STF disponibilizou nesta terça os vídeos com depoimentos de testemunhas na ação sobre trama golpista Política, 8 de Janeiro, FAB (Força Aérea Brasileira), golpe de 2023, Jair Bolsonaro CNN Brasil
O tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe foi apresentado uma “minuta do golpe”, documento que previa medidas para contestar o resultado das eleições presidenciais de 2022.
Batista Júnior disse que não imaginava que o documento fosse ligado à expressão “estado de sítio” e que, mesmo com muito respeito a Jair Bolsonaro, não aceitava receber a minuta.
Segundo seu depoimento, o documento foi apresentado durante uma reunião dele com o ex-comandante da Marinha, Almirante Garnier, General Paulo Sérgio, e o General Marco Antônio Freire Gomes.
O oficial depôs à Corte como testemunha em ação penal que apura suposta trama golpista.
Veja o vídeo:
Veja transcrição:
PGR: Foi apresentada para o senhor alguma minuta de ato que decretava o golpe de Estado, a ruptura com a normalidade democrática? Em algum instante foi apresentado isso para o senhor?
Baptista: Foi sim, senhor. No dia 14 de dezembro, no Ministério da Defesa, pelo ministro Paulo Sérgio.
PGR: E isso foi apresentado e houve alguma reação dos presentes? Qual foi a postura dos que estavam presentes?
Baptista: Quando eu entrei – eu fui o último a chegar na reunião – o almirante Garnier estava de costas para mim, o general Paulo Sérgio de lado e o Freire Gomes de frente. Eu entrei, sentei ao lado do Garnier. Imediatamente, a reunião começou, e o general Paulo Sérgio disse o seguinte: “trouxe aqui um documento para vocês verem”; e eu confesso ao Senhor que não me lembro se ele falou que era um estado de defesa ou um estado de sítio. Eu, raramente, porque eu achava que não existia os pressupostos básicos e todo esse processo sequer para estado de defesa. Então, estado de sítio era uma coisa que eu não imaginava que fosse aparecer essa expressão. Ele falou assim: “eu trouxe aqui um documento que é para vocês analisarem”. Logicamente, com base em tudo que estava acontecendo, eu perguntei para ele: “esse documento” – o documento estava na mesa, dentro de um plástico -, falei: “esse documento prevê a não assunção, no dia 1º de janeiro, do presidente eleito?” E ele falou: “sim”. E aí eu falei, não admito sequer receber este documento, não ficarei aqui. Levantei, saí da sala e fui embora. Como eu falei para o senhor, na guerra, o objetivo político é que faz ganhar ou perder a guerra, não é o militar. E eu tinha um ponto de corte. Eu tinha muito respeito pelo presidente, por todos os meus colegas, mas eu tinha um ponto de corte. O ponto de corte era, no dia 1º de janeiro, o presidente, que já havia sido dois dias antes diplomado – e, novamente, não estou entrando aqui no mérito de processo eleitoral, de ideológico, nada disso, é um processo democrático -, esse era meu ponto de corte. Por isso, eu saí da sala e fui embora.