Tendência é de menor emissões tendo em vista “incertezas sobre a economia doméstica” Investimentos, CNN Brasil Money, Dívida pública, emissoes, Juros, Tesouro Direto CNN Brasil
O anúncio do aumento de 50% nas tarifas de importação a produtos brasileiros imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impactou diretamente as emissões da dívida pública em junho, segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Helano Borges Dias.
Em coletiva de imprensa para explicar o Relatório Mensal da Dívida Pública, nesta segunda-feira (28), ele explicou que a medida, embora não tenha alterado significativamente o risco-país — com o Credit Default Swap (CDS) próximo da estabilidade —, elevou a curva de juros nos mercados secundários, sobretudo nos prazos intermediário e longo.
“Embora o nosso CDS tenha ficado próximo da estabilidade, uma medida principalmente relacionada ao mercado externo, a gente observou um aumento da curva de juros em toda a sua extensão, com exceção do curto prazo. Isso acabou contribuindo para essa elevação”, afirmou.
De acordo com ele, a curva de juros subiu em praticamente todos os prazos, com destaque para os títulos intermediários, que abriram cerca de 40 pontos-base, e os de longo prazo, com alta de até 60 pontos.
Já os papéis de curto prazo ficaram mais travados, ancorados nas expectativas de política monetária. Esse movimento, segundo Dias, também impactou os leilões do Tesouro.
“O Tesouro acabou emitindo um volume mais baixo. Até o momento a gente emitiu R$ 93 bilhões. Também houve uma mudança na composição. Até o momento, a gente emitiu quase 56% de flutuante, 24% de pré-fixado e 20% de índice de preço”, destacou.
Segundo Dias, isso mostra que, apesar da resiliência da economia norte-americana ter estimulado o apetite por risco no cenário global, o efeito sobre os países emergentes foi misto — inclusive sobre o Brasil.
Para os dados de julho, o Tesouro ainda aguardava o resultado do leilão desta terça-feira (29) e os dados finais do Tesouro Direto para fechar a estatística.
“De qualquer maneira, o que a gente tem acompanhado no mês é que provavelmente a gente caminhe para menores volumes de emissão em função desse choque adverso que trouxe maior incerteza para a economia doméstica”, pontuou.