Apesar da estabilidade, o uso permanece elevado entre populações vulneráveis, segundo Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III) Saúde, Cocaína, Crack, Drogas CNN Brasil
O uso de cocaína e crack no Brasil se manteve estável nos últimos 10 anos, segundo dados do Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad III), divulgado na quarta-feira (25) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Apesar disso, o uso permanece elevado entre populações vulneráveis, com perfis marcados por desigualdade social, exclusão e baixa escolaridade.
O estudo foi realizado com financiamento da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senad/MJSP). O trabalho é a única pesquisa nacional com dados comparáveis sobre cocaína e crack em duas edições sucessivas — a anterior foi feita em 2012. O atual levantamento conta com dados de 2023.
De acordo com o Lenad III, 5,38% da população (aproximadamente 9,3 milhões de pessoas) com mais de 14 anos ou mais já usou cocaína alguma vez na vida. Dessas, 1,73% fez uso no último ano. Segundo os pesquisadores, essa taxa se manteve estável desde 2012.
Já em relação ao crack, 1,39% da população já experimentou (cerca de 2,4 milhões de pessoas); dessas, 0,48% relatou uso recente, sem variação significativa em relação à última edição do levantamento.
Ainda de acordo com o estudo, os índices da população que declara ter usado cocaína e/ou crack pelo menos uma vez na vida alcançam 12,8% entre aqueles sem nenhum estudo e 8% entre os que não chegaram até o ensino médio (uso recente de 2% e 3%, respectivamente).
Entre os adolescentes, o consumo de cocaína e/ou crack é mais baixo (1% e 0,4% para uso na vida e no ano, respectivamente). Porém, preocupa a alta percepção de fácil acesso entre os mais jovens, com mais de um terço (36%) relatando achar fácil ou muito fácil conseguir essas drogas.
81,6% dos usuários gostariam de parar de usar
O levantamento também analisou os comportamentos de risco e dependência relacionados ao uso de cocaína e crack no Brasil. Dois a cada dez usuários de cocaína relataram já ter dirigido sob efeito da droga (19,9%). Esse índice chega a mais de um quarto dos usuários do sexo masculino (26,3%).
Além disso, 43,6% dos participantes relataram uso frequente (mais de duas vezes na semana) e mais da metade (50,5%) se preocupa com o seu consumo de cocaína. Já 23,2% reconhecem que o uso está fora do controle e a grande maioria (81,6%) dos usuários gostaria de parar de usar.
Em relação à dependência, 75% dos usuários de cocaína apresentaram critérios indicativos do Transtorno por Uso de Cocaína e/ou Crack, segundo escala de severidade de dependência (SDS). O índice de dependência de cocaína e/ou crack representa 0,72% da população total com 14 anos ou mais, o que equivale a um total de 1,2 milhões de brasileiros.
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