Rubens Barbosa, ex-embaixador, afirma que o Brasil não tem alternativa além de negociar com os Estados Unidos após anúncio de Donald Trump sobre novas tarifas Economia, -transcricao-de-videos-, economia, Estados Unidos, Governo Lula CNN Brasil
Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, medida que se estende a outros países desde abril. Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil, afirmou à CNN que não há alternativa além de negociar com os Estados Unidos.
Segundo Barbosa, a medida americana afeta o mundo inteiro e não deve ser julgada pelos critérios anteriores à eleição de Trump. “Não há mais regras previsíveis do comércio internacional. Não há mais a OMC (Organização Mundial do Comércio) para recorrer”, explica.
O ex-embaixador destaca que o tarifário aplicado ao Brasil tem um componente político significativo, envolvendo não apenas questões relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas também às “big techs“. Ele alerta que, se regulamentado no Brasil, isso poderá gerar conflitos com os interesses das empresas americanas.
Falta de alternativas e necessidade de negociação
Barbosa ressalta que países que tentaram confrontar os Estados Unidos acabaram recuando e negociando, como México, Canadá, União Europeia e Coreia. “Não tem alternativa”, afirma. Ele observa que apenas a China, como segunda superpotência e maior parceiro comercial dos EUA, pôde se opor efetivamente.
O ex-embaixador expressa preocupação com a falta de canais de comunicação entre Brasil e Estados Unidos, tanto a nível da Casa Branca quanto do Departamento de Estado. “Como você pode imaginar o Brasil, uma potência média, líder na América do Sul, com um comércio de U$ 90 bilhões com os Estados Unidos, não conversar?”, questiona.
Barbosa sugere que o Brasil poderia oferecer reduções tarifárias em produtos como o etanol, que atualmente tem uma tarifa de 18% vinda dos EUA, além de eliminar barreiras não tarifárias para outros produtos americanos. Ele enfatiza que essa abordagem não significa submissão, mas defesa dos interesses brasileiros.
O ex-embaixador conclui alertando que não é mais possível tratar questões comerciais com base nos critérios anteriores à posse de Trump. “Não existe mais regras estáveis e previsíveis no comércio internacional. Agora é a lei da selva, a lei do mais forte, e a gente ou entra nessa nova situação, ou nós vamos sofrer muito mais”, finaliza.