Tauã Brito recebeu mensagem de filho pedindo ajuda, dizendo que estava encurralado na mata; megaoperação policial terminou com 121 mortos Rio de Janeiro, -agencia-cnn-, mãe, Megaoperação, Morte CNN Brasil
A mãe de um jovem de 20 anos que está entre os 121 mortos na megaoperação das forças de segurança do Rio de Janeiro dessa terça-feira (28), afirmou que a dor dela é a mesma da mãe de um dos policiais mortos na operação.
Após três dias da Operação Contenção, a mais letal da história do Rio e do país, 100 dos 121 corpos já foram identificados. Todos passaram por necropsia, mas os laudos devem ser divulgados em um prazo de 10 a 15 dias úteis.
“Eu estou vendo muita gente falando sobre a mãe de um dos policiais que morreram né. A dor dela não é diferente da minha, porque ela é mãe como eu e como todas as mães dos corpos que estavam lá. Então a gente também precisa ser ouvido”, disse Tauã Brito em entrevista à Itatiaia na saída do IML (Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto), no Centro do Rio.
Tauã contou que, durante a operação, recebeu uma mensagem do filho pedindo ajuda, dizendo que estava encurralado na mata. “Ele me mandou mensagem pedindo para tirar ele e que ele estava encurralado. Muitos que tentaram se entregar morreram. Na mente dele, eu acho que ele pensou: “Se minha mãe tiver aqui, eles vão me levar preso”.
Devido à troca de tiros, a família não conseguiu chegar a tempo e o jovem foi morto. “Eles tiraram o direito de eu chegar no meu filho e fazer ele se entregar. A gente só conseguiu entrar no mato depois de oito horas da noite, depois que a polícia foi embora”, lamentou a mãe.
Ele foi encontrado por volta de uma hora da manhã na mata com um tiro na cabeça, uma marca de corda no braço e um dos braços cortados. “Eu nunca apoiei a vida que meu filho levava, as escolhas que ele fez, mas como mãe, eu nunca ia virar as costas pra ele”, afirmou.
A mãe ainda fez duras críticas ao governo de Cláudio Castro e pediu mudanças aos moradores da favela. “A gente também precisa que aconteça mudança, porque para governar um estado não é só chegar dentro de favela e ficar tirando vida não, é muito mais que isso. É dar oportunidade, visão para que eles possam ver coisas diferentes do que a realidade de uma favela”, declarou.
Assista a um trecho da entrevista de Tauã à Itatiaia:
“Tribunal do CV”: entenda como facção tortura moradores em comunidade no RJ
Para embasar a megaoperação policial, o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) apresentou uma denúncia à Justiça detalhando o funcionamento do CV, no Complexo da Penha. A investigação, baseada em afastamento de sigilo de dados telemáticos, expõe o uso de “tribunais do tráfico” e a prática de tortura contra moradores e opositores para manter o controle territorial.
Entre os denunciados por esses atos está Juan Breno Malta Ramos, vulgo “BMW”, que como liderança da facção, orienta a prática de punições e tortura. Ele é acusado de em parceria com Carlos da Costa Neves, vulgo “Gardenal”, constranger pessoas arrastando-as amarradas e sem roupa por uma via pública, causando intenso sofrimento físico para obter declaração de interesse da facção.
Em outro registro apresentado na denúncia do MPRJ, os faccionados conversam sobre a tortura de uma mulher classificada como “brigona”. Os traficantes estabelecem que ela seja introduzida em uma banheira de gelo, como forma de punição após desentendimentos em um baile funk, na comunidade cariosa.
Segundo o ministério público, a liderança máxima do CV no Complexo da Penha, Edgar Alves de Andrade, vulgo “Doca” ou “Urso”, comanda essa cadeia hierárquica, utilizando grupos de WhatsApp para emitir ordens, gerenciar o tráfico e determinar a execução de indivíduos que contrariem seus interesses
Imagens mostram “zona de guerra” em megaoperação contra o CV no RJ
(Com informações de Itatiaia)

 
			 
			
