A partir de 1º de janeiro de 2025, o Brasil adotará as novas regras de emissões de gases poluentes da oitava fase do Proconve L8. A legislação será bem mais exigente e terá três etapas( 2025, 2027 e 2029) restringindo ainda mais os limites de CO2 gerados pelo motor a combustão. Isto obrigou as fabricantes a buscarem formas de atender essas normas e, no caso do Nivus e do Fastback, as escolhas foram bem diferentes e até opostas.
Lançado em 2020, durante a pandemia, o Volkswagen Nivus recebeu a tão esperada reestilização, alterando consideravelmente o seu design, mas com mudanças bem mais sutis na motorização. Já a Fiat fez o contrário, alterando o motor do Fastback com a adoção do sistema híbrido leve, e sem mexer em nada da identidade visual. Qual dos dois se deu melhor no objetivo de ser mais eficiente?
Ambas as fabricantes fizeram investimentos no Brasil para produzir motores com um sistema híbrido leve (MHEV). É uma tecnologia mais simples e barata do que um híbrido pleno e que será cada vez mais comum no país, substituindo o alternador pelo BSG (Belt Starter Generator), que além de cumprir o mesmo papel, também funciona com motor de partida e entrega uma potência pequena para o propulsor a combustão.
A Fiat saiu na frente e iniciou a produção em Betim do 1.0 T200 Hybrid. O motor turbo é o mesmo, gerando até 130 cv e 20,4 kgfm, com a diferença que agora tem uma força extra de 4 cv e 1 kgfm vindas do motor elétrico. Este sistema híbrido de 12V estreou no Fastback e no Pulse e, a partir de 2025, será levado para outros carros da Stellantis.
No caso do Volkswagen Nivus, um motor híbrido não era possível neste momento, pois sua plataforma ainda não está preparada para a eletrificação. Isto será resolvido em uma próxima geração do carro, que adotará a plataforma MQB Hybrid e um sistema híbrido leve produzido em São Carlos (SP).
Até lá, a Volkswagen tem que trabalhar com o que tem em mãos. O motor 1.0 TSI de três cilindros é o mesmo, com 128 cv e 20,4 kgfm, sem adotar a versão menos potente que está no Polo. O que os engenheiros fizeram foi buscar maneiras de melhorar a eficiência do carro.
Tanto a central eletrônica do motor quanto da transmissão foram modificadas, enquanto o para-choque dianteiro foi redesenhado, perdendo os faróis de neblina para receber entradas de ar com o intuito de melhorar a aerodinâmica. Seu tanque de combustível é de 49 litros, 3 l a menos do que o modelo anterior, perdidos para receber um sistema de recuperação de gases (ORVR), item que será obrigatório a partir de 2025.
Contrariando as expectativas, quem ficou mais econômico, na verdade, foi o VW Nivus 2025. Em nosso teste, o SUV da VW fez uma média de 13,1 km/l no ciclo urbano e 16,8 km/l no rodoviário, utilizando gasolina. Já o Fastback Hybrid registrou 13,0 km/l e 16,2 km/l, respectivamente. É uma diferença de 0,1 km/l na cidade e 0,6 km/l na estrada.
Não dá para festejar, pois, considerando o desempenho dinâmico, o resultado se inverte. O Fastback é mais rápido na aceleração, precisando de 10,4 segundos para chegar a 100 km/h, enquanto o Nivus chega a esta velocidade em 11,2 s. Só perde para o alemão na retomada de 80 a 120 km/h em 7,77 s, 0,11 s mais lento que o rival da VW.
As duas marcas têm propostas bem distintas quanto ao comportamento de seus carros e aqui não podia ser diferente. Há muito mais conforto no Fastback, com um ajuste de suspensão que lembra muito o sedã Cronos em quem é baseado. Isto afeta seu equilíbrio em alta velocidade, sentindo a carroceria balançar um pouco. O Nivus é o oposto, mais firme como todo Volkswagen, o que é bom para uma tocada mais esportiva, mas cobra o preço em alguns obstáculos como lombadas altas, causando um certo desconforto.
As modificações mecânicas feitas em ambos trouxeram alguns efeitos colaterais. Há uma certa lentidão ao sair da imobilidade no Nivus, consequência da nova configuração do motor buscar mais economia. Felizmente, este sintoma desaparece quando o carro ganha velocidade.
O Fiat Fastback dá prioridade para o uso do BSG e mantém o motor a combustão em uma rotação mais baixa, por volta de 2.000 rpm, justamente onde a tremedeira do três cilindros é mais áspera e perceptível. Será praticamente o único momento em que será possível notar a atuação do motor elétrico.
A semelhança no pacote de equipamentos entre os dois é grande. Ambos têm painel de instrumentos digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, ar-condicionado digital e tantos outros itens. O Nivus 2025 ganhou internet 4G embarcada e uma nova versão do aplicativo Meu VW, agora capaz de abrir as portas, ligar o motor ou mostrar a localização do veículo, da mesma forma que o Fastback com o Connect Me.
A outra novidade é o pacote ADAS. Além do piloto automático adaptativo e a frenagem automática de emergência, o sistema agora tem assistente de faixa com centralizador e sensor de ponto cego. Funciona muito bem, evitando ficar dançando na faixa de rodagem, mas não espere que faça curvas sozinho, pois é apenas um auxílio. Outro porém é ser um pacote opcional de R$ 4.470 exclusivo para a versão Highline.
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Os assistentes de condução não são prioridade para a Fiat, contando somente com frenagem automática e alerta de saída de faixa. Deve até mesmo nos airbags, contando com apenas quatro, enquanto o Nivus tem seis bolsas infláveis de série. Seu único item exclusivo é o freio de estacionamento eletrônico. Por outro lado, conta com apenas dois itens opcionais: os bancos de couro com tom claro e a integração do carro com o app Connect Me no smartphone e internet 4G (R$ 2.990).
Mesmo com a renovação, o Nivus ainda está aquém em acabamento em comparação ao Fastback. As portas estão com um tecido cobrindo os paineis como novidade, mas ainda tem muito plástico rígido, algo que o Fastback evita com o uso de materiais texturizados, para esconder os de baixa qualidade e que passa a sensação de estar em um carro mais refinado.
O conforto do Fiat continua no espaço interno. Quem usar os bancos traseiros vai ficar mais à vontade com mais espaço para as pernas. O restante dos 4,43 m de comprimento vão para o porta-malas, com capacidade para 516 litros, 101 l a mais do que o Nivus.
Com a reestilização, o Nivus tem a seu favor o fato de ser uma novidade mais visível do que o Fastback ter virado híbrido, representado somente por um pequeno emblema na tampa do porta-malas. É um design que tem sido um tanto polarizador e que teremos que nos acostumar, pois será a inspiração para a identidade visual do futuro Tera, modelo que irá disputar espaço com o Pulse.
A barra iluminada na grade, disponível somente na versão Highline, ainda não cansou, ao contrário das lanternas interligadas por uma linha em led, elemento usado por outras marcas.
Por R$ 157.490, o Nivus Highline está a uma boa distância dos R$ 161.990 do Fastback Impetus.
Adicionar o pacote ADAS faz com que o valor do Volkswagen pule para R$ 161.690, enquanto o Fiat com o Connect Me sai por R$ 164.980. São muito próximos para esta faixa de preços e a condição oferecida nas concessionárias pode mudar tudo e fazer a balança pender para um dos lados.
Veredicto: Mesmo sem um motor híbrido, o Nivus conseguiu ficar mais econômico do que o Fastback. A disputa foi acirrada e o Fiat poderia ter ganhado se tivesse um pouco mais de equipamentos de segurança como seis airbags.
Teste de desempenho e consumo
| Aceleração | VW Nivus Highline | Fiat Fastback T200 Hybrid |
| 0 a 100 km/h | 11,2 s | 10,4 s |
| 0 a 1.000 m | 32,5 s – 161,1 km/h | 32,1 s – 161 km/h |
| Velocidade máxima* | 192 km/h | 194 km/h |
| Retomadas | ||
| D 40 a 80 km/h em | 4,84 s | 4,6 s |
| D 60 a 100 km/h em | 6,20 s | 6 s |
| D 80 a 120 km/h em | 7,66 s | 7,8 s |
| Frenagens | ||
| 60/80/120 km/h a 0 | 13,6/24,0/54,8 m | 14,6/26,6/61,5 |
| Consumo | ||
| Urbano | 13,1 km/l | 13 km/l |
| Rodoviário | 16,8 km/l | 16,2 km/l |
| Ruído interno | ||
| Neutro/RPM máx. | 38,7/64,6 dBA | 44,7/63,4 dBA |
| 80/120 km/h | 60,9/67,8 dBA | 61,5/68,7 dBA |
| Aferição | ||
| Velocidade real a 100 km/h | 98 km/h | 96 km/h |
| Rotação do motor a 100 km/h | 1.900 rpm | 1.900 rpm |
| Volante | 2,7 voltas | 2,5 voltas |
Ficha técnica – Volkswagen Nivus Highline 2025
Motor: flex., diant., transv., 3 cil., 12V, 999 cm³, 128/116 cv a 5.500 rpm, 20,4 kgfm entre 2.000 e 3.500 rpm
Câmbio: automático, 6 m., tração dianteira
Direção: elétrica progressiva, 10,9 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 205/55 R17
Dimensões: compr., 427,2 cm; larg., 175,7 cm; alt., 149,6 cm; entre-eixos, 256,6 cm; peso, 1.221 kg; porta-malas, 415 litros (VDA); tanque, 49 litros
Ficha Técnica – Fiat Fastback Impetus T200 Hybrid
Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cil., 12V, 999 cm³, 130/125 cv a 5.750 rpm, 20,4 kgfm a 1.750 rpm; elétrico de 4 cv e 1 kgfm
Câmbio: CVT, 7 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 10,7 m (diâmetro de giro)
Suspensão: ind. McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 215/45 R18
Rodas: liga leve, 18’’
Peso: 1.271 kg
Dimensões: comprimento, 442,7 cm; largura, 177,4 cm; altura, 154,5 cm; entre-eixos, 253,2 cm; porta-malas, 516 l, tanque, 47 l
