Veículos híbridos plug-in são tidos como uma ótima transição entre carros a combustão e elétricos. Uma das grandes premissas ao redor dessa tecnologia é a capacidade de trafegar no modo elétrico, reduzindo consumo e emissões de poluentes.
No entanto, um estudo da Transport & Environment (T&E) mostra que a realidade é um pouco mais complicada. De acordo com testes realizados pela organização em 800.000 carros, híbridos plug-in usados diariamente na Europa estão liberando quase cinco vezes mais CO2 do que os números dos testes oficiais declaram.

Para efeitos de comparação, segundo o estudo, a emissão de poluentes está bem próxima do número de carros a combustão ou híbridos plenos. Segundo os testes do WLTP, um carro PHEV emite 35g de CO2/km, enquanto um veículo a combustão ou híbrido pleno emite 139g.
No teste da T&E, os números de emissões no mundo real são de 135g para os veículos PHEVs e 166g para carros a combustão ou HEVs. É uma diferença de quase cinco vezes o número declarado oficialmente.

Vale lembrar que uma das grandes premissas, especialmente dos híbridos mais novos, é utilizar o modo elétrico em distâncias de até 113 km, o que de fato reduziria as emissões. No entanto, seja por esquecimento ou desinteresse, proprietários estão usando os PHEVs essencialmente com gasolina, sem fazer a recarga da bateria.

Além disso, ainda segundo o estudo, apesar das declarações sobre uso do modo elétrico, boa parte dos PHEVs acionam o modo a combustão mais rapidamente sob forte aceleração, em climas mais frios e em regiões de serra.
O estudo também aponta que a diferença entre os números divulgados e o número real está crescendo. Em 2021 a diferença era de 3,5 vezes, sendo que o WLTP divulgava 38,1g e as emissões reais estavam em 133,7g. Em 2023, data do último estudo, o número real é de 138,6g contra 28,3g do WLTP.

Segundo T&E, além da quantidade a mais de poluentes, não utilizar as baterias de um PHEV pode custar 500 euros (R$ 3.130 em conversão direta) ao bolso dos proprietários por ano graças ao aumento do consumo de combustível.

T&E ainda revelou quais marcas possuem a maior diferença entre os testes e o número real. A grande maioria está na marca dos 300% de diferença, entre os grupos estão Renault, Stellantis e Volkswagen. No entanto, a Mercedes-Benz chama atenção com 500% de diferença entre o número do WLTP e o aferido pelo estudo.

O estudo ainda aponta que as empresas deixaram de receber 6 bilhões de euros em multas (R$ 37,5 bi em conversão direta) graças aos números divulgados pelo WLTP.

Por fim, T&E ainda revela a diferença entre PHEVs e EREVs, tecnologia que utiliza o motor a combustão apenas como gerador de energia. Considerando a média de uso anual de 13.000 km, híbridos plug-in passam cerca de 5.000 km no modo elétrico, enquanto os EREV chegam a 9.000 km.


