Governo dos EUA alega que empresa de tecnologia construiu ilegalmente um “monopólio de rede social”
Este conteúdo foi originalmente publicado em Zuckerberg contesta caso antitruste dos EUA contra Meta em depoimento no site CNN Brasil. Internacional, Estados Unidos, Facebook, Instagram, Mark Zuckerberg, Meta, Redes sociais, WhatsApp CNN Brasil
O presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, depôs nesta segunda-feira (14) em um julgamento de alto risco em Washington, no qual autoridades antitruste dos Estados Unidos acusam a empresa de gastar bilhões de dólares na aquisição do Instagram e WhatsApp para neutralizar concorrentes do Facebook.
A Comissão Federal de Comércio (FTC) busca forçar a Meta a reestruturar ou vender o Instagram e o WhatsApp, colocando à prova as promessas do presidente americano, Donald Trump, de enfrentar as grandes empresas de tecnologia e, ao mesmo tempo, representando uma ameaça existencial para a companhia, que, segundo algumas estimativas, obtém cerca de metade de sua receita publicitária nos EUA com o Instagram.
Vestindo terno escuro e gravata azul-clara, Zuckerberg respondeu calmamente às perguntas e tentou rebater as alegações de que a Meta teria comprado essas empresas há uma década com o objetivo de eliminar a concorrência entre plataformas de redes sociais voltadas para conexões entre amigos e familiares.
O executivo destacou que o compartilhamento entre amigos e familiares era apenas uma das prioridades do aplicativo, juntamente com a descoberta de novos conteúdos.
Ele afirmou que uma decisão de 2018 que priorizou conteúdos compartilhados por amigos no Facebook, em vez de vídeos e outras postagens públicas, falhou em captar a mudança de comportamento dos usuários, que passaram a compartilhar mais via mensagens privadas do que por meio de atualizações no feed.
“Acho que não entendemos direito como o engajamento social online estava evoluindo”, disse Zuckerberg.
“As pessoas continuaram a se engajar com mais e mais coisas que não eram o que seus amigos estavam fazendo”, disse ele.
Ele estimou que atualmente cerca de 20% do conteúdo no Facebook e 10% no Instagram é gerado por amigos dos usuários, em contraste com conteúdos de contas seguidas com base em interesses.
Concorrência com o TikTok
A FTC apontou e-mails nos quais Zuckerberg propôs a aquisição do aplicativo de compartilhamento de fotos Instagram como uma forma de neutralizar um possível concorrente do Facebook e expressou preocupação de que o serviço de mensagens criptografadas WhatsApp pudesse se transformar em uma rede social.
A Meta argumentou que suas aquisições do Instagram em 2012 e do WhatsApp em 2014 beneficiaram os usuários, e que as declarações passadas de Zuckerberg não são mais relevantes em meio à concorrência do TikTok da ByteDance, do YouTube do Google e do aplicativo de mensagens da Apple.
O modo como os usuários passam o tempo nas mídias sociais e quais serviços eles consideram intercambiáveis serão fundamentais para o caso. A Meta argumentará que um aumento no tráfego do Instagram e do Facebook durante o breve desligamento do TikTok nos Estados Unidos em janeiro demonstra concorrência direta.
A FTC alega que a Meta detém o monopólio das plataformas usadas para compartilhar conteúdo com amigos e familiares, sendo que seus principais concorrentes nos Estados Unidos são o Snapchat e o MeWe, um pequeno aplicativo de mídia social voltado para a privacidade lançado em 2016.
As plataformas em que os usuários transmitem conteúdo para estranhos com base em interesses compartilhados, como X, TikTok, YouTube e Reddit, não são intercambiáveis, tem argumentado a FTC.
O juiz distrital federal James Boasberg disse em uma decisão em novembro que a FTC “enfrenta questões difíceis sobre se suas alegações podem ser sustentadas no julgamento”.
O julgamento pode se estender até julho. Se a FTC vencer, ela terá que provar separadamente que medidas como forçar a Meta a vender o Instagram ou o WhatsApp restaurariam a concorrência.
Perder o Instagram, em particular, poderia ser catastrófico para os resultados financeiros da Meta.
Embora a Meta não divulgue números de receita específicos do aplicativo, a empresa de pesquisa de publicidade Emarketer projetou em dezembro que o Instagram geraria US$ 37,13 bilhões este ano, um pouco mais da metade da receita de anúncios da Meta nos EUA.
O Instagram também gera mais receita por usuário do que qualquer outra plataforma social, incluindo o Facebook, de acordo com a Emarketer.
Até o momento, o WhatsApp contribuiu apenas com uma pequena parte da receita total do Meta, mas é o maior aplicativo da empresa em termos de usuários diários e está aumentando os esforços para ganhar dinheiro com ferramentas como chatbots.
Zuckerberg disse que esses serviços de “mensagens comerciais” provavelmente impulsionarão a próxima onda de crescimento da empresa.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Zuckerberg contesta caso antitruste dos EUA contra Meta em depoimento no site CNN Brasil.