Economista analisa efeitos das novas tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros, destacando consequências para inflação, investimentos e empregos Macroeconomia, -transcricao-de-video-money-, CNN Brasil Money, Donald Trump, tarifas de Trump, tarifas recíprocas CNN Brasil
As recentes tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros têm gerado preocupações significativas sobre seus impactos na economia do Brasil. Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, analisou as possíveis consequências e soluções para esta situação.
Segundo Vitória, o primeiro impacto será um aumento da incerteza e da aversão ao risco no mercado. “A gente deve ver uma desvalorização do real, um aumento do prêmio de risco nas taxas de juros”, explica a economista. Essa desvalorização cambial pode levar a um aumento da inflação, exigindo uma política monetária mais restritiva por parte do Banco Central.
Em relação às exportações, Vitória ressalta que, apesar dos Estados Unidos serem o segundo maior parceiro comercial do Brasil, o montante exportado representa apenas cerca de 2% do PIB brasileiro. Além disso, a maior parte da pauta exportadora é composta por commodities, o que permite um possível rearranjo nas relações comerciais.
A economista alerta para possíveis efeitos inflacionários, principalmente via câmbio. Além disso, há preocupação com uma potencial desaceleração da atividade econômica devido à manutenção de uma política monetária restritiva e à queda na produção industrial dos setores mais afetados pelas tarifas.
Vitória argumenta que o protecionismo brasileiro não é positivo neste cenário. “A melhor saída seria abrir o nosso comércio”, afirma. Ela destaca que um mercado mais fechado torna o Brasil menos atrativo para novos investimentos, o que pode afetar o crescimento econômico potencial do país no longo prazo.
Empregos e investimentos
Quanto aos impactos no emprego e investimento, Vitória prevê que, no curto prazo, algumas empresas diretamente afetadas podem precisar fazer ajustes na produção. No entanto, ela ressalta que os setores exportadores brasileiros, ligados principalmente a commodities, não são muito intensivos em mão de obra.
A maior preocupação, segundo a economista, é com o médio e longo prazo. “A gente deixar de ser um país que atrai mais investimentos estrangeiros e essa geração de empregos futura fica comprometida”, alerta Vitória.
A economista conclui enfatizando a importância de o governo brasileiro considerar todos esses fatores em suas negociações, evitando uma retaliação que poderia ter impactos ainda mais negativos para a indústria nacional.