O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um gesto ao ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) em sua rede social, Truth Social. Em post nesta segunda-feira (7/7), Trump pediu para deixarem Bolsonaro “em paz”. Disse que está acontecendo “algo terrível no Brasil” e que está acompanhando “muito de perto essa caça às bruxas contra Jair Bolsonaro”.
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Trump não menciona o Supremo Tribunal Federal (STF), mas diz que o ex-presidente não é culpado de nada, que o único julgamento que deveria estar acontecendo é “o julgamento dos votos, chamado de eleições”. Bolsonaro está inelegível por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e é réu no Supremo por tentativa de golpe de Estado em 2022.
O gesto era esperado por Bolsonaro desde que Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos. Em entrevista ao Washington Post, Bolsonaro sinalizou que aguardava uma manifestação de Trump e relembrou que sempre defendeu o presidente norte-americano em relação aos processos judiciais do colega.
Trump já fez este tipo de manifestação a líderes de outros países. Há cerca de dez dias, ele usou o mesmo termo “caça às bruxas” ao criticar ações contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Também em post na Truth Social, Trump disse que “o julgamento de Bibi Netanyahu deveria ser cancelado imediatamente, ou um perdão dado a um grande herói, que tanto fez pelo Estado”.
Assim como fez Netanyahu, Bolsonaro também agradeceu o post. O ex-presidente publicou no Instagram uma foto ao lado de Trump, dizendo que recebeu “com muita alegria a nota” de Trump. “Agradeço ao ilustre Presidente e amigo. V. Exa. passou por algo semelhante. Foi implacavelmente perseguido, mas venceu para o bem dos Estados Unidos e dezenas de outros países verdadeiramente democráticos”, disse.
O governo brasileiro reagiu à manifestação de Trump dizendo se tratar de uma ‘interferência’ na soberania nacional. “A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja”, diz nota, assinada pelo presidente Lula. “Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”, completou.
O comentário do presidente dos EUA sobre acompanhar de perto o processo judicial contra Bolsonaro também gerou reações de lideranças do PT. Para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, Trump está “muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro”.
“Não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no Estado Democrático de Direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir. O presidente dos EUA deveria cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e de nosso Judiciário”, acrescentou.
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Para o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, “a manifestação pública de Trump dizendo ‘deixem Bolsonaro em paz’ representa uma interferência direta nos procedimentos judiciais do Brasil, desrespeitando a soberania nacional”. “O fato de um presidente estrangeiro tentar influenciar nossos processos internos atenta gravemente contra a independência da Justiça e compromete a autoridade do Estado brasileiro”, disse.
Tarifa a quem se alinhar aos Brics
Na noite de domingo (6/7), Trump ameaçou impor tarifas extras a produtos de países que se alinharem aos Brics. “Qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas do Brics será taxado com tarifa extra de 10%. Não haverá exceções a essa política. Obrigado pela atenção em relação a essa questão”, escreveu em rede social.
O post de Trump foi publicado após declaração de líderes dos Brics que criticou medidas protecionistas que têm sido adotadas no comércio global. A reunião de cúpula do grupo, formado por 11 países, ocorre no Rio de Janeiro até esta segunda-feira (7/7).