Na prática, do jeito em que as coisas estão hoje, o Brasil está sendo empurrado a ter de fazer uma escolha que não é do nosso interesse nacional ter de fazer — ou seja, ter de optar entre Estados Unidos ou China Política, Big Techs, China, Donald Trump, EUA, Governo Lula, Jair Bolsonaro, Lula, tarifaço, tarifas de Trump, Waack, William Waack, ww CNN Brasil
Lula e Trump se acham os maiores negociadores do mundo. Lula disse hoje à CNN americana que Trump não chegou a negociar 10% do que ele, Lula, já negociou na vida inteira. Trump escreveu um best-seller chamado “A Arte da Negociação” — dizendo que foi assim que virou bilionário.
Mas ambos, na crise entre Brasil e Estados Unidos, escolheram hoje não negociar. Ao contrário: Lula dobrou sua aposta em cutucar o americano, dizendo, nessa mesma entrevista, que Trump não foi eleito para ser imperador do mundo — e afirmando depois, em rede nacional, que Trump faz uma chantagem inaceitável.
Trump escreveu hoje uma carta a Jair Bolsonaro, que descreveu como vítima de perseguição por parte de um ridículo regime de censura. É uma notável escalada em relação à primeira carta enviada a Lula na semana passada, e seu tom sugere fortemente a preparação das condições para decretar sanções contra o regime brasileiro.
A questão é essencialmente política e não chegou ainda a negociações técnicas de fato sobre tarifas. Lula enxerga, no repúdio generalizado no Brasil à agressão de Trump, benefícios político-eleitorais — e está chamando políticos da oposição de traidores da pátria.
Trump está sendo MAGA — Make America Great Again, a marca de seu movimento — ao usar comércio como arma política. Num raciocínio segundo o qual o que interessa é demonstrar força e defender valores, sem se importar com consequências geopolíticas ou mesmo econômicas.
O pano de fundo geopolítico é perigosíssimo. Trump vê no Brasil um aliado de seu principal inimigo, a China — além de adversário das big techs americanas.
Na prática, do jeito em que as coisas estão hoje, o Brasil está sendo empurrado a ter de fazer uma escolha que não é do nosso interesse nacional ter de fazer — ou seja, ter de optar entre Estados Unidos ou China.
Não está claro hoje se vamos conseguir escapar disso — e de suas severas consequências.

