Casa Branca sinaliza que EUA devem adiar pausa sobre tarifas “recíprocas” mais altas que 10% Macroeconomia, -cnn-international-, CNN Brasil Money, Donald Trump, Estados Unidos, Tarifas CNN Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão sobre os parceiros comerciais do país nesta segunda-feira (7), enviando cartas a líderes de vários países, informando-os sobre a aplicação de novas tarifas.
Ao mesmo tempo, a Casa Branca afirmou que Trump amenizaria a situação, com planos de assinar uma ação executiva ainda nesta segunda para estender a pausa das tarifas “recíprocas” em 20% para 1º de agosto.
Esperava-se que as taxas mais altas entrassem em vigor na quarta-feira (9). Em alguns casos, as cartas enviadas hoje por Trump falam em novas tarifas “recíprocas”, maiores ou menores quando comparadas às anunciadas em abril.
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, e o presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, foram os primeiros destinatários das cartas de Trump.
Ambos os países enfrentarão uma tarifa de 25% a partir de 1º de agosto, afirmou Trump em publicações no Truth Social exibindo as cartas, o que pode dar aos países mais tempo para negociar acordos.
Cerca de duas horas depois, ele anunciou que cartas semelhantes foram enviadas à Malásia, Cazaquistão, África do Sul, Mianmar e Laos, informando seus líderes sobre novas tarifas de até 40%.
Ainda mais cartas podem estar chegando: Trump deve anunciar “aproximadamente 12 dessas cartas” na segunda-feira, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, a repórteres em uma coletiva de imprensa.
As cartas serão anunciadas por meio de postagens do presidente nas redes sociais, disse ela, mas não quis revelar quais países seriam nomeados.
Nas duas cartas quase idênticas enviadas ao Japão e à Coreia do Sul, Trump disse que se opõe particularmente aos déficits comerciais que os Estados Unidos têm com esses países, o que significa que os EUA compram mais produtos de lá em comparação com a quantidade que as empresas norte-americanas exportam para esses países.
Trump também disse que as tarifas seriam definidas em resposta a outras políticas que, segundo ele, impedem a venda de produtos norte-americanos no exterior. Trump fez comentários semelhantes nas outras cinco cartas que enviou na segunda-feira.
“Por favor, entendam que o número de 25% é muito menor do que o necessário para eliminar a disparidade do déficit comercial que temos com o seu país”, diz Trump em ambas as cartas.
Ele encorajou os países a fabricar produtos nos Estados Unidos para evitar tarifas.
Isso ocorre antes do prazo inicial de 9 de julho para que os países fechem acordos ou enfrentem a ameaça de tarifas mais altas. Essa data marca o fim da pausa nas tarifas “recíprocas”, que entrou em vigor brevemente em abril. Desde então, os países afetados têm enfrentado uma tarifa mínima de 10%.
No entanto, Leavitt disse que Trump assinará um decreto na segunda-feira adiando o prazo para agosto, o que é “no melhor interesse do povo americano”. Ela também disse que o telefone de Trump “toca sem parar com líderes mundiais implorando para que ele chegue a um acordo”.
No entanto, apenas três acordos foram anunciados nos últimos três meses.
Parceiros em alerta
“Não haverá tarifa” se a Coreia do Sul ou o Japão ou “empresas em seu país decidirem construir ou fabricar produtos nos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas”, disse Trump em suas cartas.
Ele também ameaçou aumentar as tarifas em mais de 25% se a Coreia do Sul ou o Japão retaliassem contra os Estados Unidos com suas próprias tarifas.
Japão e Coreia do Sul são o sexto e o sétimo maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos, respectivamente. No ano passado, ambos enviaram um total de US$ 280 bilhões em mercadorias para os norte-americanos, segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA. Enquanto isso, compraram um total de US$ 145 bilhões.
A perspectiva de tarifas mais altas sobre produtos de ambos os países pode se traduzir em preços mais altos para os consumidores norte-americanos.
Entre os principais produtos importados pelos Estados Unidos desses países estão automóveis, autopeças, semicondutores, produtos farmacêuticos e máquinas. Trump impôs ou ameaçou impor tarifas específicas a setores específicos sobre muitos desses produtos.
“Se por qualquer motivo vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor que vocês escolherem aumentá-las, isso será adicionado aos 25% que cobramos”, disse Trump.
Em abril, o Japão enfrentaria uma tarifa de 24%, enquanto a Coreia do Sul enfrentaria uma tarifa de 25%.
Trump disse que essas taxas seriam “separadas de todas as Tarifas Setoriais”, o que significa que, por exemplo, a nova tarifa não será acumulada à tarifa atual de 25% para automóveis, confirmou a Casa Branca. Isso também se aplicaria a quaisquer tarifas setoriais futuras, disse um funcionário da Casa Branca.
Ações afundam
Apesar disso, as ações de empresas com forte presença industrial no Japão e na Coreia do Sul sofreram forte queda. Por exemplo, as ações da Nissan Motors listadas nos EUA caíram mais de 7%, enquanto as ações da Toyota e da Honda recuaram 4%.
Essas quedas, no entanto, podem refletir a maior probabilidade de Trump aumentar as tarifas sobre carros dos dois países, caso eles retaliem contra as tarifas gerais de 25%, caso entrem em vigor, aplicando tarifas mais altas sobre produtos americanos.
“Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo da nossa relação com o seu país. Vocês nunca se decepcionarão com os Estados Unidos da América”, concluiu Trump, antes de assinar as cartas.
As ações americanas, que já estavam em queda, recuaram após o anúncio de novas tarifas. O Dow Jones recuou 667 pontos, ou 1,48%. O S&P 500 caiu 1,19% e o Nasdaq recuou 1,27%.
Traduzido por João Nakamura, da CNN, em São Paulo
Abertura comercial reduz impacto de tarifas de Trump no Brasil? Entenda

