Lançado no Brasil há exatos dois anos, o Toyota GR Corolla só havia passado por nossas mãos em situações para as quais ele foi feito: em circuitos fechados. Seja em nossa pista de testes, ou no Autódromo de Interlagos, o hatch esportivo mostrou-se à vontade e cumpriu as promessas. Mas, enfim, chegou a hora de testar outra realidade do modelo, e a que ele mais enfrentará, na prática: ele pode ser usado no dia a dia como um mero Corolla?
Antes de mais nada, o GR Corolla já passou por atualizações no exterior – e elas podem chegar por aqui em 2026, incluindo pequenas novidades visuais, de equipamentos e mecânicas.
Por ora, no Brasil, o esportivo é oferecido nas versões Core e Circuit, mas a marca já sinaliza, pela ausência de preços da versão Core em seu site oficial, outra mudança. Ele deverá ser vendido apenas na versão mais cara, a Circuit, por R$ 461.990. Na linha 2026, poderá sofrer reajustes.

Bem equipado, mas com ausências
As diferenças entre as versões eram pequenas, mas significativas para os compradores. A mais cara adiciona carregador de celular por indução, head-up display, alerta de pontos cegos e teto em fibra de carbono forjada, cuja aparência “natural” é como uma obra de arte aos entusiastas.
No mais, ele é equipado com ar-condicionado automático digital de duas zonas, chave presencial, faróis full led com facho alto automático, lanternas de led, iluminação ambiente, câmera de ré, além de itens e sistemas de segurança, como sete airbags (frontais, laterais, de cortina e para joelho do motorista), ESP, alerta de pontos cegos, frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo, sistema de permanência em faixa e assistente de partida em rampa.

O quadro de instrumentos de 12,3 polegadas tem boa resolução e ótima apresentação de informações, seja em quantidade ou nível técnico, e a central multimídia. Esta, com apenas 7 polegadas, destoa do modelo que tem apenas unidades produzidas entre 2023 e 2024 por aqui. Os Corolla Cross e sedã nacionais já têm multimídias maiores e mais modernas. Para a próxima leva, os GR Corolla deverão corrigir o “problema”.

Também são de série as belas rodas BBS forjadas de 18 polegadas, com desenho esportivo, pintura em preto fosco e pneus 235/40. Elas fazem parte da dieta enfrentada pelo GR Corolla em relação ao Corolla hatch convencional, com maior uso de plástico (inclusive na tampa do porta-malas) e a retirada de alguns itens. Só na carroceria são 4,8 kg a menos.
Por exemplo, os para-choques são 1 kg mais leves (e dispensam até os necessários sensores de estacionamento, que fazem falta com para-choques tão pronunciados) e, o teto de carbono da versão Circuit, tem 2,5 kg a menos.

Por dentro, um hatch médio
Com exceção dos bonitos, confortáveis e eficientes bancos esportivos em formato de concha, com revestimento em suede, talvez vocês se esqueça que está a bordo de um modelo tão divertido. É que o interior, embora tenha pequenas diferenças de acabamento (para melhor) em relação ao Corolla sedã, é discreto.
É basicamente o que se vê em um Corolla – e isso não é um demérito, especialmente para quem acha o Honda Civic Type R, o maior rival do GR Corolla, com interior exagerado pelo uso demasiado de vermelho. Mas também há quem goste.

No espaço interno, o GR Corolla é um Corolla hatch, com entre-eixos de 2,64 metros (ou seja, 6 cm a menos do que no sedã). O espaço traseiro é restrito, e não é recomendado ocupar o assento central, já que o túnel central no assoalho é bastante alto. Inclusive, não há saídas de ar traseiras. O porta-malas não tem capacidade divulgada pela marca no Brasil, mas é pequeno.
Um esportivo usável?
O GR Corolla é equipado com um motor 1.6 turbo de 304 cv de potência e 37,7 kgfm de torque, números empolgantes, especialmente por estarem sempre (ao menos no Brasil) combinados a um câmbio manual de seis marchas.
A tração é 4×4, com três modos de uso: 60% na dianteira e 40% na traseira (o mais seguro para as ruas); 30% na dianteira e 70% na traseira (o mais divertido para as pistas); e 50% em cada eixo, ideal para as pistas.

De acordo com os nossos testes, ele vai de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos, números, de fato, de um esportivo, e notáveis em movimento. O hatch tem ótimas acelerações, com “empurrões” que empolgam, somadas às trocas certeiras do justo câmbio manual.
A embreagem, porém, é mais pesada do que em carros convencionais – mas como deve ser em um esportivo. Por fim, há três modos de condução: Eco, Sport e Normal. Não foi possível sentir a diferença entre eles. E isso é bom.

Tudo fica ainda mais divertido com o belo e grave ronco do motor que sai pelos três escapes. Apenas em rotações mais altas é possível ouvir, ao fundo, um barulho mais metálico que nos faz lembrar que logo à frente há um motor de três cilindros. Há ainda o sistema IMT, que pode ser acionado para os punta-tacco automáticos. Faz bastante diferença na tocada, já que a distância entre os pedais não deixam que a manobra seja feita de maneira “raiz”.

A suspensão é rígida e comunicativa com o solo, é possível sentir grande parte do que acontece no asfalto e preciso tomar cuidado com buracos, já que os pneus também são de perfil baixo. É um comportamento, em conjunto com a direção, muito direto e prazeroso. Além disso, apesar de firme, a suspensão não é tão incômoda como pode sugerir: com os cuidados necessários, vai bem na cidade. Na estrada, não é do tipo que faz os ocupantes “quicarem”, ao contrário do Type R.
Apesar disso tudo, era esperado que o GR Corolla fosse muito mais incômodo na cidade. Mas é possível, sim, andar tranquilamente com ele no dia-a-dia. Mesmo com a personalidade áspera de um esportivo, ele também pode assumir uma “skin” comportada para ir ao shopping, ao mercado ou dar qualquer outra volta por aí. Ainda é econômico: fez as médias de 9 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada.

E há uma vantagem em relação ao sedã: apesar dos ajustes mais esportivos da suspensão, o hatch tende a raspar menos a dianteira, por ter um balanço menor e ser pouco mais alto.
Veredicto
O GR Corolla é um dos esportivos mais divertidos e sensoriais disponíveis no Brasil. E o melhor disso tudo é que ele pode ser um monstro na pista, e relativamente tranquilo na cidade.
Teste – Toyota GR Corolla
Aceleração
0 a 100 km/h: 5,4 s
0 a 1.000 m: 24,8 s – 212 km/h
Velocidade máxima: 230 km/h (limitada eletronicamente)
Retomadas
2a 40 a 80 km/h: 3,7 s
3a 60 a 100 km/h: 4,6 s
4a 80 a 120 km/h: 6 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,6/24,1/54,7 m
Consumo
Urbano: 9 km/l
Rodoviário: 12,7 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 45,2/73,8 dBA
80/120 km/h: 69,1/71,4 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 94 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha: 2.500 rpm
Volante: 2,5 voltas
Ficha técnica – Toyota GR Corolla
- Motor: gasolina, diant., transv., 3 cil., 1.539 cm³, 12V, 304 cv a 6.500 rpm, 37,7 kgfm a 3.000 rpm
- Câmbio: manual, 6 marchas, tração integral
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), duplo A (tras.)
- Freios: disco ventilado nas quatro rodas
- Pneus: 235/40 R18
- Peso: 1.485 kg
- Peso/potência: 4,88 kg/cv
- Peso/torque: 39,4 kg/kgfm
- Dimensões: comprimento, 440,7 cm; largura, 185,1 cm; altura, 147,9 cm; entre-eixos, 264 cm; porta-malas, n/d; tanque, 50 litros