chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no Tribunal Superior Eleitoral entre agosto de 2022 e maio de 2023. Ele foi exonerado do cargo após ser preso e acusado por violência doméstica contra a esposa.
De acordo com o ex-assessor, ele guardava provas de irregularidades em seu trabalho desde quando foi contratado.
“Desde que eu entrei no Tribunal, eu já percebi que o trabalho ali não era de acordo com os meus princípios, ainda mais por pedirem para deletar mensagens. Eu sou perito e trabalho com as provas, eu não apago as provas”, disse.
“Eu resolvi guardar tudo porque eu sabia que lá na frente eu poderia divulgar isso caso algo errado acontecesse. Só que eu não conseguia fazer aquilo dentro do tribunal, porque pessoas longe já têm sua vida destruída, imagina dentro do Tribunal”, prosseguiu.
“Ele [Alexandre de Moraes], sabia de tudo que eu fazia, onde eu morava, minha família… Eu pedi exoneração diversas vezes, mas foram rasgadas”, finalizou.
Aos parlamentares presentes na sessão, ele assegurou que enviaria à comissão o acervo de documentos que ele considera serem provas contra o magistrado.
A CNN pediu manifestação do ministro Alexandre de Moraes sobre o caso a aguarda resposta.

