Governo quer usar compras públicas para fazer inovação tecnológica semelhante à vacinas de covid-19; expansão da troca entre centros de pesquisa também está na mesa Macroeconomia, CNN Brasil Money, Descarbonização, economia verde, estilo-cnn-money, Investimentos, Ministério da Fazenda CNN Brasil
O Ministério da Fazenda prepara uma frente de medidas voltadas à inovação tecnológica como próximos passos da agenda de transformação ecológica. A estratégia inclui ampliar o uso de compras públicas para induzir pesquisa e fortalecer os NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica), em parceria com o Ministério da Educação.
Segundo o secretário-executivo adjunto da Fazenda e coordenador do Plano de Transformação Ecológica, Rafael Dubeux, os principais projetos estruturantes já foram aprovados, como o mercado regulado de carbono, a Lei dos Combustíveis do Futuro e o marco legal do hidrogênio de baixo carbono.
“O objetivo da Transformação Ecológica não é só descarbonizar a economia, é aproveitar a necessidade de descarbonização para promover um adensamento tecnológico e industrial no Brasil”, afirmou em entrevista à CNN.
O governo pretende usar compras públicas para induzir inovação tecnológica, mecanismo já previsto na Lei de Inovação, mas pouco utilizado até hoje. O modelo segue o exemplo do SUS, que contratou a Fiocruz e a AstraZeneca no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19, durante a pandemia.
Segundo Dubeux, a ideia é montar um programa de desafios tecnológicos e fazer o mesmo caminho em outras áreas estratégicas para a transformação ecológica, como energia renovável, máquinas agrícolas sustentáveis, biocombustíveis e biotecnologia.
“Idealmente, a gente poderia ter esse modelo para outras vacinas na área de saúde, mas também para energia renovável, para máquinas agrícolas sustentáveis, para armazenamento de energia, para biocombustível, para biotecnologia. É quando a gente integra a nossa capacidade científica com o nosso sistema produtivo”, disse Dubeux.
Dubeux afirmou que dois desses projetos serão lançados nos próximos meses: um relacionado a hidrogênio, para construir eletrolisadores, e um outro para máquinas agrícolas sustentáveis para agricultura familiar
Outra frente será o fortalecimento dos NITs (Núcleos de Inovação Tecnológica), centros de inovação e pesquisa dentro de universidades que funcionam como pontes entre cientistas e empresas.
A Fazenda, junto com o MEC (Ministério da Educação), prepara um programa para profissionalizar esses núcleos em todas as universidades federais e institutos de ciência e tecnologia.
“Um dos nossos gargalos é que, historicamente, a gente tem uma produção científica robusta, reconhecida internacionalmente, mas com muito pouca pesquisa que vira produto novo do mercado. São poucos casos bem-sucedidos que a gente tem no Brasil têm um NIT bem estruturado fazendo esse papel”, explicou.
“A ideia é expandir essa boa prática de NIT, com assessoria, inclusive, com contratação de pessoal, para que todas as universidades tenham um núcleo que faça essa interface entre o que está sendo produzido dentro e as empresas”, continuou.
Até agora, a Fazenda já entregou marcos relevantes da agenda verde: o mercado regulado de carbono, a Lei dos Combustíveis do Futuro, o marco do hidrogênio de baixo carbono, a regulamentação da eólica offshore e o programa Mover para mobilidade verde.
Dubeux também lembrou de avanços em instrumentos financeiros, como as emissões de títulos sustentáveis do Tesouro Nacional, que multiplicaram os recursos do Fundo Clima, e o programa Ecoinvest.
O secretário destacou que no último leilão, ocorrido no começo do ano, em parceria com o Banco Mundial e o BID, o Ecoinvest mobilizou investimentos capazes de recuperar 1,4 milhão de hectares de terras degradadas.
“Nosso desafio agora é implementar, ampliar os instrumentos de inovação e garantir que a transformação ecológica seja também uma oportunidade de reindustrialização do Brasil”, concluiu Dubeux.
Transformação ecológica
Lançado em 2024, o Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda tem como base seis pilares: Finanças Sustentáveis; Adensamento Tecnológico; Bioeconomia e Sistemas Agroalimentares; Transição Energética; Economia Circular, Bioeconomia e sistemas Agroalimentares e Nova Infraestrutura Verde e Adaptação.
Nesse sentido, a expectativa é de que a proposta possa alavancar o crescimento do PIB brasileiro, criar cerca de 2 milhões de empregos até 2035 e acelerar a trajetória de descarbonização da economia brasileira.
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